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quarta-feira, 31 de março de 2010

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Capitu



Roteiro: Euclydes Marinho
Colaboração: Daniel Piza, Luís Alberto de Abreu e Edna Palatnik
Texto final: Luiz Fernando Carvalho
Direção geral e de Núcleo: Luiz Fernando Carvalho
Período de exibição: 09/12/2008 – 13/12/2008
Horário: 23h
Nº de capítulos: 5

Elenco:
Alan Scarpari – Ezequiel Santiago
Alby Ramos – Pai do Manduca
Antônio Karnewale – José Dias
Bellatrix – Sancha
César Cardadeiro – Bento Santiago jovem
Charles Fricks – Pádua
Eduardo Pires – Jovem poeta
Eliane Giardini – Dona Glória
Emílio Pitta – Padre Cabral
Flávia Carrancho
Gabriela Luiz - escrava
Izabela Bicalho - Fortunata
Jacy Marques - escrava
Kallanda Caetana
Juliana Nasciutti
Leo Villas Boas
Letícia Persiles – Capitu jovem
Maria Fernanda Cândido – Capitu adulta
Michel Melamed – Bento Santiago adulto/ Dom Casmurro
Paula Sofia
Paulo José – Vigário da paróquia
Pierre Baitelli – Escobar
Renata Nascimento
Rita Elmôr – Prima Justina
Sandro Christopher – Tio Cosme
Stella Maria Rodrigues
Thelmo Fernandes – Gurgel
Vitor Ribeiro – Dândi do cavalo-alazão
Wladimir Pinheiro

As crianças
Beatriz Souza – Capituzinha, filha de Sancha e Escobar
Fabrício Reis – Ezequiel Santiago

A Trama:
- Ópera, teatro, cinema mudo e elementos da cultura pop mesclam-se em Capitu, minissérie em cinco capítulos baseada no livro Dom Casmurro, de Machado de Assis, exibida no ano do centenário de morte do escritor. Com roteiro de Euclydes Marinho, texto final e direção geral e de núcleo de Luiz Fernando Carvalho, Capitu é a segunda realização do projeto Quadrante, adaptação de obras literárias escritas por autores de todo o país e encenadas em seus estados de origem por atores locais. O projeto aposta na valorização do imaginário e da cultura como fatores determinantes para o fortalecimento da identidade brasileira.
- Levando em consideração duas ideias de Machado de Assis - a de que “a realidade é boa, mas o realismo não serve para nada”, e a que define a vida como “uma ópera bufa com alguns entremeios de música séria”, Luiz Fernando Carvalho recriou o livro seguindo um formato operístico, moderno e não-realista. Os personagens são apresentados de forma concisa; a ação é dividida em cenas curtas e densas, como em uma ópera; e os capítulos, como no livro, são divididos por títulos curtos, além de anunciados em cartelas, proferidos como nas antigas radionovelas. O texto foi preservado: as palavras e os diálogos são os mesmos do livro, e a cronologia básica é a mesma.
- Os figurinos remetem ao século XIX - época em que se passa o livro -, mas o tempo é tratado como personagem, e não apenas como elemento narrativo. No primeiro capítulo, Dom Casmurro aparece no interior de um trem contemporâneo, devidamente pichado, ao lado de figurantes do século XXI. Em um capítulo posterior, Bentinho aparece em uma rua do centro do Rio, também com figurantes atuais. Várias frases do livro são escritas a bico de pena na tela. A minissérie também aproveita imagens de arquivo do século XIX.
- Ao lançar mão de elementos modernos como os aparelhos de mp3 usados pelos dançarinos para ouvir a valsa na cena do baile, assumir a tatuagem no braço da protagonista Letícia Persiles (Capitu jovem) e adotar uma trilha musical composta por músicas clássicas, samba, rock e músicas de bandas internacionais e nacionais, a direção quis reforçar o caráter atemporal e universal da obra de Machado de Assis, reafirmando sua modernidade. Também foi uma tentativa de investir no público jovem, desfazendo o preconceito que muitos têm sobre o escritor.
- A estrutura narrativa em que Dom Casmurro conta sua história também foi mantida. A minissérie mostra as duas fases do romance: o amor adolescente de Capitolina, a Capitu (Letícia Persiles), e Bento Santiago, o Bentinho (César Cardadeiro), que fazem um juramento de amor antes da ida do menino para o seminário; e o ciúme que Bento (interpretado pelo autor, diretor, ator, poeta e apresentador Michel Melamed), já formado em Direito e casado com Capitu (Maria Fernanda Cândido), passa a ter de sua esposa e de seu melhor amigo Escobar (Pierre Baitelli).
- A história se concentra, assim como no livro, nos dilemas morais e afetivos de Bentinho na adolescência, e trata de questões atemporais, como relações míticas, afetos familiares, amor, desejo, religião, tragédia e comédia. É também uma crítica dos costumes da elite branca do final do século 19.
- A trama apresenta ao público um melancólico Dom Casmurro, que escreve um livro para contar a versão de sua própria história e também restaurar, na velhice, os momentos vividos na adolescência ao lado do grande amor de sua vida, Capitu, menina que seduzia com seus “olhos de ressaca”.
- Filho da elite brasileira do século XIX, Bentinho perdeu o pai na primeira idade e foi criado na casa de sua mãe, Dona Glória (Eliane Giardini), cercado de mimos. Na casa da família Santiago também moram o agregado José Dias, Prima Justina e Tio Cosme (Sandro Christopher), ambos viúvos como Dona Glória. José Dias é agregado da família de Dona Glória há muitos anos, desde que Bentinho tinha acabado de nascer, e zela pela educação do menino. Padre Cabral (Emílio Pitta), velho amigo de Tio Cosme, ensina latim e a doutrina sagrada da Igreja Católica para Bentinho, e costuma frequentar a residência.
- Nos fundos da casa, numa área do quintal separada por um portão, mora Capitu, a vizinha pobre com quem Bentinho se acostumou a brincar. Ela é filha de Fortunata (Izabela Bicalho) e Pádua (Charles Fricks), empregado de uma repartição que comprou a casa em que mora com um bilhete de loteria de dez contos de réis. As relações entre as duas famílias datam de quando a família de Pádua perdeu tudo em uma enchente e foi ajudada por Dona Glória. Capitu é livre como uma cigana, alegre, maliciosa e dissimulada. Aos 14 anos, parece ter 17. Além da mistura de menina e de mulher, ela traz nos olhos grandes e claros um fluido misterioso e energético que deixa Bentinho completamente seduzido.
- Bentinho nasceu por um milagre. Sua mãe, temendo a morte da criança, fez uma promessa de que ele seria padre. E ele cresceu debaixo das asas de Dona Glória, predestinado ao sacerdócio. O menino, ingênuo, leva uma vida confortável, própria de sua abastada classe social, e não aprendeu a lutar por seus desejos. Tem ideias, mas falta-lhe a coragem para realizá-las. Não quer contrariar a mãe. O amor por Capitu muda os rumos de sua vida. Incentivado e orientado pela menina, que quer tê-lo como marido e, portanto, não quer vê-lo transformado em padre, Bentinho busca a ajuda do interesseiro José Dias para escapar da promessa da mãe.
- No seminário, Bentinho conhece Escobar, rapaz inteligente, bonito e sedutor, que se torna seu melhor amigo. Escobar é um pouco fugidio, mas tem o vigor dos que correm atrás de seus sonhos. Ele também ajuda Bentinho a se livrar do destino urdido por sua mãe. Dona Glória, convencida e devidamente respaldada pelo padre Cabral, aceita que o filho siga outro caminho. Ao sair do seminário, Bentinho vai para São Paulo, de onde volta cinco anos depois, formado em Direito, um verdadeiro dândi. O agora Doutor Bento Santiago (Michel Melamed) casa-se com o grande amor de sua infância, Capitu (Maria Fernanda Cândido), que se transformou em uma bela mulher.
- Escobar, que também não tinha planos de ser padre, sai do seminário e se torna comerciante, casando-se com Sancha (Bellatrix), amiga de infância de Capitu e filha de Gurgel (Thelmo Fernandes). Os dois casais mantêm fortes laços de amizade, mas Bento, atormentado pelo ciúme que sente da esposa, passa a desconfiar do relacionamento entre ela e seu melhor amigo. Ciúme que se instaura após a morte de Escobar - ele morre afogado no mar de ressaca da praia do Flamengo. Durante o velório, Bento flagra um olhar de Capitu para o morto e dali tira suas conclusões. Cada vez mais angustiado pela dúvida, ele vê no próprio filho, Ezequiel (Fabrício Reis/ Alan Scarpari), semelhanças com Escobar, e imagina que o menino é filho do amigo.
- A desconfiança acaba por destruir o casamento com Capitu. Os dois se separam e Capitu vai embora para a Europa, onde vive com o filho até morrer. Após sua morte, Ezequiel volta para a casa do pai: aos olhos de Bento, mais parecido ainda com Escobar. O jovem passa algum tempo na casa paterna até ir embora para empreender uma viagem científica. Morre de febre tifóide 11 meses depois, em Jerusalém.
- O grande mistério do livro - se Capitu traiu ou não Bentinho - foi mantido na minissérie. Luiz Fernando Carvalho quis fazer o que chamou de “um ensaio sobre a dúvida”, apresentando como narrador um velho Dom Casmurro (Michel Melamed) caracterizado como clown. É ele quem narra sua própria história. História essa que, ao emergir da sua memória, é mostrada a partir da maneira como ele a enxerga. Ele também aparece como um espectador de suas lembranças. “Busquei a tragicomédia de uma dúvida, do que ela provoca em termos de imaginação”, afirmou Carvalho. Na recriação do diretor, Dom Casmurro contracena com os acontecimentos de sua memória como se entrasse no cenário de seu passado. Para Carvalho, seu relato procura dar conta de como lidar com as fantasmagorias, memórias, emoções e dúvidas que carrega. Dom Casmurro é o narrador inconfiável definido por Machado de Assis, que tem o olhar transfigurado por não conseguir juntar as duas pontas de sua vida.
- Todos os personagens são vistos sob a ótica da memória do narrador. Seus familiares, por exemplo, aparecem como caricaturas, exagerados nos traços que mais se destacavam aos olhos de Bentinho. Escobar, em sua juventude, é visto dançando ousadas coreografias, até em cima da mesa do refeitório do seminário, ao som de Iron Man, da banda de heavy metal Black Sabbath.
- Capitu foi toda filmada em um único espaço - um grande salão na sede do Automóvel Club do Brasil, no centro do Rio de Janeiro -, transformado para representar os diferentes cantos da memória de Dom Casmurro. Os ambientes se multiplicaram através da cenografia, da luz e do olhar da câmera. No cenário minimalista não há paredes, as portas (que variam em beleza e tamanho de acordo com a posição social do personagem) são móveis e carregadas pelos atores e poucos são os objetos de cena, adquiridos de antiquários e acervo e criados ou restaurados pela equipe de direção de arte de Raimundo Rodriguez. O mar de ressaca em que Escobar se afoga é feito pelo movimento de um plástico. O espaço evoca a casa de Matacavalos, mostrando a sala de estar da família Santiago e os fundos da casa onde Bentinho e Capitu namoravam; e também o seminário e a casa de Escobar. Diferentemente da linguagem naturalista, é um cenário aberto à imaginação dos espectadores. O prédio em ruínas foi apontado pelo diretor como o lugar perfeito para contar a história de um homem em ruínas, que não consegue resgatar o que perdeu. Bentinho se transforma em um prisioneiro patológico de sua própria imaginação e memória, um "doente imaginário", como frisou Luiz Fernando Carvalho, parodiando Molière.
- A opção pelo título Capitu e não Dom Casmurro, como no livro de Machado de Assis, partiu da ideia de buscar um diálogo com a obra original e com a própria personagem Capitu. Além disso, segundo a direção, foi uma forma de deixar claro que a minissérie vai além de uma simples transposição de um suporte para outro.

Produção:
- O elenco de Capitu teve cerca de três meses de exercícios diários para ensaiar e compor os personagens, através de muitas improvisações, além de participar de oficinas teóricas com psicanalistas, historiadores e comunicadores sobre a obra de Machado de Assis.
- Temas como modernidade, costumes, feminilidade, maternidade, amor, ciúme, homoafetividade, crueldade, ambiguidade e dúvida foram discutidos pelos seguintes profissionais: o pesquisador e escritor Antônio Edmilson Martins Rodrigues; os psicanalistas Carlos Byington, Luiz Alberto Pinheiro de Freitas e Maria Rita Kehl; o jornalista e escritor Daniel Piza; e os ensaístas Gustavo Bernardo e Sergio Paulo Rouanet.
- A preparadora de corpo Tiche Vianna, colaboradora de Luiz Fernando Carvalho desde Hoje é Dia de Maria (2005), trabalhou com os atores a partir das máscaras da commedia dell’arte. Ela fez com que Letícia Persiles e Maria Fernanda Cândido imaginassem atitudes felinas para compor a protagonista. Os olhos da personagem ganharam atenção especial. Segundo Tiche Viana, o eixo das atrizes deveria estar no olhar: o corpo não poderia fazer movimento sem que os olhos reagissem primeiro.
- A coreógrafa Denise Stutz, uma das fundadoras do grupo Corpo, deu aulas de movimento ao elenco. Lúcia Cordeiro aplicou técnicas de sensibilização e respiração. E Agnes Moço fez a preparação vocal e ministrou práticas de musicalização aos atores.
- Para viver Dom Casmurro, Michel Melamed teve exercícios de clown com Rodolfo Vaz, do grupo teatral de pesquisa Galpão, companhia com origem no teatro popular e de rua e que desenvolve pesquisas com vários elementos cênicos, principalmente linguagens do circo e da música.
- A direção de arte da minissérie ficou por conta do artista plástico Raimundo Rodriguez, que assumiu a mesma função nas duas jornadas de Hoje É Dia de Maria e em A Pedra do Reino (2007). Sua equipe revestiu as paredes e colunas do salão do Automóvel Club com camadas de papel para dar a aparência de ruínas e encobrir as cores da última pintura do local. Os tetos de cores neutras e descascadas e os antigos espelhos manchados pelo tempo foram mantidos. O chão do salão foi pintado de preto, como uma lousa das salas de aula das escolas. O quintal e o muro que separa as casas dos dois vizinhos foram desenhados no chão, em giz. Um recurso metafórico para mostrar que Capitu é capaz de imaginar e sonhar seu próprio mundo.
- As camas de Dona Glória e Dom Casmurro, assim como várias cortinas e o trem que leva Bentinho ao seminário são feitos de jornal, uma forma de homenagear o cronista Machado de Assis e o próprio ato de escrever. Os cavalos, como o do Tio Cosme, são feitos de uma estrutura de metal similar a um quadriciclo com uma cabeça de cavalo esculpida. O mar de ressaca em que Escobar se afoga é o movimento de um enorme plástico balançado pelos próprios atores. A rua é representada no mesmo espaço cênico, só que recoberto por afiches (arte de rua que consiste na sobreposição de cartazes com diferentes rasgos, colagens e interferências para criar um painel multifacetado). Os figurantes que aparecem nas “ruas” são desenhados em papelão.
- O figurino simbólico criado por Beth Filipecki, que trabalhou com Luiz Fernando Carvalho em Os Maias (2001) e no filme Lavoura Arcaica (2001), faz o elo dos personagens com o século XIX. Recursos visuais do teatro orientaram o desenho das roupas e a escolha das cores, valorizando elementos que dessem o tom e o ritmo do teatro operístico. A batina de Escobar, por exemplo, tem uma saia com diâmetro propositalmente maior - equivalente a uma saia feminina - para tornar os movimentos do personagem mais sedutores na visão de Bentinho. Para fazer prevalecer a unidade da obra, foi abolido o ângulo reto nas roupas. Segundo a figurinista, a forma mais arredondada facilitou a fusão das diferentes épocas. Não há uma simetria perfeita ou padrões da época inabaláveis. A intenção foi provocar o espectador com vestimentas que ganham diferentes formas pelo movimento dos atores e da câmera.
- As roupas de Capitu foram cortadas obliquamente, tal como seu olhar enviesado de cigana. O volume de seus vestidos se expande em novas cores através de efeitos especiais. A saia tem quatro metros de diâmetro. Na juventude, ela veste roupas claras, com colagens de folhas, flores e coisas que encontra no chão. As espumas das ondas do mar de seu olhar de ressaca estão representadas na anágua da saia, que tem várias camadas de tecidos luminosos e transparentes. A tatuagem no braço da atriz Letícia Persiles representa mais uma flor do quintal da menina.
- Quando vira mulher e casa com Bentinho, Capitu ganha cores quentes, típicas de uma cigana. Beth Filipecki frisou que suas roupas nunca são simétricas: “Para cada ângulo que o telespectador olhar, terá uma visão diferente”. A personagem aparece em vestidos de seda pura, organza e em bordados luxuosos. Em apenas uma saia, foram usados 20 metros de organza. Os cabelos, antes cacheados e revoltos, ganham penteados elegantes e exuberantes que se harmonizam com as roupas. As flores de seu jardim, que se prendiam na barra de seu vestido em sua fase de menina, estão presentes nos arranjos de seus cabelos.
- A equipe de figurino trabalhou com o reaproveitamento de peças. Adereços de Dona Glória estão presentes nos trajes volumosos de Capitu. O vestido de casamento de Capitu, por exemplo, é uma recriação a partir de um vestido da matriarca, antes de ela enviuvar. O figurino também foi composto com sobreposição de diversos tecidos e elementos. Segundo Beth Filipecki, uma forma de propor leituras inacabadas que necessitam ser constantemente lidas e reescritas, possibilitando a comunicação com a grafia de cada cena. “É no registro da fragmentação que o figurino compõe sua unidade visual, pelo olhar do narrador”, definiu a figurinista.
- A direção de fotografia de Adrian Teijido, que trabalhou com o diretor em A Pedra do Reino, respeitou a improvisação do processo criativo da minissérie. Elementos como projeções, sombras, texturas e gelatinas ajudaram a contar a história, que é constituída de lembranças. Como a arte e o figurino, a luz também acompanhou o tom operístico da série. Equipamentos como canhão de luz e refletores móveis foram essenciais na dramaturgia de várias cenas. As duas fases do romance estão bem marcadas pela iluminação: a infância é mais luminosa, de cor branca, sem muita interferência de gelatinas artificiais; a maturidade ganha cores mais intensas, como o vermelho, e as imagens são mais densas e contrastadas, com áreas claras e escuras compondo o quadro.
- As projeções de sombras também ganharam relevância na história. Quando Dom Casmurro está em sua casa - uma reprodução da antiga casa de Matacavalos de sua infância –, sua família, Capitu e todos os personagens que povoam sua memória aparecem como sombras projetadas em seu refúgio.
- Capitu conta com uma novidade: a criação de uma retina de cerca de 30 cm de diâmetro, cheia de água, para criar dimensão ótica a partir da refração da água. Apelidada de “lente-Dom Casmurro” por seu criador, o diretor Luiz Fernando Carvalho, ela foi usada nas cenas de Dom Casmurro e nas que representam o seu ponto de vista observando determinada situação, ou seja, suas memórias e fantasias. A lente foi encaixada à frente da câmera para dar à imagem uma textura aquosa, como o mar de ressaca dos olhos de Capitu, e também simbolizar o estado psicológico de Dom Casmurro, personagem que flutua ou é arrastado pelas águas do tempo.

Curiosidades:
- A carioca Letícia Persiles é vocalista do grupo Manacá, banda formada em 2005, que mistura rock com ritmos extraídos de manifestações culturais brasileiras. Filha de pianista, nascida e criada na Ilha do Governador, a cantora estuda interpretação desde os 11 anos, fez aulas de dança cigana, compõe e toca pandeiro e castanhola. Letícia contou com o suporte de Agnes Moço e Lúcia Cordeiro três meses antes do restante do elenco. Na casa de Agnes, além do treinamento de voz e piano, aprendeu a bordar. A atriz tem um pássaro e uma bromélia tatuados no braço. A planta foi reproduzida em Maria Fernanda Cândido com uma pintura especial.
- Beth Filipecki teve que adaptar o figurino de Capitu madura à gravidez de Maria Fernanda Cândido. Para esconder a barriga, a figurinista reconstruiu o corpo da atriz com uma armação de quatro metros de diâmetro.
- Ações interativas marcaram o lançamento de Capitu em cinco capitais e na internet. Para estimular a interatividade, a TV Globo realizou pela primeira vez o 'DVDcrossing'. Com imagens da série, cerca de dois mil DVDs com um clipe com imagens inéditas da minissérie foram deixados em diferentes locais públicos de cinco cidades brasileiras – São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Brasília. Quem achou os DVDs recebeu instruções para assistir, dar a sua opinião sobre a obra no site e repassar o material para outra pessoa a fim de criar uma corrente cultural. Para a publicação destas opiniões foi criado o site www.passeadiantecapitu.com.br. O espaço virtual foi pensado para que anônimos se encontrassem para contar o que acharam da nova produção da TV Globo e também da experiência interativa.
- A TV Globo também promoveu na internet a maior leitura coletiva já realizada de Machado de Assis. O livro Dom Casmurro foi divido em mil trechos, disponibilizados no site www.milcasmurros.com.br, para que internautas de todo o país pudessem ler e gravar os trechos no site. Ao final da ação, haveria no site o registro em áudio e vídeo da íntegra do livro Dom Casmurro lido por mil pessoas diferentes. Para dar o pontapé inicial, personalidades como Fernanda Montenegro, Romário, Camila Pitanga, Maurren Maggi, Regina Duarte, André Abujamra, Fernanda Lima, Elke Maravilha, Roberto Farias e Ferreira Gullar gravaram suas colaborações para o site.
- O ator César Cardadeiro viveu o Pedrinho do programa Sítio do Picapau Amarelo durante três anos e meio, e também já atuou no seriado Malhação.
- Maria Fernanda Cândido já interpretou Capitu no filme Dom (2003), de Moacyr Góes, uma versão contemporânea da obra de Machado de Assis.
- Casseta & Planeta, Urgente! fez uma sátira da minissérie na qual, cansado de ser traído por Capitu (Cláudia Rodrigues), Bentinho (Reinaldo) declara que dará a volta por cima e vai para outra minissérie, a Capeituda, estrelada por Maria Paula.

Trilha sonora:
- A trilha de Capitu conta com músicas originais de Tim Rescala, músicas clássicas, rock de cantores e grupos internacionais, canções brasileiras e músicas da banda nacional Manacá, que tem como vocalista Letícia Persiles, a intérprete de Capitu jovem. A minissérie é embalada, entre diversas outras músicas, pelos sons de Jimi Hendrix e Janis Joplin; pelos acordes metálicos de Iron man, de Black Sabbath; por Cheek to Cheek, cantada por Fred Astaire; pela canção Juízo Final, de Nelson Cavaquinho e Elcio Soares; e por Elephant Gun, da banda Beirut, de Zach Condon, rapaz nascido no Novo México que toca trompete e ukulele (instrumento semelhante a um violão, mas menor), misturando sons do Leste Europeu
com o folk americano. Tema de Bentinho e Capitu, esta canção foi um dos grandes sucessos da trilha.
- A banda Manacá fez, especialmente para a série, uma releitura da música Quem sabe, de Carlos Gomes. A versão roqueira da canção foi produzida por Chico Neves (produtor do grupo Los Hermanos). Também consta da trilha a canção Diabo, hit da banda.


Fonte: Memória Globo

Queridos Amigos



Autoria: Maria Adelaide Amaral
Colaboração: Letícia Mey
Direção: Vinícius Coimbra , Flávia Lacerda
Direção geral: Denise Saraceni e Carlos Araújo
Direção de Núcleo: Denise Saraceni
Período de exibição: 18/02/2008 – 28/03/2008
Horário: 23h
Nº de capítulos: 25

Elenco:
Aida Leiner - Flora
André Frateschi - Fausto
André Luiz Frambach - Davi
Aracy Balabanian - Teresa
Bruno Garcia - Pedro
Celso Frateschi - Hélio
Cláudio Jaborandy - Ramiro
Dan Stulbach - Léo
Débora Bloch - Lena
Denise Fraga - Bia
Domingos Meira - Lucca
Drica Moraes - Vânia
Ednei Giovenazzi - Nicola
Emilio de Mello - Guto
Fernanda Machado - Lorena
Fernanda Montenegro - Iraci
Flávio Bento - Gil
Frank Borges - Alisson
Guilherme Weber - Benny
Henrique Ramiro - Chico
Igor Rudolf - Luís Carlos
Jacqueline Dalabona - Heloísa
Joelson Medeiros - Pingo
Juca de Oliveira - Alberto
Lucas Margutti - Duda
Luiz Carlos Vasconcelos - Ivan
Luli Miller - Márcia
Malu Galli - Lúcia
Marco Pigossi - Bruno
Marcelo H - Binho
Maria Luisa Mendonça - Raquel
Matheus Nachtergaele - Tito
Mayana Neiva - Karina
Mayara Constantino - Betânia
Mila Moreira - Marlene
Nathalia Timberg - Ester
Nelson Diniz - Oscar
Odilon Esteves - Cíntia
Ravi Lacerda - Severino
Regina Remencius - Regina
Ricardo Monastero - Brenda
Rodolfo Bento - Caetano
Sidney Santiago - Jurandir
Tamara Ribeiro - Marina
Tarcísio Filho - Rui
Tatiana Alvim - Camila
Tato Gabus Mendes - Fernando
Thavyne Ferrari - Rosa
Thiago Oliveira - Igor
Tuna Dwek - Nancy

A Trama:
- Maria Adelaide Amaral adaptou para a televisão um romance de sua própria autoria, Aos Meus Amigos, publicado em 1992.
- A trama de Queridos Amigos se passa em 1989, entre os últimos dias de outubro e 20 de novembro de 1989, e conta a história de um grupo de amigos que se reencontram após muitos anos. A narrativa começa com um sonho de Léo (Dan Stulbach). Ele está doente e sonha com sua morte. No sonho, encontra-se com os amigos de juventude, aos quais se refere como família. Ao acordar, Léo decide organizar uma festa para reunir novamente aquelas pessoas importantes e queridas que passaram por sua vida. Léo está doente, mas não quer se tratar. Suspeita que tem esclerose múltipla, mas não faz exames para confirmar a doença, muito menos para identificar o tratamento necessário. Léo decide que irá morrer e quer transformar sua morte em uma obra de arte. Motivado pelo reencontro com os amigos, faz questão de ir pessoalmente atrás de cada um para fazer o convite.
- Léo é um homem inteligente, generoso e melancólico. Atuou em vários ramos: literatura, cinema, publicidade, mas nunca se sentiu satisfeito, apesar do sucesso que conquistou. Cético, inquieto e anarquista, Léo é judeu, mas não pratica a religião. Rico, e sofisticado, trocou as noites na cidade pela tranqüilidade de uma casa na serra. Há muitos anos, mora isolado na Serra da Cantareira ao lado da jovem Karina (Mayana Neiva). Léo não revela a ninguém que está doente.
- O grupo de amigos é formado por Lena (Débora Bloch), Ivan (Luiz Carlos Vasconcelos), Bia (Denise Fraga), Pedro (Bruno Garcia), Benny (Guilherme Weber), Tito (Matheus Nachtergaele), Vânia (Drica Moraes), Raquel (Maria Luisa Mendonça), Pingo (Joelson Medeiros), Lúcia (Malu Galli) e Rui (Tarcísio Filho). Eles viveram os anos de ditadura militar no Brasil, e praticamente todos se envolveram direta ou indiretamente com política. Além disso, devido aos anos de convivência e aos momentos importantes que passaram juntos, têm uma intimidade enorme uns com os outros. Mesmo com o afastamento de muitos anos, o carinho e a intimidade ficam evidentes ao se reencontrarem no almoço promovido por Léo. Mas nem tudo acaba bem, pois além do sentimento de alegria pelo reencontro, lembranças do passado, situações embaraçosas e mal resolvidas vêm à tona.
- Lena sofre ao perceber que ainda é apaixonada por Ivan, seu amante anos atrás, por quem sofreu muito. Ao se verem novamente, percebem que a atração entre eles continua forte. Lena tenta resistir a Ivan, mas não consegue. Artista plástica, ex-esposa de Guto (Emílio de Mello) e mãe de Marina (Tamara Ribeiro), Lena é uma mulher atraente e intensa, com dificuldades de manter uma relação afetiva estável. Talentosa, acabou trocando a pintura a óleo, sua paixão, por aquarelas que vende para estabelecimentos comerciais. Quando seu casamento já não ia bem, Lena se apaixonou por Ivan e largou tudo para ficar com ele. Ivan, no entanto, não teve a mesma coragem de sua amante e até hoje vive um casamento de fachada com Regina (Regina Remencius). Por conta da separação, Lena acabou perdendo o amor de sua filha, que nunca perdoou a mãe. Marina foi criada pela amargurada avó, Teresa (Aracy Balabanian), e por Guto. Léo é o único homem com quem Lena se desarma e confia plenamente. Ela foi o amor dele na adolescência e os dois acabaram se tornando grandes amigos.
- Do grupo, Bia talvez seja a mais sensível. Estuda astrologia e budismo para aprender a conviver com a dor e os traumas irreparáveis dos dias em que foi violentada no Doi-Codi. Bia foi presa em maio de 1974 quando saía da Escola de Arte Dramática, onde estudava. Não tinha grande envolvimento com a luta contra a ditadura, mas acabou sofrendo violentamente com a tortura. Apesar de tudo, é uma mulher meiga, que ainda acredita em um grande amor. Desempregada, Bia voltou para a casa de sua mãe, Iraci (Fernanda Montenegro), com quem tem uma relação conturbada. Iraci questiona o fato de Bia não ter tido sucesso em sua vida profissional e amorosa. Apesar disso, está sempre está ao seu lado. Segundo Bia, o que a impede de ser plenamente feliz é o mau posicionamento de Saturno no seu mapa. Bia fica eufórica com o reencontro do grupo de amigos e é a primeira a chegar na casa de Léo. Ansiosa para encontrar um grande amor, ela se interessa por Pedro, mas não é correspondida.
- Pedro ficou viúvo de Márcia (Luli Miller), seu grande amor, e desde então, acabou se isolando dos amigos e da realidade, vivendo em total desordem e abandono. Escritor talentoso, nunca mais conseguiu produzir nada. Seu primeiro livro, publicado pela editora de Benny, falava sobre os porões da ditadura militar no Brasil e se tornou best-seller, com edições traduzidas em todo o mundo.
- Benny é o que mais destoa do grupo de amigos no almoço organizado por Léo. Homossexual assumido, Benny comparece acompanhado do transexual Cíntia (Odilon Esteves), já que Léo havia pedido a ele que não levasse seu novo namorado, Jurandir (Sidney Santiago). Ácido e arrogante, ele decide dizer verdades para os amigos, causando desconforto geral. Dono de uma editora, Benny é um homem inteligente e culto, filho de família rica, que não recebeu amor dos pais. O sentimento de não-pertencimento ao mundo fez de Benny um niilista. Ele vive como se estivesse num eterno jogo de roleta-russa. Apesar do comportamento autodestrutivo e da descrença absoluta em tudo, Benny tem atitudes solidárias com aqueles que ama. Na década de 1970, por exemplo, publicou o primeiro livro do amigo de juventude Pedro, quando nenhuma editora se arriscava a lançar uma história sobre porões da ditadura militar. Anos depois, Benny revelará a Pedro que o amava, aproveitando o descuido do amigo para roubar-lhe um beijo. O gesto deixa o escritor furioso, e os dois discutem violentamente. Em outra demonstração de solidariedade, Benny ajuda Iraci a tirar Bia da prisão, pedindo ao pai que intercedesse junto a um general. Benny tem dificuldades em expressar seus sentimentos e age como uma criança. Léo, seu amigo mais antigo, sabe que suas provocações são, na realidade, um pedido de socorro.
- Tito precisa encarar o atual marido de sua ex-mulher, Vânia, e ver o carinho que seus dois filhos, Luís Carlos (Igor Rudolf) e Rosa (Thavyne Ferrari), têm por ele. Fernando (Tatu Gabus Mendes) é o oposto de Tito, o que o irrita mais ainda. Dono de uma empresa de informática, é um típico novo-rico que aplica dinheiro na bolsa de valores e adora presentear a mulher e os enteados com presentes caros. O jornalista Tito é comunista ferrenho, acredita piamente na cartilha marxista e tem orgulho de seu engajamento político. Foi devido a esse engajamento extremado que o casamento com Vânia acabou não dando certo. Apesar do amor pela família, as inúmeras noites que gastava na militância o afastaram da mulher e dos filhos.
- Mãe de quatro filhos, Betânia (Mayara Constantino), Chico (Henrique Ramiro) e os gêmeos Caetano (Rodolfo Bento) e Gil (Flávio Bento), Raquel é uma mulher extremamente feliz com o marido, Pingo, a vida de dona-de-casa e tudo que os dois construíram juntos ao longo dos anos de casamento. Ela nem desconfia que Pingo, chefe de departamento de uma faculdade, professor de literatura de pós-graduação e grande apreciador de poesia, vive tendo casos com suas alunas. Sua paixão atual é a bela e voluntariosa Lorena (Fernanda Machado). Lorena vive cobrando que Pingo se divorcie para os dois viverem juntos.
- O casal mais admirado do grupo é Lucia e Rui. Casados há anos, os dois vivem em um eterno romance. Rui é médico e, com seu bom-humor e simpatia, logo entrou para a “família” de amigos de sua mulher, Lúcia, uma psicanalista bem sucedida. Pai dedicado de Bruno (Marco Pigossi), Igor (Thiago Oliveira) e Camila (Tatiana Alvim), Rui ama Lúcia e seu casamento equilibrado e feliz. Ele sabe da doença de Léo e não se conforma com a decisão do amigo de ter escolhido morrer. Durante algum tempo, Rui não revela ao grupo a doença de Léo e insiste, em vão, que ele se trate com Dra. Heloísa (Jacqueline Dalabona), especialista em esclerose múltipla.
- A ex-mulher de Léo, Flora (Aida Leiner), também é mais um personagem importante na história. Léo e Flora são pais de Davi (André Luiz Frambach). Enquanto viveram juntos, Léo quase não parava em casa, não dando muita atenção à mulher e ao filho. Depois da separação, acabou se afastando ainda mais de Davi, que o vê como um estranho. Com a aproximação da morte, Léo se arrepende de ter sido um pai ausente e tenta reconquistar o amor de Davi. Aos poucos, o menino vai dando abertura a Léo. Davi fica fascinado com os truques de mágica de seu pai, que faz questão de ensiná-los ao menino. No início da história, Flora se irrita com a aproximação de Léo, pois sabe que o filho sofrerá com a perda do pai. No entanto, acaba sendo mais tolerante ao perceber que está sendo egoísta em evitar esse contato.
- Outros personagens importantes da história são Iraci e Alberto (Juca de Oliveira). Alberto é casado com Teresa, pai de Lena, e tem um caso com Iraci há muitos anos. Casou-se com a mulher porque ela engravidou, mas nunca a amou de verdade. Teresa, por sua vez, não esconde a amargura de viver ao lado de um homem que nunca demonstrou nenhum afeto por ela. Há muitos anos, eles vivem como se não fossem marido e mulher e Alberto nunca deixou de sair para dançar e se divertir todas as noites ao lado da amante. Alberto conta com o carinho da filha, Lena, que não tem uma boa relação com a mãe. Teresa condena Lena pelo fim do casamento com Guto e despreza Ivan.
- A trama tem uma reviravolta quando Leo decide fingir a própria morte. Ele simula um acidente de carro e seu corpo não é encontrado, deixando um clima de mistério no ar. A intenção dele é novamente unir os amigos. Escondido, Léo começa a tomar atitudes para ajudá-los a resolver seus problemas e aproximá-los. Aos poucos, eles começam a desconfiar que Léo está vivo, até o dia que ele finalmente resolve aparecer.
- No decorrer da história, acompanhamos os dramas pessoais de cada personagem central. Lena não aceita voltar com Ivan se ele não se separar da mulher e ele passa a viver em conflito com seus sentimentos. Além disso, Lena faz de tudo para recuperar o amor da filha. Benny decide ajudar Bia a encontrar o homem que a torturou, mesmo com a resistência dela. Pedro consegue sair do luto pela ex-mulher, se apaixona por Lúcia, e começa a escrever um novo romance. Lúcia, por sua vez, tem uma grande decepção com Rui ao descobrir que o marido tem uma filha com outra mulher. Rui não sabia da existência da menina, fruto de uma noite com a médica Heloísa. Ao saber que um dia foi traída, Lúcia entra em crise e perde suas referências, afastando-se de Rui. Raquel também se desespera ao descobrir a traição de Pingo. Graças ao apoio de Léo, ela decide mudar inteiramente de vida. Deixa os filhos mais novos na casa de Lorena e parte sem rumo. Acaba conhecendo a banda de rock Arquivo Geral, torna-se produtora deles e se apaixona pelo vocalista Fausto (André Frateschi). Enquanto isso, Pingo e Lorena começam a se desentender, pois ela não suporta conviver com os filhos dele. Outra história de amor mal resolvida é a de Tito e Vânia. Tito não consegue esquecer a ex-mulher. Ao longo da trama Vânia se separa de Fernando (Tatu Gabus) e Tito tem esperança de se reconciliar com ela, mas Vânia não sente mais nada além de carinho por ele. Tito acaba se aproximando de Karina, com quem termina a história.
- Paralelamente, Léo resiste a procurar tratamento para sua doença e seu estado piora a cada dia. Para ele, o melhor remédio é estar ao lado das pessoas que ama. No penúltimo capítulo da trama Léo morre e todos se reúnem para se despedir do amigo. Benny faz um discurso emocionado em homenagem a Léo.
- Os momentos vividos pelos amigos na década de 70 aparecem em três filmes feitos pelo próprio grupo na câmera Super 8 de Léo. Alguns acontecimentos históricos, como a queda do Muro de Berlim, em novembro de 1989, também são mostrados na minissérie através de reportagens verdadeiras da época, exibidas nos televisores dos personagens, ou através do diálogos entre eles. Os acontecimentos históricos serviam como pano de fundo para a história do grupo de amigos.

Produção:
- A equipe de produção recriou a atmosfera do ano de 1989 nos cenários, objetos, figurinos e adereços de cena e dos personagens.
- A maior parte das cenas externas foi gravada em São Paulo. A equipe de cenografia realizou um trabalho de pesquisa sobre a arquitetura urbana da cidade naquela época e não deixou escapar detalhes como faixas na rua, sinais, orelhões e fachadas de estabelecimentos. Em 1989, por exemplo, os orelhões eram da cor laranja.
- Os ambientes recriados em cenário tinham como uma de suas principais características a boca de cena mais fechada, ou seja, a parte anterior do cenário, onde fica a equipe técnica, era mais restrita. Para criar espaços mais aconchegantes, os módulos dos cenários eram montados em diagonal, com poucos ângulos retos.
- O trabalho de caracterização se preocupou em reforçar o perfil psicológico dos personagens da série. Por não serem vaidosos ao extremo, nem se preocuparem com os lançamentos da moda, a maquiagem dos atores era o mais natural possível, nada em excesso. A exceção ficou por conta das seqüências dos shows do transexual Cíntia.
- Apesar da década de 1980 ter sido marcada pelo visual colorido e exagerado, os personagens não se enquadravam nessa estética. Eram intelectuais e se vestiam de forma mais clássica. Assim, cores vibrantes, formas geométricas e vestidos justos ficaram restritos ao figurino dos adolescentes e de Karina, uma ex-modelo com menos de 30 anos. A figurinista investiu nos modelos de jeans. A calça de cintura alta estava presente no armário da maioria dos personagens. A equipe de figurinistas conseguiu 80% das roupas usadas na minissérie em brechós.
- A abertura de Queridos Amigos mostrava trabalhos do artista plástico Elifas Andreato.
- Para o lançamento da minissérie, foi realizada uma exposição no Memorial da América Latina, em São Paulo, com obras de artistas das décadas de 1970 e 1980, em homenagem à geração retratada na história. A exposição ficou em cartaz durante um mês e apresentou 41 obras de 19 artistas plásticos, como Siron Franco, Rubens Gerchman, Elifas Andreato, Antônio Henrique Amaral e Ana Durões. A curadoria da exposição ficou sob responsabilidade de Denise Mattar.

Curiosidades:
- O livro Aos Meus Amigos foi escrito por Maria Adelaide Amaral em poucos meses, quando a autora estava abalada pela morte de um grande amigo, o jornalista Décio Bar. Após muitos trabalhos baseados em livros e fatos históricos, como A Muralha (2000), Os Maias (2001) e JK (2006), a autora assinou uma obra inteiramente sua.
- Foi Dan Stulbach quem sugeriu a Maria Adelaide Amaral que adaptasse seu livro para a televisão. Antes de apresentar a sinopse de Queridos Amigos, a autora escreveu uma minissérie sobre Maurício de Nassau. A história começou a ser pré-produzida pela TV Globo, mas o projeto foi cancelado devido ao alto orçamento. Dan Stulbach havia sido escalado para viver o protagonista, Nassau. Durante uma conversa com a Maria Adelaide sobre o adiamento do projeto, Dan Stulbach sugeriu que ela, então, adaptasse seu livro para uma nova minissérie.
- O capítulo de estréia de Queridos Amigos foi exibido numa segunda-feira e teve uma hora de duração. Os capítulos seguintes iam ao ar depois do Big Brother Brasil 8. Com o término do reality show, os dois últimos capítulos foram exibidos mais cedo. Entraram no ar às 22h.
- Guilherme Weber ganhou o prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor ator em 2008.

Trilha sonora:
- A trilha sonora de Queridos Amigos não se preocupou em reunir sucessos do ano de 1989, data em que a história era narrada. As músicas selecionadas iam do final dos anos de 1970 até 1989 e tinham relação com a história dos personagens. Léo, por exemplo, aparecia em cena ao som de Bob Dylan, Nina Simone e Billie Holiday, enquanto as sequências de Benny eram pontuadas por canções de Jimi Hendrix e Sex Pistols. Já nas cenas do casal Raquel e Pingo, amantes de MPB, não faltavam canções dos Doces Bárbaros e de Chico Buarque. Musicas de Ivan Lins, Blitz, Paralamas do Sucesso, Elis Regina, Steppenwolf, Janis Joplin, entre outros, também integraram a seleção musical da minissérie.
- A música de abertura era Nada Será Como Antes, de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, na voz de Milton Nascimento.
- Por ser uma minissérie de apenas 25 capítulos, a trilha sonora não foi lançada em CD.

Fonte: Memória Globo

A Pedra do Reino



Autoria: Luiz Fernando Carvalho, Luís Alberto de Abreu e Braulio Tavares
Direção geral e de núcleo: Luiz Fernando Carvalho
Período de exibição: 12/06/2007 – 16/06/2007
Horário: 22h
Nº de capítulos: 5

Elenco:
Irandhir Santos - Dom Pedro Diniz Quaderna
Abdias Campos - João Melchíades Ferreira
Allyne Pereira - Dina me Dói
Américo Oliveira - Argemiro
Anthero Montenegro - Gustavo de Moraes
Beatriz Lélis - Mãe
Claudete de Andrade - Joana Quaderna Garcia-Barreto
Elias Mendonça - Dom Ezequiel Veras
Everaldo Pontes - Pedro Beato
Flávio Rocha - Lino Pedra Verde
Frank dos Santos - Leônidas
Germano Haiut - Edmundo Swendson
Hilda Torres - Genoveva Moraes
Iziane Mascarenhas - Clara Swendson/Isabel
João Ferreira - Velho Nazário
Jones Melo - Antônio de Moraes
José Yago TR vilar - Dom Pedro Sebastião Garcia-Barreto
Júlio César da Rocha - Dr. Pedro Gouveia
Jyokonda Rocha - Onça Caetana/Maria Inominata
Lázaro Machado - Ludugero Cobra-Preta
Luiz Carneiro - Bastião
Maneol Constantino - Dom Manoel Viana
Márcio Tadeu - Frei Simão
Mayana Neiva - Heliana/Moça Caetana
Mestre Salustiano - Pedro Cego
Millene Ramalho - Margarida
Moisés Gonçalves - Pedro Justino Quaderna
Nelson Lima - Severino Brejeiro
Nill de Pádua - Malaquias/Dom João Ferreira Quaderna, o Execrável
Paulo César Ferreira - Sinésio
Pedro Henrique Dias - Garcia-Barreto
Pedro Salustiano - Rei Azul
Prazeres Barbosa - Comendador Basílio Monteiro/Dom Eusébio Monturo
Sandra Belê - Maria do Badalo
Servílio de Holanda - Silvestre
Soia Lira - Dona Carmem Torres Martins
Tavinho Teixeira - Luís do Triângulo
Tay Lopez - Adalberto Coura
Vanderléia Pimenta - Maria Sulpícia
Zé Borba - Mateus
Frank Menezes - Samuel Wandernes
Jackson Costa - Clemente Ravasco
Jessier Quirino - Euclydes Villar
Luiz Carlos Vasconcelos - Arésio
Renata Rosa - Maria Safira
Marcélia Cartaxo - Tia Filipa Quaderna
Felipe Rodrigues - Quaderna (criança)
Jéssica Araújo - Rosa
Vanderson Taveira - Arésio (criança)
Cacá Carvalho - Juiz Corregedor

A Trama:
- A pedra do reino é uma minissérie adaptada do livro O romance d´a pedra do reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta, considerado a obra-prima do escritor paraibano Ariano Suassuna. Co-produção da TV Globo com a produtora independente Academia de Filmes, foi exibida de 12 a 16 de junho de 2007, em comemoração aos 80 anos do escritor, que fez aniversário no dia da exibição do último capítulo.
- A minissérie, filmada em 16 mm e finalizada em alta definição, foi adaptada por Braulio Tavares, Luís Alberto de Abreu e Luiz Fernando Carvalho – que também assinou a direção da trama. Foi a primeira realização do projeto Quadrante, idealizado para mostrar a diversidade cultural do país através da adaptação de obras literárias nacionais filmadas na região onde se passa a história original, com a participação de elenco e mão-de-obra locais. O projeto visa descentralizar o processo artístico e de produção, além de ajudar na formação de novos profissionais, criando um viés educacional. A pedra do reino teve como cenário a cidade de Taperoá, no sertão da Paraíba.
- Escrito em 1971, o livro é um misto de romance de cavalaria e novela picaresca, mostrando que as culturas nordestina e sertaneja têm raízes ibéricas, com muitos elementos da Idade Média, da commedia dell´arte e também da cultura árabe, por conta de mais de 700 anos de dominação de Portugal e Espanha pelos mouros. Lendas, sebastianismo, fatos verídicos, muita sátira e o universo das cavalhadas, dos romancistas, cordelistas, cantadores e repentistas do sertão estão presentes na adaptação feita para a TV, que ganhou desfechos inexistentes no livro, criados pelo próprio Ariano Suassuna especialmente para a minissérie.
- A epopéia sertaneja criada por Suassuna narra as aventuras, delírios e desventuras do cronista-fidalgo, rapsodo-acadêmico e poeta-escrivão D. Pedro Dinis Ferreira Quaderna (Irandhir Santos), um sertanejo contador de histórias, que recorre a seus antepassados e a suas memórias para lidar com as inquietações existenciais. Quaderna sonha ser o Grande Gênio da Raça, o autor de um “romance heróico-brasileiro, ibero-aventuresco, criminológico-dialético e tapuio-enigmático de galhofa e safadeza, de amor legendário e de cavalaria épico-sertaneja” ou, ainda, de “uma espécie de Sertaneida, Nordestíada ou Brasiléia”. Em suma, o escritor de uma grande obra literária que expresse a verdadeira identidade nacional. Em seu “estilo régio” de enxergar e contar o mundo, ele usa a imaginação para dar novo colorido à realidade. Tanto no livro quanto na adaptação para a TV, Quaderna atua como o narrador da história.
- Ficção e fatos reais se misturam na narrativa desenvolvida por Ariano Suassuna. Quaderna é bisneto de João Ferreira Quaderna, o Execrável (Nill de Pádua), real líder sebastianista que se proclamou legítimo rei do Brasil e causou a morte de muitos fiéis em nome da ressurreição de Dom Sebastião, o rei português desaparecido em 1578, aos 24 anos, na famosa batalha entre mouros e cristãos em Alcácer-Quibir, no Marrocos. O derramamento de sangue orquestrado por João Ferreira se deu em 1838, aos pés de duas rochas compridas e paralelas, conhecidas como Pedra Bonita - nome primitivo da Pedra do Reino -, na região de São José do Belmonte, em Pernambuco. Sua seita, formada por fanáticos religiosos, defendia que aquelas eram as torres da catedral do reino de Dom Sebastião, que seriam desencantadas com o sangue de sacrifícios humanos. Após muitas mortes, os fanáticos foram presos ou mortos pela polícia.
- Quaderna junta a história de seu bisavô a outro acontecimento trágico - a morte misteriosa de seu tio-padrinho, o rico fazendeiro D. Pedro Sebastião Garcia-Barreto (Pedro Henrique), quem ele considerava um pai. Ele é afilhado e sobrinho de Dom Pedro Sebastião por parte de mãe, Maria Sulpícia (Vanderléia Pimenta). Em suas pesquisas, conclui que suas duas famílias remontam ao mesmo rei: Dom Sebastião, de Portugal. Influenciado pelas histórias de realeza e pela cultura sertaneja em que foi criado, convivendo com cantadores, poetas populares, folguedos e cavalhadas do sertão, Quaderna passa a sonhar com um novo reino. Ele vai à Pedra do Reino e se coroa Rei, herdeiro legítimo do trono do sertão e do Brasil, e dá início ao projeto de sua grande obra.
- Quaderna pretende juntar referências eruditas, políticas e intelectuais em seu projeto literário. Para tanto, mescla conhecimentos sobre genealogia, astrologia e cultura popular, herdados de seu pai, Pedro Justino (Moisés Gonçalves), e do violeiro e poeta João Melchíades (Abdias Campos), com as idéias políticas e literárias de seus dois mentores, o revolucionário comunista Clemente Ravasco (Jackyson Costa) e o monarquista conservador Samuel Wandernes (Frank Menezes).
- Samuel é um promotor de justiça, fidalgo dos engenhos do Recife, apaixonado pela aristocracia e pelos brasões armoriais. Ele sustenta que a família Garcia-Barreto tem origem no próprio rei Dom Sebastião de Portugal, que, após escapar da morte na batalha contra os mouros, teria vindo incógnito para o Brasil. Direitista, Samuel declara fidelidade a Plínio Salgado, o fundador do movimento ultranacionalista Ação Integralista Brasileira.
- Já Clemente é um advogado e historiador negro-tapuia, que foi professor de Quaderna na infância e, como esquerdista e partidário do líder comunista Luís Carlos Prestes, sonha com revoluções como as de Zumbi dos Palmares e a que o líder religioso Antônio Conselheiro empreendeu em Canudos, no interior da Bahia. Companheiros e eternos adversários, ele e Samuel se desentendem constantemente, mas não conseguem ficar afastados um do outro.
- Quaderna funda com seus dois mentores a Academia dos Emparedados do Sertão da Paraíba, integrada apenas pelos três. Influenciado pelas diferentes vertentes políticas e culturais, passa a se intitular “monarquista de esquerda”. E em sua busca pela real identidade do Brasil, defende que a verdadeira base do povo brasileiro está na miscigenação dos povos europeu, africano e indígena.
- Na minissérie, a história tem início com a chegada de uma trupe circense, liderada por um velho palhaço, a um povoado. Em sua carroça-palco, ele abre um grosso livro e dá início à representação de um romance memorialístico: A pedra do reino. O palhaço é Pedro Dinis Quaderna, o protagonista do romance, já envelhecido, e as histórias são suas próprias lembranças. A partir daí, a narrativa se desdobra em três tempos e espaços diferentes, que se comunicam entre si: o momento em que o velho palhaço comanda um espetáculo popular de rua; as imagens em que ele, mais jovem, está preso e escreve sua história; e as cenas do inquérito, promovido pelo Juiz Corregedor da capital (Cacá Carvalho), que o levam à prisão.
- Longe de ser um problema, o interrogatório acaba sendo a solução para que Quaderna escreva sua obra. Por causa do “cotoco”, uma proeminência óssea no final de sua coluna, ele não pode ficar sentado por muito tempo, dedicado à redação de sua epopéia. Uma vez no inquérito, poderia contar, em pé, todos os acontecimentos relacionados a sua vida, aproveitando o depoimento datilografado pela escrivã Margarida (Millene Ramalho), moça pura e recatada da alta sociedade taperoaense, para escrever sua saga.
- Quaderna sente atração por Margarida, mas é repelido por ela, que, no entanto, sucumbe às investidas do depoente após ser provocada por relatos maliciosos de episódios, que a deixam constrangida e excitada. A máquina de escrever acaba unindo os dois personagens, pois é ela que registra as memórias que Quaderna sonha em transformar em livro. Com o depoimento escrito, ele pode, enfim, fazer a obra do Gênio da Raça e concluí-la antes de seus dois concorrentes, Clemente e Samuel, que também desejam o título.
- A razão da prisão de Quaderna, que acontece no ano de 1938, é a invasão da cidade de Taperoá, três anos antes, por uma estranha cavalgada de ciganos que conduz um jovem e enigmático rapaz montado num cavalo branco: Sinésio, o Alumioso (Paulo César Ferreira), filho de D. Pedro Sebastião, dado como morto. A cavalgada é comandada pela misteriosa figura do Doutor Pedro Gouveia (Júlio César) e acompanhada por Frei Simão (Márcio Tadeu), misto de frade e cangaceiro, e por Luís do Triângulo (Tavinho Teixeira), guerreiro da guerra civil de Princesa, ocorrida em 1930. Mas o grupo é emboscado às portas da cidade, pelo bando de cangaceiros de Ludugero Cobra-Preta (Lázaro Machado), e todos acreditam que a armadilha foi armada a mando de Arésio (Luiz Carlos Vasconcelos), meio-irmão de Sinésio, com quem ele não queria dividir a herança deixada pelo pai. Quaderna é intimado por causa de uma carta anônima endereçada ao Juiz Corregedor da capital que o acusa de envolvimento nos acontecimentos, tidos como uma rebelião popular. Afinal, vivia-se um clima político carregado, com a Revolução de 1930, a Revolução Comunista de 1935 e o golpe do Estado Novo, em 1937.
- A trama também mostra acontecimentos de 1930, quando Dom Pedro Sebastião Garcia-Barreto - pai de Arésio, do primeiro casamento; de Silvestre (Servílio de Holanda), filho bastardo; e de Sinésio, do segundo casamento - dá a Quaderna a missão de conduzir o filho caçula à capital da Paraíba, onde ficaria em segurança na casa do sócio Edmundo Swendson (Germano Haiut). D. Pedro Sebastião participara da Revolução de 30, deflagrada contra o presidente do Estado da Paraíba, João Pessoa, e considera prudente afastar o filho da cidade. É na casa do sócio de seu pai que Sinésio conhece Heliana Swendson (Mayana Neiva), por quem se apaixona. No mesmo ano, porém, D. Pedro Sebastião é apunhalado e morto de forma misteriosa, num pequeno quarto sem janelas, na torre de sua fazenda, com a porta trancada por dentro, enquanto Sinésio desaparece sem deixar rastro, e Silvestre perde-se pelos caminhos do sertão, vivendo como guia do rabequeiro Pedro Cego (Mestre Salustiano) e empreendendo uma busca incessante por Sinésio. Em seus últimos anos de vida, D. Pedro Sebastião estava se tornando cada vez mais místico e misterioso: encomendava escavações e dizia ter encontrado um tesouro escondido. Chegou a preparar um mapa do tesouro, prometendo a Quaderna que lhe revelaria sua localização, mas morre antes disso.
- Conhecido como “o prinspo do povo e do sangue do vai-e-volta”, Sinésio ressurge cinco anos depois, em 1935, na tal estranha cavalgada, no momento em que Arésio receberia toda a herança do pai, depois dos anos de interdição, em função do desaparecimento tanto do testamento quanto do filho caçula. A cidade se divide entre os mais abastados, que tomam o partido de Arésio, e o povo, que adere a Sinésio. Ao ver o “príncipe” ressuscitado, a população acredita que ele é a encarnação do rei Dom Sebastião de Portugal, que, finalmente, voltou para instaurar seu reino mítico, representando a redenção de todo o povo pobre sertanejo. Instaura-se o conflito, com emboscadas e tiros entre os partidários dos dois filhos de Dom Pedro.
- No longo depoimento prestado ao Juiz Corregedor, Quaderna desfia os acontecimentos relacionados a sua história, entre eles o sangrento movimento messiânico de seus antepassados na Pedra do Reino; a infância na fazenda de seu padrinho; a formação religiosa no Seminário da Paraíba, de onde foi expulso quando expôs suas idéias sobre o inusitado catolicismo-sertanejo, religião regada a mulheres e vinho; e os encontros amorosos com Maria Safira (Renata Rosa), a esposa de Pedro Beato (Everaldo Pontes) - velho sábio e penitente que nunca lhe tocou o corpo. Foi Safira, mulher tida como possessa, quem salvou Quaderna dos efeitos do “chá de cardina” que seu pai lhe dava na adolescência para “abrir” a inteligência, mas que prejudicava a virilidade.
- Quaderna também relata suas estranhas visões com personagens míticos como a Moça Caetana (Mayana Neiva), mulher bela e terrível, com dorso felino de onça e pescoço envolto em uma cobra coral que lhe serve de colar. É uma mensageira da Morte, assim como a Onça Caetana (Jyokonda Rocha), mistura de bicho-fêmea e mulher, que exerce um fascínio próprio de sua divindade. Além disso, Quaderna também discorre sobre o misterioso mapa do tesouro, a morte do padrinho, o desaparecimento de seu filho predileto e a associação entre o primogênito Arésio e o maior inimigo de seu pai em vida, o usineiro Antonio de Moraes (Jones Melo).
- Muitos outros personagens aparecem nos relatos do depoente. Como o idealista e visionário Adalberto Coura (Tay Lopez), jovem revolucionário que tenta convencer Arésio a usar sua ferocidade e personalidade dominadora a favor da Revolução Socialista. Mas, embora despreze as autoridades, Arésio é um individualista, contrário às teorias revolucionárias. No meio dos dois está a jovem Maria Inominata (Jyokonda Rocha), noiva de Adalberto e antiga paixão de Arésio, que ele viola para desafiar o amigo a continuar querendo a moça “por amor aos oprimidos”.
- Na narração de Quaderna também aparecem Clara Swendson (Iziane Mascarenhas) e Gustavo de Moraes (Anthero Montenegro), filhos de Edmundo Swendson e Antônio de Moraes, adversários nas atividades econômicas e políticas. Os dois jovens são a favor de um “embranquecimento” da raça humana e fazem um pacto de amor casto, em uma alusão ao nazi-fascismo.
- Outro personagem destacado por Quaderna é o violeiro Lino Pedra-Verde (Flávio Rocha), seu amigo de infância, acostumado a ter visagens desde menino. Suas premonições se agravaram depois que passou a mascar erva-moura e beber o vinho encantado da Pedra do Reino, cuja receita foi descoberta por Quaderna.
- Ao final do inquérito, o Juiz, exasperado com o intimado - que mistura informações reais e concretas, formulações eruditas e lendas, relatos, crenças e superstições populares -, considera-o louco e o liberta. Mas Quaderna pede-lhe que seja preso, confessando que foi ele próprio quem escreveu a denúncia anônima para se utilizar do depoimento datilografado e escrever sua saga.
- O Juiz satisfaz o desejo de Quaderna e o coloca na prisão. Lá, ele escreve sua história. E, já bem envelhecido, como que inserido em um sonho, é sagrado rei da Távola Redonda da Literatura do Brasil, por poetas, escritores e acadêmicos do Brasil e do mundo, entre eles Shakespeare (Frank dos Santos), Cervantes (Maurício Castro), Arthur Azevedo (João Irênio) e Olavo Bilac (Tavinho Teixeira).

Produção:
- As filmagens de A pedra do reino em Taperoá, incluindo o período de preparação do elenco, foram realizadas durante os três últimos meses de 2006. Habitantes da cidade e de regiões próximas passaram por um processo de seleção para trabalhar nas mais diversas atividades, atendendo à proposta da minissérie de formação de profissionais locais. Quatro integrantes do elenco são taperoaenses de nascimento, a menina que viveu a pequena Rosa é moradora de Taperoá e os intérpretes de Quaderna e Arésio crianças moram, respectivamente, nas cidades vizinhas de Juazeirinho e Assunção.
- Taperoá conviveu com mais de 250 “forasteiros”, entre profissionais das diversas áreas e os cerca de 60 atores escalados para a minissérie. O elenco de A pedra do reino é formado essencialmente por atores nordestinos, em grande parte escolhidos após pesquisas e testes nos principais centros culturais do Nordeste. Todos com as mais diversas origens artísticas, desde integrantes de grupos de teatro de rua a profissionais com passagens pelo cinema e larga experiência teatral, que nunca haviam feito TV e, por isso, desconhecidos do grande público. A começar pelo intérprete do narrador Quaderna, o ator Irandhir Santos. Pernambucano, ganhou o prêmio de melhor ator coadjuvante no 39º Festival de Brasília, por sua atuação no filme Baixio das bestas (2007), de Cláudio Assis. Ele fez sua estréia na TV nesta minissérie.
- Uma cidade cenográfica foi construída no trecho final da principal rua de Taperoá, conhecido como Chã da Bala. O cenário foi concebido como uma cidade-lápide, com detalhes que lembravam um cemitério. A idéia era criar um espaço de louvor à memória dos antepassados. As casas existentes no local ganharam revestimentos nas fachadas, o chão recebeu 40 cm de terra e a área, de 2 mil metros quadrados, ganhou 35 nichos e foi fechada de forma a transformá-la em uma arena octogonal. Um portal, com um espaço interno cenografado como uma igreja, foi construído para, dentro do contexto da história, servir de ligação entre o mundo externo e o universo mágico da arena. Também foi erguida uma edificação representando os Arcos de Roma. Uma das casas da arena foi usada como base para os camarins de figurino e caracterização. A área de cenografia, chefiada pelo cenógrafo João Irênio, aproveitou cerca de 80 pessoas da região para levantar e adereçar a cidade cenográfica em pouco mais de 25 dias. A carroça de Quaderna, posicionada no centro da arena, também mereceu atenção especial. Ela foi inspirada nas carroças ciganas e tinha dois palcos giratórios, cujo movimento circular representava o ponteiro de um relógio: uma forma de trabalhar o tempo cíclico.
- Também foram usados como locações uma cadeia desativada (cenário do inquérito a que Quaderna é submetido); a Serra do Pico - o ponto mais alto de Taperoá; e uma área na cidade vizinha de Cabaceiras. O cenário da cadeia tinha uma estrutura semelhante a um octógono tridimensional, intercalando paredes móveis que se deitavam no chão com duas arquibancadas, onde se sentavam todos os personagens, fazendo as vezes de platéia. O espaço, todo em madeira, multiplicava-se em diversas formas, a partir da improvisação dos atores e da câmera.
- O supervisor de caracterização Vavá Torres também recrutou pessoal para dar apoio na maquiagem. Assim que chegou em Taperoá, foi em busca de cabeleireiros e maquiadores e formou um grupo de cinco meninas para confeccionar perucas. Em troca de sobras de cabelos para montar perucas, barbas e bigodes, ofereceu cortes gratuitos de cabelo na cidade. Não faltaram voluntários.
- Para ter maior controle da luz e alcançar a fotografia desejada, as filmagens contaram com um butterfly de 2600m2, dividido em três módulos de 800m2 cada, sustentado por 16 colunas de 14m de altura. O butterfly foi montado pelos funcionários da empresa Cinecidade, de José Macedo de Medeiros, o Jamelão, com o apoio de mais seis trabalhadores locais.
- Obras de artistas plásticos como Giotto, El Greco, Goya e Velásquez, além de referências barrocas, medievais e sertanejas, serviram de inspiração para a estética adotada na minissérie.
- Couro, metal, chapas de fotolito, lata, tapeçarias, restos de ossos, palha, madeira, palitos de picolé, enfim, os mais diversos materiais foram utilizados tanto na confecção dos figurinos supervisionados por Luciana Buarque quanto na criação dos objetos alegóricos elaborados no ateliê de arte. A oficina de arte, supervisionada pelo artista plástico Raimundo Rodriguez, envolveu 24 artesãos na criação de objetos e animais cenográficos, entre coroas, espadas, marionetes, bichos selvagens e mais de 40 cavalos em tamanho natural, feitos com sobras de materiais como palha de milho e de carnaúba, estopa, resto de isopor, ossos, latas, serragem e papel, todos equipados com um mecanismo que permitia a sua movimentação em cena. A equipe de artesãos contou com profissionais reconhecidos, como o pernambucano José Lopes da Silva Filho, conhecido como Mestre Zé Lopes, um dos mais conceituados criadores de mamulengos do Brasil, responsável pela produção dos bichos articulados utilizados em diferentes seqüências da minissérie.
- As equipes de figurino, arte, cenografia e caracterização foram encabeçadas pelos mesmos profissionais que trabalharam com Luiz Fernando Carvalho na minissérie Hoje é dia de Maria (2005).
- O trabalho de preparação do elenco da minissérie A pedra do reino envolveu três meses de intensa dedicação, entre aulas de expressão corporal e voz, interpretação, leitura do texto, palestras e mergulho na obra do escritor. A atriz Fernanda Montenegro, embora não estivesse no elenco, foi convidada pelo diretor para abrir os ensaios com uma palestra para os atores. O psicanalista junguiano Carlos Byington e o próprio escritor Ariano Suassuna também falaram ao elenco: o primeiro analisou os arquétipos dos personagens, e o autor discorreu sobre a obra e suas motivações ao escrevê-la.
- Diariamente, o elenco ensaiava com o diretor Luiz Fernando Carvalho e sua equipe de colaboradores, entre eles: Tiche Vianna, diretora e pesquisadora da linguagem teatral no Barracão Teatro em Campinas, que trabalhou a preparação do corpo através de máscaras de expressão; o ator Ricardo Blat, que atuou nas duas jornadas de Hoje é dia de Maria e trabalhou como preparador do elenco na área de interpretação; a professora de dança Lúcia Cordeiro, responsável pelo trabalho de consciência corporal e respiração; e a bailarina Mônica Nassif, que deu aulas de dança para o grupo.
- Os atores também tiveram uma iniciação à estética e aos passos de dança do Cavalo Marinho, teatro popular de rua nascido na zona da mata pernambucana, utilizado pela direção na transposição do romance para a TV. Instrumentos, personagens e reconhecidos músicos do folguedo, como os tocadores de rabeca Mestre Salustiano e Luiz Paixão, atuaram na minissérie. Além da rabeca, instrumentos como bage, pandeiro, ganzá e apito fazem parte da brincadeira, que é composta por música, dança, poesia, coreografias, loas, toadas e reúne cerca de 76 personagens divididos em três categorias: animais, humanos e fantásticos. Os personagens, com suas máscaras próprias, improvisam a partir do tema das toadas tocadas pelo banco de instrumentistas e cantadores. Mateus e Bastião são os dois palhaços responsáveis por levarem todos os personagens para dentro da roda. É a commedia dell’arte brasileira. Inserir o cavalo marinho na adaptação da obra de Suassuna foi mais uma forma de enriquecer a encenação com elementos da cultura popular, linha que norteou todo o trabalho. As roupas usadas pelo Quaderna velho, o palhaço medieval, por exemplo, foram inspiradas na imagem do personagem Cucurucu, da commedia dell’arte, e nos palhaços Mateus e Bastião, mostrando como a cultura brasileira foi impregnada pela cultura medieval e ibérica.
- Outra manifestação de rua presente no enredo é a Cavalhada, folguedo popular do Nordeste inspirado nas lutas dos cristãos contra os mouros, que contrapõe 12 participantes vestidos de azul a outros 12 vestidos de vermelho, respectivamente liderados pelo Rei Azul (interpretado na série pelo dançarino pernambucano Pedro Salustiano, filho do famoso músico Mestre Salustiano) e pelo Rei Encarnado (Henrique Albuquerque). Os integrantes vestiam burrinhas feitas em papelão e metal, penduradas em suspensórios, inspiradas no personagem Capitão, do Cavalo Marinho. Os passos do Cavalo Marinho, ensinados ao elenco por Pedro Salustiano, serviram de base para a coreografia da Cavalhada encenada na minissérie.
- A popular Folia de Reis serviu de inspiração para a criação do coro da Maria do Badalo, formado pelas cantoras Sandra Belê e Renata Rosa, e por Zefinha e Maíca - duas cantadeiras da região de Aliança (PE). O grupo formou uma espécie de coro de tragédia grega, que acompanha a fábula e age como a consciência crítica do povo. Sandra Belê é de Zabelê, uma cidade incrustada no sertão paraibano, que tem apenas dois mil habitantes. Renata Rosa nasceu em São Paulo, mas se apaixonou pelo canto e folguedos populares da zona da mata pernambucana e do baixo São Francisco alagoano e passou a se dedicar a eles, inclusive tocando rabeca. O coro era acompanhado pela rabeca do músico Luiz Paixão.
- As duas formações rochosas pontiagudas conhecidas como Pedra do Reino foram pintadas em um enorme painel, de 14m de altura e 8m de largura, pelo artista plástico Dantas Suassuna, filho de Ariano Suassuna. O painel foi usado como cenário para as cenas do massacre sebastianista promovido pelo bisavô de Quaderna.
- A minissérie conta com alguns efeitos especiais, como imagens inseridas por computação gráfica, realizados pelas equipes da Lobo e da Vetor Zero, empresas de São Paulo.

Curiosidades:
- Atores estreantes na minissérie foram convidados a trabalhar em outras produções da TV Globo. Mayana Neiva, intérprete de Heliana Swendson e da Onça Caetana, foi escalada para viver a personagem Karina na minissérie Queridos amigos (2007), de Maria Adelaide Amaral. Prazeres Barbosa, que interpretou três papéis em A pedra do reino, viveu uma doméstica na novela Duas caras (2007), de Aguinaldo Silva.
- Jackyson Costa, que estava há anos afastado da TV, desde sua estréia como o padre Lívio na novela Renascer (1993), de Benedito Ruy Barbosa, ganhou o papel do personagem Waterloo, em Duas caras. Marcélia Cartaxo também voltou ao ar, como a personagem Tonha, da novela Desejo proibido (2007), de Walther Negrão.
- Millene Ramalho, intérprete de Margarida, ficou quase duas horas em um molde de gesso para que a equipe de arte, com o auxílio do supervisor de caracterização Vavá Torres, desenvolvesse um corpete que pudesse adaptar a máquina de escrever a seu corpo. No total, o figurino da atriz pesava sete quilos e meio.
- Assim como na ficção, o ator Abdias Campos, cordelista e violeiro na vida real, foi quem ensinou o colega de elenco Flávio Rocha (Lino Pedra Verde) a tocar viola.
- A figura imponente de João Ferreira, o Execrável (Nill de Pádua), foi inspirada nos ícones russos e em personagens da ópera de Pequim (China). O personagem tinha três metros de altura, barbas longas e vestia um manto de mangas largas e uma coroa de metal cravejada de pedras vermelhas que lhe davam ainda mais grandiosidade.
- O diretor homenageou o filme As mil e uma noites (1974), do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini, na primeira vez que o Juiz Corregedor aparece na trama: um enorme pálio nas cores azul e vermelha, com detalhes em dourado, foi especialmente feito para a seqüência.
- A Editora Globo lançou dois volumes sobre a realização da minissérie. O primeiro contendo os fac-símiles dos roteiros de filmagem de Luiz Fernando Carvalho, com anotações, desenhos e comentários rabiscados pelo diretor durante as gravações, e um livreto com trechos dos diários do diretor, do elenco e da equipe criados espontaneamente durante os períodos de ensaios e filmagens. O segundo volume é um livro de fotos com o registro do trabalho de preparação dos atores e das filmagens.
- Durante o mês de exibição da minissérie, uma exposição montada no Centro Cultural da Ação da Cidadania, no bairro da Saúde, no Rio de Janeiro, mostrou ao público parte da cenografia, dos figurinos e dos objetos de arte criados para o programa.
- O Quadrante foi o primeiro projeto de teledramaturgia da TV Globo trabalhado em multiplataforma, com conteúdos complementares exibidos em diferentes mídias. O canal GNT realizou um documentário sobre a vida e a obra de Ariano Suassuna. O Multishow exibiu uma edição especial do Revista Bastidor, mostrando o processo de criação, entrevistas e o dia-a-dia das filmagens. E o Sistema Globo de Rádio transmitiu entrevistas com os atores da minissérie e artistas ligados ao Movimento Armorial.
- No último dia de filmagem da minissérie, em 22 de dezembro de 2006, a TV Globo, a Fundação Roberto Marinho, o governo do estado da Paraíba e a prefeitura de Taperoá assinaram na cidade paraibana os termos de cooperação técnica para os projetos “Casa de Cultura Ariano Suassuna” e “Tecendo o Saber”, sistema de educação do ensino fundamental. A Casa de Cultura Ariano Suassuna, que entraria em funcionamento na estréia da minissérie, foi concebida para ser um centro de referência da cultura local. O imóvel escolhido para sediar o projeto, construído por João Dantas Suassuna, pai de Ariano, e onde o escritor passou a adolescência, abrigou os ateliês de direção de arte e cenografia. Além de uma sala de visitação com exposição permanente da obra do escritor e de criações feitas para a minissérie, abrigaria uma oficina e uma loja de artesanato para atender aos artistas da região e aos que integraram as equipes de figurino e arte, para que eles pudessem dar continuidade às suas produções.
- Exibições especiais da minissérie A pedra do reino foram realizadas em salas de cinema de alta definição, em sete cidades brasileiras - Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, João Pessoa e Porto Alegre -, entre os meses de agosto e setembro de 2007. As sessões foram divididas em duas partes: episódios 1, 2 e 3; intervalo; e episódios 4 e 5. O público pôde assistir às duas sessões em seqüência ou em dias diferentes. Foi a primeira vez no país que uma série feita para a televisão ganhou as salas de cinema conservando seu formato original - dividida em cinco partes. As exibições em salas digitais, em um curto intervalo de tempo desde a transmissão na televisão, foram possíveis porque toda a pós-produção da série foi realizada com tecnologia digital de alta definição. Nas salas de cinema digitais, a série foi projetada com qualidade de imagem inédita e mixagem de som em 5.1. Em algumas cidades, foram realizados fóruns com o diretor, o elenco e a equipe de criação da minissérie.
- Em outubro de 2007, a Globo Marcas, em parceria com a Som Livre, lançou o DVD A pedra do reino, contendo dois discos que reúnem os capítulos da minissérie, o documentário “Taperoá” - sobre o processo de criação vivido na cidade e a interação da equipe com os moradores locais - e um ensaio fotográfico em preto e branco batizado de “Nossa carroça”.
- Em 2008, os diretores de fotografia Adrian Teijido e José Tadeu Ribeiro ganharam o prêmio de Melhor Direção de Fotografia oferecido pela Associação Brasileira de Cinematografia (ABC).

Trilha sonora:
- A trilha original de A pedra do reino foi elaborada por Marco Antônio Guimarães, compositor do renomado grupo mineiro Uakti, conhecido por desenvolver seus próprios instrumentos musicais. Ele reeditou com o diretor Luiz Fernando Carvalho a parceria do filme Lavoura arcaica (2001) e criou uma mistura estético-cultural unindo ritmos ibéricos, árabes, indianos, nordestinos, ciganos e indígenas. Entre os instrumentos que usou na minissérie estão o “chori” (feito com uma cabaça grande e duas cordas) e o “iarra”, ambos tocados com arco.


Fonte: Memória Globo

Amazônia - De Galvez a Chico Mendes



Autoria: Glória Perez
Direção: Marcelo Travesso, Pedro Vasconcellos, Carlo Milani, Roberto Carminatti e Emilio Di Biasi
Direção geral: Marcos Schechtman
Período de exibição: 02/01/2007 – 06/04/2007
Horário: 23h
N de capítulos: 55

Elenco:
Acacio Ferreira – capataz
Adalberto Nunes – pai de Heraldo
Adassa Martins – Rosilda
Adilson Magha – Raimundão
Adriano Garib – advogado
Alessandra Maestrini – Soledad
Alessio Abdon de Castro – Binho
Alex Reis – aluno
Alexandre Basilio – policial
Alexandre Borges – Plácido de Castro
Alexandre Liuzzi – Elson Martins
Alonso Gonçalves – Santivanez
Ana Paula Bouzas – Cida
Anderson Müller – Osmarino
André Arteche – Toinho
André Gonçalves – Zuca / Zé Ambrósio
André Luiz Rocha – cocheiro com Tavinho
Antonio Calloni – Padre José
Antonio Petrin – prefeito Gabino Besouro
Antonio Pitanga – Alcedino
Arlindo Lopes – Alcides
Arthur Kohl – amigo de Gomes
Aury Porto – Limirio
Bayard Tonelli – maestro
Bebeto Baía – seringueiro
Beno Bider – deputado
Bernardo Rebello – Guto
Bertrand Duarte – padre Cláudio
Betina Vianny – Aída
Betty Gofman – Amelinha
Beto Quirino – Cesarino, 2ª fase
Bianca Comparato – Celinha, 3ª fase
Brenda Haddad – Ritinha
Bruna Marquezine – filha de Wilson
Bruno Abrahão – Chico Mendes, criança
Caca Amaral – José Galdino
Cacau Hygino – homem
Cacau Melo – Diná
Caco Baresi – homem
Caio Blat – Ramiro
Camila Rodrigues – Ciça
Cândido Damm – Uhthoff
Carmelita Menezes – Luisa
Carolyna Aguiar – amiga Risoleta
Cássio Gabus Mendes – Chico Mendes
Cássio Pandolfi – Paravicini
Carl Schumacher – pai de Ilka
Carlos Estupiã – rapaz cortador
Carlos Faccin – Comandante
Carlos Sato – japonês
Carolina Holanda – Carminha
Cecília Lage – senhora
Charles Myara – Raimundo Doido
Chica Xavier – velha
Chico Santana – Jaime
Christiane Torloni – Maria Alonso
Christovam Netto – Zeca
Clarice Derziê – Joana
Clarisse Baptista – Zilá, 2ª fase
Cláudio Jaborandy – Benedito
Claudio Marzo – Ramalho Jr.
Clemente Viscaíno – Rodriguez
Clementino Kele – seringueiro velho
Cosme dos Santos – seringueiro
Crispim Junior – Delegado
Cristiana Oliveira – mulher de Bento
Cristovam Netto – Mestre Irineu
Cyria Coentro – Socorro
Dan Stulbach – Leandro, 2ª fase
Daniela Pinto – Delzuite, 1ª fase, criança
Debora Bloch – Beatriz
Dico Pantaleão – policial
Diego Guerra – rapaz que beija Ritinha
Diogo Vilela – poeta Juvenal Pontes
Duda Mamberti – Nassif
Duda Ribeiro – Doutor
Edmo Luis – Pascoal
Edney Giovenazzi – Silveira
Eduardo Galvão – Joaquim Victor
Eduardo Moreira – Arquilau
Emerson Montovani – soldado boliviano
Emilio Di Biasi – Dom Moacyr, 3ª fase
Emilio Orciollo Neto – Bento, 2ª fase
Eriberto Leão – Genesco
Ernani Moraes – Tiburtino
Eunice Bahia – Ayani
Eva Todor – Branquinho
Fabio Tomasini – Gal. Olympio
Fernanda Carvalho – Detinha
Fernanda Paes Leme – Belinha
Fernando Paganote – menino escola
Flavia Guedes – Marilsia
Flaviano de Oliveira – homem
Franciely Freduzeski – Amparito
Francisco Alencar – seringueiro que vai casar
Francisco Carvalho – Seu Moacir
Francisco Cuoco – Augusto, 3ª fase
Francisco Silva – seringueiro
Gabriela Barbosa Rodrigues e Silva – menina, cozinha
Gaspar Filho – assassino de Wilson
Giovanna Antonelli – Delzuite, 1ª e 2ª fase
Graça de Andrade – Waldizia
Gustavo Mello – Bento, 1ª fase, criança
Guti Fraga – paulista
Heitor Goldflus – Aldemar
Helena Giffoni – parteira
Helio Ribeiro – locutor
Henry Pagnoncelli – Proença
Humberto Martins – Augusto, 2ª fase
Humberto Martins Duarte Filho – menino
Igor Magalhães Almassy – Ramiro, 1ª fase
Ilya São Paulo – Viriato
Irene Ravache – Beatriz
Isabela da Cunha Rodrigues – Elenira
Isio Ghelman – Mr. Scott
Ivan de Almeida – Leorne
Ivens Godinho – Siqueira
Jackson Antunes – Bastião
Janaína Prado – Cleonice, 2ª fase
Jandira Martini – Donana, 2ª fase
Jassy Oliveira – Generina
Javert Monteiro – Coronel 1, 1ª fase
Jayme Del Cueto – juiz
Jayme Periard – Rebello
João Junior – seringueiro moribundo
João Miguel – Heraldo
João Signorelli – Ruy
José Antonio Gomes – Genésio
José de Abreu – Coronel Firmino Rocha
José Ramos – Zuca
José Wilker – Luiz Galvez Rodrigues de Arias
Josimar Mello – Mundinha
Juca de Oliveira – José de Carvalho
Julia Cruz de Souza – mulher
Julia Lemmertz – Risoleta
Juliana Alves – Áurea, 2ª fase
Julio Adrião – Távora
Julio Andrade – João Maia
Jurandir Oliveira – Russo
Kadu Moliterno – Souza Braga
Karla Martins – D. Filó, 2ª fase
Leona Cavalli – Justine, 1ª fase
Leonardo Medeiros – Wilson Pinheiro
Leopardo Yawabane – índio
Leopoldo Pacheco – Adrian
Letícia Spiller – Anália
Lima Duarte – Bento, 3ª fase
Lourdes de Moraes – Irmã Zélia
Luci Pereira – Jovina
Luis Bacelli – Campelo, 1ª fase
Luiz Fernando Coutinho – Professor
Luiz Vitalli
Magda Gomes – Bá de Augusto
Magdale Alves – Angelina
Malu Valle – Julia
Mano Melo – homem acreano
Marcello Gonçalves – Trindade
Marcelo Aquino – ecologista
Marcelo Assumpção – Tenente
Marcelo Borghi – homem
Marcelo Capobianco – João da Matta
Marcelo Dias – policial 2
Marcelo Faria – Romildo
Marcia do Valle – Diva
Marcio Seixas – locutor
Marcio Vito – Clemente
Marco Antonio Rosas – homem
Marcos Winter – Neto
Mariana Ribeiro – mulher Plácido
Mariangela Cantu – mãe de Ilka
Marina Filizola – Zulmira
Mario Hermeto – locutor quermesse
Matheus Nachtergaele – Poeta
Maurício Gonçalves – Irineu, jovem
Melise Maia – enfermeira
Milena Toscano – Ilca Jobim
Milton Gonçalves – Mestre Irineu Serra
Murilo Elbas – Alexandrino
Murilo Grossi – Delegado da Polícia Federal
Mussunzinho – Dico
Nardel Ramos – policial
Natalio Maria – seringueiro velho 3
Neusa Borges – Zefinha
Nildo Parente – tio de Plácido
Nilvan Santos – seringueiro
Norival Rizzo – José Maia
Octacilio Coutinho – seringueiro
Odilon Wagner – Alarico
Osmar Prado – Gianni
Osvaldo Mil – Raimundão
Paschoal Vilaboim – Genésio
Patrick de Oliveira – Alípio
Pattricia de Aquino – mulher de Wilson
Paula Pereira – Maroca, 2ª fase
Paulo Ascenção – soldado
Paulo Betti – Gomes
Paulo Cesar Pereio – poeta 1, 1ª fase
Paulo Giardini – Juiz Longhini
Paulo Goulart – Tavares, 3ª fase
Paulo Nigro – Tavinho
Paulo Vespúcio – Alexandrino
Pedro Furtado – Carlinhos, 2ª fase
Pedro Magaldi – Augusto, infância
Pedro Paulo Rangel – Conrado
Pimentha Junior – rapaz armazém
Raul Franco – Geraldo
Ravi Lacerda – seringueiro 2
Regina Casé – Maria Ninfa
Renato Oliveira – Valdo
Ricardo Bravo – Lino Romero
Ricardo Magaldi
Ricardo Petraglia – Darly
Roberto Azzolinni – homem (palácio do governo)
Roberto Bonfim – Elias
Roberto Frota – Pedro Freire
Rogerio Barros – seringueiro professor
Ronaldo Dappes – Augusto, adolescência
Rony Cássio – Amâncio, 2ª fase
Rosane de Souza – outro dia
Rosimar de Mello – Mundinha
Ruth de Souza – madrinha entrevada, 2ª fase
Sergio Lelys – capataz
Sergio Monte – Tavares
Sheron Menezes – Veronica, 2ª fase
Silvia Buarque – Mary Alegretti
Silvio Pozatto – Reitor
Simone Debet – babá
Sóstene Vidal – Honório
Stepan Nercessian – Rola
Suyanne Moreira – Ianká
Suzana Faini – Zeferina
Sylvia Massari – Dalva de Oliveira, 2ª fase
Tania Alves – Dos Anjos
Tarcísio Filho – Orlando Lopes
Tatiana Tibúrcio – empregada de Beatriz
Tato Gabus – Brito, 3ª fase
Teca Pereira – Nazaré
Tereza Seiblitz – Olguinha, 2ª fase
Thales Coutinho – Lago
Thales Mendonça Mendes da Silva – menino
Theodoro Cochrane – organizador
Thiago Oliveira – Bento, 1ª fase, jovem
Thiago Tenório – Jorge
Thomaz Veloso Rebelo da Silva –menino 2
Tião D'Ávila – Helio Melo
Tonico Pereira – Genival
Tony Ravan – Lula
Totia Meireles – Dalva
Val Perre – Vitorino
Valter Santos – Nilo
Vanessa Giácomo – Ilzamar
Vanessa Priscila – Silvana
Vera Fischer – Lola
Victor Fasano – Gentil
Vinicius Soares – seringueiro
Wal Scheneider – seringueiro que a noiva não veio
Werner Schunemann – Rodrigo de Carvalho
William Ferreira – Senador Kasten
William Vita – Viriato
Wilson Rabelo – seringueiro 2
Yeda Dantas – mulher acreana
Zezé Polessa – Justine, 2ª fase

A Trama:
- Baseada nos romances O seringal, de Miguel Ferrante e Terra caída, de José Potyguara, a minissérie Amazônia – de Galvez a Chico Mendes narra a história do Acre, a última região a ser anexada ao território brasileiro. Durante muitos anos, o estado, antes Boliviano, atraiu nordestinos e estrangeiros que deixavam suas cidade em busca de uma vida melhor através da extração do látex. A busca incansável por novas áreas de extração prejudicou a natureza, cada vez mais explorada de forma predatória, e trouxe pobreza para a região. A minissérie conta todo esse processo, ao longo de 100 anos, através de três personagens centrais: Galvez (José Wilker), Plácido de Castro (Alexandre Borges) e Chico Mendes (Cássio Gabus Mendes). Para narrar a minissérie, Glória Perez misturou dados reais e ficção.
- A história começa em 1899, no Acre, e mostra a vida nos seringais no período áureo da borracha, quando apenas a região era produtora do material e despertava o interesse do mundo inteiro. De um lado, a família do seringueiro Bastião (Jackson Antunes). De outro, a do seringalista Firmino (José de Abreu). Fugindo da seca nordestina, Bastião chega ao Acre com a esperança de conseguir um futuro melhor para sua família. Ele é casado com Angelina (Magdale Alves), com quem tem dois filhos: Delzuite (Daniela Pinto) e Bento (Thiago Oliveira). Bastião se decepciona quando chega ao seringal Santa Rita, propriedade de Firmino, e percebe que a prosperidade que esperava ter não passava de ilusão. Assim como os demais seringueiros, Bastião e sua família estão nas mãos do coronel, que controla todos os seus gastos, monopolizando os produtos à venda no armazém e estabelecendo preços abusivos. Além disso, os seringueiros são obrigados a vender o látex que conseguiram para o dono do seringal onde trabalham. Os anos passam e Bastião vai nutrindo um ódio pelo coronel Firmino. Com a ajuda do Padre José (Antônio Calloni), ele e outros seringueiros passam a reivindicar seus direitos.
- Outra trama de destaque na primeira parte da minissérie é a de Delzuite (Giovanna Antonelli), filha de Bastião. Ela se transforma em uma linda jovem e desperta o interesse do seringueiro Viriato (Ilya São Paulo), que a pede em casamento. Delzuite aceita e acredita que a união lhe dará uma vida melhor. Ela não contava, no entanto, que um outro homem cruzaria o seu caminho e transformaria inteiramente seu destino. Ao conhecer Tavinho (Paulo Nigro), filho mais velho do coronel Firmino, ela se apaixona perdidamente por ele e não percebe que o rapaz, apesar de inúmeras promessas e juras de amor, não quer nada a sério com ela.
- Enquanto isso, o irmão de Delzuite, Bento (Emilio Orciollo Netto) torna-se cada vez mais amigo do filho mais novo do coronel Firmino, Augusto (Ronaldo Dappes). Os dois são os únicos personagens que permanecem nas três fases da história. Bento acredita que quando assumir as terras do pai, Augusto implementará mudanças para beneficiar os seringueiros. Mas o tempo acaba separando os dois e a velha e sincera amizade termina. Bento se decepciona com Augusto, que se torna um coronel tão autoritário e cruel como seu pai, Firmino.
- Outro personagem central da primeira fase da história é o Luiz Galvez. Paralelamente às tramas do seringal, a minissérie mostra a chegada do espanhol em Manaus, onde ele encontra uma antiga amiga, a bela Lola (Vera Fisher), uma cortesã esperta e ambiciosa, apaixonada por ele. Os dois decidem abrir uma casa noturna, que passa a ser freqüentada pelos grandes coronéis da borracha. Através do cabaré, Galvez descobre que a Bolívia está prestes a arrendar a região do Acre a um consórcio anglo-americano e decide iniciar um movimento pela conquista do Acre. A primeira fase também apresenta o advogado José de Carvalho (Juca de Oliveira), personagem que batalha para conquistar a independência do Acre. Ele é amigo e advogado de Firmino.
- Sedutor, Galvez atrai e se envolve com muitas mulheres. Além de Lola, ele tem uma história mal resolvida com Beatriz (Débora Bloch). No início da trama, Beatriz é amante de Galvez. Bonita e cheia de vida, Beatriz vive no Rio de Janeiro com o marido Gomes (Paulo Betti). Ela acredita nas promessas do espanhol e decide abandonar o marido para fugir com ele. Galvez, no entanto, não cumpre o prometido e parte sozinho para Manaus. Abandonada pelo amante e pelo marido, Beatriz decide ir atrás de Galvez, em Manaus. No norte do país, depois de se envolver com Lola, Galvez se apaixona por Maria Alonso, dançarina da Companhia Zarzuela que se apresenta em seu cabaré. A dançarina não resiste aos encantos do espanhol e decide largar o marido Gianni (Osmar Prado) e a carreira para ficar com ele. Quando Galvez decide ir para o Acre para lutar pela independência do estado, Maria Alonso se arrepende de ter deixado o marido. Com o passar do tempo, ele decide pedir perdão a Gianni e os dois se reconciliam. Já Beatriz não consegue esquecer Galvez e passa as três fases da história sofrendo por não ter conseguido ficar ao lado de seu amor.
- A família do coronel Firmino também traz outro núcleo de personagens importantes na história. Ele é casado com Julia (Malu Valle), mas mantém um caso com Justine (Leona Cavalli), dançarina do cabaré de Lola. Justine se apaixona pelo coronel e engravida dele. Firmino decide deixar o bebê em uma cesta na frente de sua própria casa para que Julia, comovida com a criança abandonada, decida criá-la. Julia sabe que aquele menino é filho de seu marido com Justine, mas decide educá-lo com todo seu amor e Leandro (Dan Stulbach) cresce como irmão de Tavinho e Augusto. Em determinado momento da história, Julia toma um chá de uma erva venenosa e morre. Beatriz acha que com a morte da irmã, se casará com Firmino, mas ela se revolta ao saber que o cunhado irá se casar com Justine e ela continuará solitária.
- Ciente da conflituosa situação do Acre, Galvez decide agir. O estado vive uma difícil situação, pois, apesar de ser território boliviano, fora povoado por brasileiros que migravam do Nordeste atraídos pela exploração da borracha. Quando a Bolívia decide retomar seu território, de olho no lucro obtido com o látex extraído das seringueiras, o governo brasileiro não se opõe, pois a região, de acordo com o Tratado de Ayacuchi, pertencia ao país vizinho. O povo acreano se revolta com a situação e seringueiros, liderados por Galvez, resistem à ocupação boliviana. Em 14 de julho, concretizam a criação do Estado Independente do Acre, com capital na cidade do Acre, antes chamada Puerto Alonso. Galvez é aclamado presidente do novo país, com bandeira e hino próprios. Com o tempo, Galvez acaba despertando o descontentamento de muitos seringalistas, que se revoltam com os impostos cobrados pelo novo governo. Galvez foi deposto pelo seringalista Antônio de Souza Braga, que não consegue se manter no poder e devolve o comando ao espanhol. O Governo Federal Brasileiro, porém, sabendo que o não cumprimento do tratado coloca em risco suas relações internacionais, ameaça entrar em guerra com o novo país. Sem saída, Galvez é destituído e o Brasil devolve a região do Acre à Bolívia. Galvez, com malária, parte para Belém, onde fica durante um tempo, até retornar à Espanha.
- Enquanto isso, Plácido de Castro, jovem militar gaúcho, decide tentar a sorte no Norte do país, demarcando seringais na Amazônia. Apesar de jovem, é um homem austero e rígido, um militar por vocação. É nesse mesmo momento que o ex-governador do Acre, Ramalho Jr. (Cláudio Marzo), financia a Expedição dos Poetas, sem o conhecimento do governo central, liderada por Orlando Lopes (Tarcísio Filho), com o apoio de Rodrigo de Carvalho (Werner Schunemann), para expulsar os bolivianos e retomar o Acre. O levante intelectual, no entanto, é derrotado. Amigo de Plácido, Orlando o convoca para lidera um novo embate. Plácido aceita e passa a ensinar noções militares e treinar os seringueiros, que, armados com facões, conseguem derrotar o exército formal boliviano. Ao alcançar Xapury e obter a adesão de toda população local, Plácido proclama a independência do estado do Acre e é aclamado governador do Estado Independente. A Bolívia reage novamente, mas é derrotada. O governo Brasileiro interfere e envia tropas à região, com o intuito de tomar o poder. Plácido recusa-se a lutar contra o Exército Brasileiro e dissolve o exército acreano. O militar decide se mudar para o Rio de Janeiro. Quando volta ao Acre, algum tempo depois, é nomeado prefeito, mas por pouco tempo. Em agosto de 1908, Plácido de Castro sofre uma emboscada e morre. Apesar da luta de sua família por justiça, seus assassinos nunca foram punidos.
- Há uma passagem de tempo de quatro décadas e a segunda parte da minissérie tem início na década de 1940. A fase retrata o período de decadência da borracha e é contada através de tramas ficcionais. Com a plantação organizada das seringueiras na Malásia, o Brasil perde a liderança na produção e vê o preço do látex cair no mercado. Nessa segunda fase, toda a riqueza decorrente do ciclo da borracha estava distribuída desigualmente, o que acentuava ainda mais a diferença entre as classes dominantes e os seringueiros.
- O coronel Firmino morre e, como Tavinho mora na Europa, cabe a Augusto (Humberto Martins) a tarefa de cuidar dos negócios do pai. Para decepção de Bento, Augusto se torna um patrão tão injusto quanto seu pai. Augusto está de casamento marcado com a doce Risoleta (Julia Lemertz), mas ele é amante de Anália (Letícia Spiller), mulher de Tiburtino (Ernani Moraes). Seu irmão Leandro não gosta do jeito que Augusto trata Risoleta, por quem é apaixonado. Leandro é um homem digno e honesto, que discorda das atitudes de seu irmão com os seringueiros. Ao longo da trama, Leandro declara seu amor à Risoleta. No início, ela resiste, mas aos poucos, acaba cedendo às investidas do cunhado. Com medo da perseguição de Augusto, os dois decidem fugir juntos. Quem não gosta nada da aproximação entre Leandro e Risoleta é Beatriz (Irene Ravache). Ela teme que o filho bastardo de Firmino atrapalhe o casamento de seu sobrinho, assim como Justine (Zezé Polessa) fez com o casamento da irmã. Beatriz e Justine vivem trocando farpas e não escondem a raiva que sentem uma da outra.
- Outro personagem importante da segunda fase da história é Ramiro (Caio Blat), filho de Delzuite e Tavinho. O rapaz pensa que é filho do boto, história que sua mãe contara na época que engravidou, quando Tavinho não assumiu a paternidade. Ramiro trabalha no seringal Santa Rita e é casado com Ciça (Camila Rodrigues). Os dois vivem felizes até o dia em que Ramiro resolve dar abrigo a Heraldo (João Miguel), um soldado da borracha que não tem onde morar. Heraldo tenta seduzir Ciça, causando uma situação desconfortável para ela. Um dia, Ramiro chega em casa e vê Heraldo tentando agarrar Ciça. Descontrolado, ele o mata e acaba preso.
- Mestre Irineu Serra (Milton Gonçalves) é outro personagem de destaque na segunda fase da minissérie. Ele leva a ayahuasca para Rio Branco e funda, em torno da bebida, uma comunidade religiosa atualmente conhecida como o Santo Daime. Mestre Irineu vai ao seringal a pedido da Madrinha Entrevada (Ruth de Souza), que ficou com as pernas paralisadas depois de ser atacada por uma onça quando era jovem. Com o passar dos anos, ela começou a sentir dores muito fortes. Madrinha Entrevada também conta com a ajuda da neta Ritinha (Brendha Haddad). A jovem é fisicamente idêntica à sua mãe, por quem Bento fora apaixonado quando era mais moço. Ao encontrar Ritinha no seringal, Bento fica confuso com a semelhança entre a jovem e seu grande amor. Ritinha, no entanto, se envolve com Toinho (André Arteche), deixando Bento sem esperanças. Ele desiste de Ritinha e decide se casar com a seringueira Carminha (Carolina Holanda).
- Outras tramas paralelas da segunda da história são: a vida de Conrado (Pedro Paulo Rangel) e Maroca (Paula Pereira); o poeta Juvenal (Diogo Vilela), recém-chegado ao território para ocupar o cargo de promotor de justiça, apaixonado por Verônica (Sheron Menezes); e a família do governador do Acre (Roberto Bomfim): sua mulher Olguinha (Tereza Seiblitz) e seu filho Carlinhos (Pedro Furtado). A segunda fase da minissérie também mostra a infância de Chico Mendes (Brunno Abrahão) e suas primeiras experiências no seringal.
- A terceira fase da história se passa na década de 1980 e apresenta Chico Mendes (Cássio Gabus Mendes) adulto, a terceira figura emblemática na história do Acre. Preocupado com a exploração desenfreada da floresta amazônica e a precária situação dos seringueiros, Chico Mendes decide se organizar para lutar por mudanças. Além da desvalorização dos seringais, da exploração dos fazendeiros locais, que desmatavam as áreas para fazer pastos de gado, a construção da Transamazônica também leva prejuízo para a região. Chico Mendes une seringueiros e índios em uma grande frente e desperta a revolta dos fazendeiros locais.
- O grande amigo de Chico Mendes é Bento (Lima Duarte), personagem que acompanha toda a história do seringal. Seu amigo de infância Augusto (Francisco Cuoco), também esteve presente nas três fases da minissérie e ilustrou a trajetória dos coronéis da borracha, desde o auge da exportação do látex, no final do século XIX, até a decadência dos seringais, vendidos a agropecuaristas e transformados em pasto para gados. O doce e honesto Bento é casado com Carminha (Cristiana Oliveira), mas nunca esqueceu Ritinha, seu único e verdadeiro amor. Com o apoio de outros líderes seringueiros, Bento e Chico Mendes lutam contra os interesses de Tavares (Paulo Goulart), Darly Alves (Ricardo Petráglia) e Brito (Tato Gabus), poderosos fazendeiros da região. Os três decidem neutralizar as ações de Chico Mendes e, para aterrorizar os seringueiros, mandam matar Wilson Pinheiro (Leonardo Medeiros).
- Os seringueiros ficam arrasados com a morte do companheiro, mas Chico Mendes não desiste de sua luta. Ele conta com o apoio de dois amigos influentes: a antropóloga Mary Alegretti (Sílvia Buarque) e o cineasta inglês Adrian (Leopoldo Pacheco). Mary vai para o Acre por conta de sua tese sobre seringais e acaba se tornando participante ativa na luta dos seringueiros. Ao lado de Chico Mendes, realiza o projeto seringueiro, que inclui o levantamento de escolas nos seringais e a formação de uma cooperativa. Depois de assistir a um discurso de Chico Mendes em Brasília, Adrian decide fazer um filme sobre ele, e passa a segui-lo dia e noite. Através do apoio dos dois amigos, Chico Mendes consegue expor suas idéias para os membros de uma instituição financeira internacional em uma reunião nos Estados Unidos. O seringueiro vai a Washington e sensibiliza as autoridades estrangeiras para a causa da Amazônia. A repercussão do discurso de Chico Mendes é grande e ele chega a ser entrevistado pelo jornal New York Times. O financiamento aos fazendeiros no Acre é suspenso, o que gera revolta entre eles. Tavares, Brito e Darly não vêem outra alternativa a não ser acabar com a vida de Chico Mendes. Ameaçado, o seringueiro passa a andar com seguranças.
- Chico Mendes recebe diversos prêmios internacionais pelo serviço prestado à causa do meio ambiente e seu nome torna-se cada vez mais conhecido no mundo todo. Sua causa também era apoiada pelo padre Cláudio (Bertrand Duarte) e pelo jornalista Elson Martins (Alexandre Liuzzi), entre outros. O padre Cláudio defendia as ações de Chico Mendes em suas missas e também se tornou inimigo dos fazendeiros locais, que o obrigaram a deixar a cidade. Cláudio decide largar a batina em nome da luta pela preservação da Amazônia e ao apoio a Chico Mendes. O jornalista Elson Martins acompanhou de perto toda a saga de Chico Mendes, de 1975 até a sua morte, em dezembro de 1988.
- A situação se agrava quando Chico Mendes impede que Darly compre as terras dos seringueiros e o fazendeiro tem suas terras desapropriadas pelo governo. Ciente dos inimigos que conquistou devido à sua luta, Chico dá uma entrevista à imprensa e afirma que será assassinado. Em 22 de dezembro de 1988, o seringueiro é baleado em sua própria casa, em Xapury, e morre nos braços de sua mulher, Ilzamar (Vanessa Giácomo), que assiste, sem poder fazer nada, a omissão dos policiais responsáveis pela segurança de seu marido.

Produção:
- Entre agosto e outubro de 2006, durante 72 dias, a equipe gravou cenas na região Norte, em locações no Acre e no Amazonas. Ao todo, 150 profissionais, entre as equipes de direção, produção, cenografia, figurino, produção de arte, caracterização, efeitos especiais, técnicos e elenco gravaram em florestas, rios, praias e centros históricos. Foram enviadas cerca de 20 toneladas de equipamento e mais de 16 mil peças de figurino confeccionadas especialmente para a minissérie.
- No Acre, a locação para a construção da cidade cenográfica foi escolhida em função da paisagem: no meio da floresta, em Porto Acre. Às margens do Rio Acre, a equipe da TV Globo construiu duas cidades cenográficas que reproduziam o mesmo local, porém em épocas distintas do final do século XIX. Uma delas é Puerto Alonso, após a chegada de Luiz Galvez, que depois passou a se chamar Porto Acre. As cidades foram levantadas numa área de mais de dois mil metros quadrados em apenas um mês. Foram contratados cerca de 300 profissionais para auxiliar a equipe da TV Globo. Todas as edificações foram produzidas com material da região.
- Em Manaus foram gravadas as cenas que retratavam o glamour da belle époque. No início do século XX, a capital amazonense era a cidade mais desenvolvida e uma das mais prósperas do mundo, pois todo o lucro obtido com a venda do látex era investido na cidade, que se transformou também em um atraente pólo cultural. São desse período o Teatro Amazonas, o Palácio da Justiça, o Palácio Rio Negro e o prédio da Alfândega, cenários que serviram de pano de fundo para as gravações da minissérie.
- Para reproduzir o porto da cidade, um dos locais mais importantes da época, por causa da entrada e saída do látex, sete barcos e quatro canoas foram adaptados para as cenas que mostram a movimentação comercial no rio Acre e a chegada e partida dos personagens da história. A equipe de cenografia também procurou materiais desgastados pelo tempo para dar maior veracidade à época retratada pela primeira fase da minissérie.
- A produção de arte também contou com o trabalho de profissionais locais para fabricação de objetos de cena. Moringas, garrafas de barro com pinturas específicas, entre outros artefatos, foram encomendados a artesãos e às tribos indígenas locais. As carroças e cangalhas, utilizados para o transporte de carga, também foram produzidas na região. A equipe de produção de arte teve a incumbência de reproduzir materiais específicos da época, como balanças do século XIX, onde a borracha era pesada, as machadinhas usadas para a extração do látex da seringueira, armas e facões, entre outros objetos. Todo esse material saiu do Rio de Janeiro rumo ao Acre em quatro caminhões.
- Outro desafio da produção de arte foi reproduzir os uniformes dos guerrilheiros bolivianos, que eram retratados na minissérie. A equipe entrou em contato com pesquisadores na Bolívia para reunir informações sobre o uniforme.
- Outros cenários da minissérie foram feitos na Central Globo de Produção, em Jacarepaguá. Em uma área de aproximadamente 5.500 m², foram construídas cinco cidades cenográficas que contaram os cem anos retratados pela trama. Para a elaboração do projeto das cidades cenográficas foram consultados fotos, livros e enciclopédias sobre o desenvolvimento de Manaus. A sede do seringal foi igualmente reproduzida na Central Globo de Produção. Para reproduzir os seringais, a equipe de cenografia visitou alguns abrigos ainda existentes em Xapury, no Acre. Todo o projeto tem o estilo dos chalés dos seringais do início do século XX. Entre os cenários em estúdio, destacam-se o cabaré da personagem Lola e os interiores das casas de Manaus e do Acre de Firmino. Graças à computação gráfica, atrás da casa de Firimino podia se ver o Teatro Municipal do Amazonas. A cidade de Rio Branco também foi reproduzida na Central Globo de Produção.
- A equipe de figurino de Amazônia realizou um trabalho cuidadoso para reproduzir as diferentes fases dos personagens da história. Na primeira fase, que começa no final do século XIX, estão representadas três diferentes comunidades: a aristocracia, os seringueiros e as tribos indígenas. Durante o áureo período da borracha, os seringueiros usavam um uniforme fornecido pelos seringalistas: uma calça, uma camisa de material resistente chamada gandola e um barrete, uma espécie de chapéu. Destaca-se o figurino da parteira Maria Ninfa (Regina Case), que usava um cinto com apoio, onde ficavam ervas, facas, crucifixos, entre outros utensílios para benzer e fazer partos.
- Em oposição aos figurinos do núcleo de personagens do seringal estava o glamour da belle epoque de Manaus. Seguindo a moda européia, homens e mulheres esbanjavam riqueza. O figurino de Maria Alonso, personagem de Christiane Torloni, fazia referência à cultura espanhola, muito sensual e feminino. As roupas de Lola, interpretada por Vera Fisher, foram inspiradas no visual da Rainha Alexandra. A tiara usada pela personagem é o símbolo de Diana, a deusa grega da caça.
- Para auxiliar na composição de seus personagens, alguns atores visitaram o Seringal Chico Mendes, uma área de preservação em Xapury, no Acre, para se familiarizarem com o cotidiano do universo dos seringueiros. Thiago Oliveira, Anderson Muller, Márcio Vito, Val Perre, Paulo Nigro, Antônio Pitanga, Humberto Martins, entre outros atores, passaram três noites no local, absorvendo um pouco do linguajar e das tarefas desempenhadas pelos seringueiros. Letícia Spiller, Giovanna Antonelli, Magdale Alves, Cacau Melo, Tânia Alves e Suyanne Moreira ficaram no alojamento, acompanhando a rotina das mulheres dos seringueiros. Elas aprenderam sobre culinária local e conheceram histórias reais de quem vivenciou a época retratada pela minissérie.

Curiosidades:
- Filha de acreanos, Gloria Perez nasceu no Rio de Janeiro. Com um mês de idade, voltou para o Acre com os pais, e lá morou até os 16 anos. A autora conta que narrar a história de sua terra natal era um sonho antigo. Com o desenvolvimento de novas tecnologias e equipamentos que permitem gravar em plena floresta amazônica, o projeto pôde ser concretizado.
- Em julho de 2006, autora, diretor, elenco e equipe se reuniram em um workshop especial sobre os temas abordados pela minissérie, como o cotidiano dos seringueiros e a conquista territorial do Acre. Participaram do workshop o então governador do Acre, Jorge Viana, o seringueiro Aldenor da Costa Cruz, a parteira Martinha de Almeida Pinto, Lupércio Freire Maia, antigo soldado da borracha que migrou do Nordeste para o Acre para servir na Amazônia, entre outros nomes. A então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, também participou do encontro e, entre outros temas, falou sobre Chico Mendes. Os filhos de Chico Mendes, Sandino e Elenira, estiveram presentes ao workshop, que também contou com a presença dos jornalistas Armando Nogueira e Zuenir Ventura – o primeiro por ter nascido no Acre e o segundo, por ter feito a cobertura da morte do seringalista Chico Mendes.
- A minissérie marcou a estréia na televisão de muitos atores: Brendha Hadad, Sóstenes Vidal, José Ramos, Val Perre, Eunice Bahia, Luci Pereira, Magdale Alves, Marcio Vito, Suyanne Moreira, entre outros nomes.
- Cora Rónai, Zuenir Ventura, Mary Akiersztein e Elson Martins fizeram uma participação especial no último capítulo da minissérie, durante a seqüência do enterro de Chico Mendes.
- A soprano Claudia Riccitelli e o tenor Marcos Paulo fizeram uma participação especial na história.
- A Rede Globo promoveu uma exposição sobre a minissérie no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Através de vídeos e fotos, o público pôde conhecer um pouco sobre a história do Acre e da Amazônia. Além disso, o visitante se deparou com um painel de 83 metros de comprimento e quatro metros de altura reproduzindo a selva amazônica. Peças usadas pela cenografia e produção de arte da minissérie também estavam expostas.
- Em novembro de 2006, a autora Glória Perez, o diretor Marcos Schechtman, a produtora de arte Ana Maria Magalhães, a cenógrafa Juliana Carneiro e a figurinista Emilia Duncan participaram de um seminário na FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado), em São Paulo, sobre a minissérie. A iniciativa foi do Globo Universidade, setor da TV Globo que tem o objetivo de gerar um intercâmbio de conhecimento e diálogo acadêmico com instituições de ensino superior. Em parceria com a FAAP, o seminário Amazônia, de Galvez a Chico Mendes reuniu a equipe da minissérie para debater e refletir com estudantes e professores sobre os processos de criação e produção da minissérie filmada no Acre.
- A autora Glória Perez foi homenageada pelo então governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, pelo trabalho desenvolvido na minissérie. A homenagem foi feita durante um evento em comemoração a Plácido de Castro e aos 104 anos da revolução acreana comandada pelo militar gaúcho.

Trilha sonora:
- A música de abertura da minissérie foi Caminho das águas, de Rodrigo Maranhão, interpretada por Maria Rita. Entre as canções nacionais da trilha sonora, destacam-se A noite de meu bem, sucesso de Dolores Duran na voz de Milton Nascimento; Espere por mim, morena, de Gonzaguinha; e Luar do sertão, composição de Catulo da Paixão Cearense na voz de Roberta Miranda.

Fonte: Memória Globo