terça-feira, 30 de março de 2010
Aquarela do Brasil
Autoria: Lauro César Muniz
Colaboração: Rosane Lima
Direção: Jayme Monjardim, Carlos Magalhães e Marcelo Travesso
Direção geral: Jayme Monjardim e Carlos Magalhães
Período de exibição: 22/08/2000 - 01/12/2000
Horário: 22h30
No de capítulos: 60
Elenco:
Adriana Lessa - Neide
Alexia Deschamps - Helen
Ana Rosa - Salete
André Barros - Sargento Raimundo
André Luiz Miranda - Pitu
Ângela Vieira - Velma
Bete Mendes - Olga
Caio Junqueira - Paulo
Carlos Gregório - Dr. Estêvão
Carolina Macieira - Zezé
Chica Xavier - Celeste
Cláudio Marzo - Rodolfo
Clemente Viscaíno - Dr. Erasmo
Dandara Guerra - Maria
Daniela Escobar - Bella Landau
David Correa
Debora Olivieri - Fanny
Edson Celulari - Capitão Hélio Aguiar
Eloisa Mafalda - Margarida
Ernani Moraes - Ivo
Felipe Kannemberg - Axel Bauer
Fernanda Muniz - Clarita
Fernanda Rodrigues - Luísa
Flavia Alessandra - Beatriz
Francisco Milani - Dr. Jairo
Gerson de Abreu - Pipo
Gilberto Marmorosch - Jakob Manheimer
Graça Berman - Sofia
Gracindo Junior - Ramón Garcia
Guilherme Correa - Padre José
Igor Lage
Ivone Hoffman - Ruth Bronstein
Jackson Antunes - Major Wálter
João Signorelli - Álvaro
José Steimberg - Max Bronstein
Luciano Szafir - Maurício
Malu Valle - Soraya
Marco Ricca - Felipe Martins
Marcos Frota - Casaca
Maria Fernanda Cândido - Isaura (Isa Galvão)
Myrian Rios - Zuleica
Natalia do Valle - Dulce
Nicette Bruno - Glória
Norton Nascimento - Bemol
Odilon Wagner - Armando Vásquez
Olivetti Herrera - Tenente Rafael
Othon Bastos - Coronel Mendes
Paulo Goulart - Gabriel La Guardia
Regina Remescius - Anna Pekelman
Reynaldo Gonzaga - Capitão José
Roberto Bataglin - Tenente Gomes
Roberto Frota - Ribeiro
Roberto Pirillo - Dr. Argeu
Ruy Resende - Gastão
Samuel Costa - Dirceu
Sebastião Vasconcellos - Belmiro
Serafim Gonzalez - Aníbal
Silvio Guindane - Dagô (Gilberto)
Talita de Castro - Marina
Thiago Farias - Poeira
Thiago Lacerda - Mário Lopes
Thiago Oliveira - Brasito
Thierry Figueira - Milton
A Trama:
- A trama de Aquarela do Brasil tem início na fictícia cidade de Roseiral, no interior do Rio de Janeiro, em 1943, quando o Brasil começava a se mobilizar para enviar tropas para a Segunda Guerra Mundial. O período histórico compreendido pela minissérie avança até 1950, ano que marca o advento da televisão no cenário nacional. Com enredo romântico e centrado na ascensão da cantora Isa Galvão (Maria Fernanda Cândido) durante o período áureo do rádio, a trama apresenta o triângulo amoroso vivido pela cantora, Hélio (Edson Celulari) e Mário (Thiago Lacerda).
- Como uma jovem sonhadora do interior, Isaura Martins Pereira morava na casa dos pais, Olga (Bete Mendes) e Delmiro (Sebastião Vasconcelos). Seu pai trabalhava na construção da siderúrgica de Volta Redonda, que, na época, se tornara área de segurança nacional. A família era composta, ainda, por Felipe (Marco Ricca), irmão de Olga. Tio de Isaura e seu principal incentivador, ele participara em sua juventude da Ação Integralista e, em função disso, era investigado como suposto colaborador de uma rede de espionagem nazista. Felipe transmitiria códigos cifrados através de um sinal de rádio, captado pela contra-espionagem do exército brasileiro. O fato de ter sido preso e fichado na polícia, ainda em 1938, aumentava as suspeitas dos militares.
- Para desvendar o caso, chegam a Roseiral tropas sob o comando do capitão Hélio, um militar íntegro e patriota. Na mesma época, também estava de passagem pela região o Parque Imperial, responsável por um concurso que elegeria a melhor voz entre cantores amadores do local. Isaura, que sempre se destacara no coral da igreja, vê no concurso, conhecido por “peneira”, a chance de ganhar visibilidade e realizar o sonho de cantar nas rádios, mudando-se para a capital federal. Felipe consegue inscrever a sobrinha no concurso e a leva para cantar na cidade vizinha, Volta Redonda. Durante o evento, porém, Felipe percebe que está sendo seguido e foge. Na hora em que Isaura sobe ao palco para cantar, o capitão Hélio a vê e se apaixona. Isaura é a grande vencedora da noite.
- Ao chegar em casa, Felipe tem a residência cercada por militares e acaba preso. Hélio impede que Isaura entre em sua própria casa, e é assim que os dois se conhecem, entre os horrores do Estado Novo e da guerra. Embora cumprindo seu dever, Hélio acredita na inocência de Felipe, em função da luta de Isaura, e passa a ajudá-la na tentativa de provar a inocência do tio. No decorrer da trama, é descoberto o envolvimento dos vizinhos de Isaura nas transmissões espiãs captadas pelo exército, e o próprio Hélio se oferece para testemunhar a favor de Felipe. Antes disso, porém, com a transferência de Felipe para um presídio na capital, Isaura e Hélio se mudam para o Rio de Janeiro, e a paixão entre eles aumenta. Apesar disso, Hélio está noivo e de casamento marcado com Beatriz (Flávia Alessandra), filha de uma importante família da capital.
- Isaura se afasta do militar e, dividindo seu tempo entre as visitas ao tio e a busca por uma oportunidade no rádio, acaba conhecendo Mário Lopes, um músico apresentador do programa Piano na noite, da fictícia Rádio Carioca. Ao se envolver com ele, Isaura entra para o mundo da música, cantando para alguns de seus amigos e, em seguida, no night club Havana, onde Mário também trabalhava. Ela assume, então, o nome artístico de Isa Galvão, e passa a cantar na famosa Rádio Carioca, com a ajuda de Mário, Armando (Odilon Wagner) e sua amante Velma (Ângela Vieira), uma ex-vedete do Cassino da Urca.
- A evolução dos programas de rádio e sua importância para a época são mostradas como pano de fundo da trama principal. Circulam nesse ambiente Pipo (Gerson Abreu), um técnico da rádio amigo de Mário, e Soraya (Malu Valle), que apresenta um programa de sucesso no qual é uma espécie de conselheira sentimental, respondendo indagações de suas ouvintes.
- Ao ver-se distante de Hélio e imaginando que ele já estaria casado, Isa se envolve ainda mais com Mário, com quem tem a música como forte ligação. Mesmo assim, ela não esquece seu grande amor pelo militar.
- Representando o nascimento do samba, que então descia dos morros cariocas para as rádios, há o núcleo que habita uma favela. Bemol (Norton Nascimento) é um compositor de sambas muito procurado por artistas renomados, e também é amigo de Mário. Bemol tem Celeste (Chica Xavier) por sua mãe e gosta de Neide (Adriana Lessa), que mora com um de seus dois filhos, o pequeno Pitu (André Luiz Miranda).
- Passado algum tempo, Hélio reaparece declarando seu amor por Isa e dizendo que havia desfeito seu casamento. Ele a pede em casamento, e ela aceita. Os dois resolvem morar juntos na casa de Hélio, sob a companhia de sua mãe, Glória (Nicette Bruno), que, todavia, antipatiza com a nora. Quando o Brasil se envolve diretamente na guerra, Hélio é enviado para a Itália, e Isa decide ir junto, servindo como enfermeira nos campos de batalha. Os personagens embarcam junto com a Força Expedicionária Brasileira (Feb) e vivenciam os mais violentos episódios.
- De volta ao Brasil com o fim da guerra, o relacionamento entre Isa e Hélio entra em crise, depois que ele se vê sexualmente impotente, traumatizado com o conflito. A mãe sempre interfere na sua relação com a esposa, e ele cede, pedindo a Isa que o deixe viver sozinho a humilhante impotência e aconselhando-a a mudar-se para a casa de um tio. Ela se nega a sair, afirmando que o ama demais para deixá-lo. Hélio, então, pede que Isa faça isso por ele. E ela aceita.
- Isa sai de casa e torna a procurar a Rádio Carioca, retomando seu sucesso anterior. Ela volta a conviver com Mário, mas sem se deixar envolver por ele, visto que continuava casada. Algum tempo depois, Hélio volta a ver Isa e diz acompanhar seu sucesso de longe. Ela diz o mesmo, já que Hélio se tornara major e um dos homens de confiança do presidente. No reencontro, o militar afirma que algum tempo depois que ela saiu de casa, ele se viu curado, mas não a procurou novamente por não querer atrapalhar sua vida. Ela reafirma sua posição de mulher casada e revela que não se envolveu com ninguém. Hélio, então, diz estar de malas prontas para viajar, para servir como adido militar em uma base nos EUA, e Isa sente ciúmes de uma amiga que o acompanha. No fim, ele desiste da viagem, e ela se despede de Mário, que reafirma seu amor pela cantora e revela sua disposição de esperá-la. Hélio e Isa viajam juntos de barco, rumo a um futuro, desta vez, comum.
- O drama dos refugiados de guerra também é abordado pela história, que retrata a luta de Bella Landau (Daniela Escobar), uma jovem que é salva de um campo de concentração nazista por Axel Bauer (Felipe Kannemberg), oficial do exército de Hitler que se apaixonara por ela. Ele foge como desertor e vem com sua amada para o Brasil. A tragédia dos judeus que foram vítimas do Holocausto, ou que fugiam de seus países de origem para tentar vida nova em outros locais, também é tratada com sensibilidade pelo autor.
Produção:
- Para retratar os anos 1940, a equipe da minissérie contou, ao todo, com cerca de dois mil profissionais. Mesmo utilizando locações em São José do Barreiro (SP) e em Conservatória (RJ), foi criada uma cidade cenográfica no Projac, sob responsabilidade de Raul Travassos, onde ruas e favelas do Rio antigo foram reproduzidas. Lá, foram realizadas as gravações do night club Havana, da Rádio Carioca e da mansão de Armando.
- Para compor com fidelidade a época retratada, parte da equipe ficou responsável por conseguir consultores e documentos do exército, da polícia e, também, de associações de refugiados judeus. Através de entrevistas, foi colhido um importante leque de informações protocolares, sobre as fardas militares da época, procedimentos médicos utilizados e os campos de batalhas, que serviram para garantir credibilidade ao trabalho.
- Ao fim de cada capítulo, eram exibidos trechos de um cine-jornal do Departamento de Imprensa e Propaganda (Dip) do Estado Novo, do acervo da Cinemateca Brasileira, que serviam para aproximar ainda mais o público dos temas retratados. Também foi utilizado o filme, até então inédito, Rio de Janeiro, the capital of Brazil (1942), rodado em 16 mm e patrocinado pelo governo norte-americano.
- Algumas semanas antes da estréia de Aquarela do Brasil, outdoors e anúncios publicados em jornais de diversas capitais brasileiras convidaram pessoas que vivenciaram a década de 1940 a contarem suas experiências. O depoimento de algumas dessas pessoas foi utilizado como chamada para a série, como no caso de Oswaldo Hanna, que havia sido pracinha da Feb. Ele contou sobre a sua ida para a Europa, em 1944, em uma viagem de navio com a duração de 12 dias. Na Itália, chegou a enfrentar um frio de 26 graus abaixo de zero, passando fome e vendo muita gente morrer.
- Para melhor reconstituição da época, atores, atrizes, figurantes e equipe técnica participaram de workshops especiais. Leila Mendes e Rossana Terranova, professoras de expressão corporal, foram responsáveis pelas leituras de texto. Além disso, os participantes analisaram objetos de época e assistiram a palestras explicativas, que completaram a imersão no ambiente cultural dos anos 1940. O ator Mário Lago, autor da música Ai que saudades da Amélia, de 1942, contou um pouco da sua experiência no rádio, veículo em que exerceu as funções de jornalista, roteirista e ator.
- Mais de 200 figurantes estiveram presentes nas encenações de ataque aéreo ao acampamento militar. Além da cidade cenográfica, foram gravadas cenas no Campo dos Afonsos, no Rio, onde soldados e enfermeiras simulavam o embarque, e na área militar de Gericinó, onde se concentrou a maior parte das cenas de batalha.
Curiosidades:
- Aquarela do Brasil reuniu novamente o diretor Jayme Monjardim e o autor Lauro César Muniz, após o sucesso de Chiquinha Gonzaga, também assinada pela dupla.
- Paulo Lóis, responsável pelos figurinos, foi a fundo em sua pesquisa e acabou descobrindo uma curiosidade que duplicou seu trabalho. Os uniformes utilizados pelos soldados brasileiros, além de não se adequarem ao frio italiano, eram muito parecidos com os utilizados pelo exército inimigo, os alemães. A partir desse fato, os pracinhas passaram a vestir fardas cedidas pelos norte-americanos.
- Para viver uma judia refugiada dos campos de concentração nazistas, Daniela Escobar emagreceu cerca de dez quilos e cortou o cabelo bem curto. Ela também aprendeu noções de romeno para reproduzir melhor o sotaque. O desempenho da atriz comoveu o telespectador e rendeu elogios da crítica especializada. Aleksander Henyk Laks, na época presidente da Associação Brasileira dos Israelitas Sobreviventes da Perseguição Nazista, um judeu polonês, deu consultoria à minissérie e acompanhou a atriz em visita a uma sinagoga.
- A série foi vendida para Argentina, Canadá, Chile, Itália, Iugoslávia, Peru, Portugal, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.
Trilha sonora:
- Como canção-título da minissérie, Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, foi cantada por Roberta Lombardi. Além desta, também fizeram parte da trilha músicas como Por toda vida, de Marcus Vianna, executada pela Transfônica Orkestra, como tema de Isa; Samba rasgado, de Portello Juno e Wilson Falcão, cantada por Ney Matogrosso; e Nervos de aço, de Lupicínio Rodrigues, na voz de Paulinho da Viola.
Fonte: Memória Globo
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