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terça-feira, 30 de março de 2010

A Invenção do Brasil



Autoria: Guel Arraes e Jorge Furtado
Direção: Guel Arraes
Período de exibição: 19/04/2000 - 21/04/2000
Horário: 22h
Nº de capítulos: 3

Elenco:
Camila Pitanga - Paraguaçu
Débora Bloch - Isabelle D’Avezac, marquesa de Sevigny (participação especial)
Deborah Secco - Moema
Diogo Vilella - Fulgêncio (participação especial)
Luís Melo - dom Vasco de Athayde
Marco Nanini - apresentador/narrador
Pedro Paulo Rangel - dom Jaime (participação especial)
Selton Mello - Caramuru (Diogo Álvares Corrêa)
Tonico Pereira - cacique Itaparica, líder dos Tupinambás

A Trama:
- Por meio de uma trama que reúne ficção, documentário e comédia, A invenção do Brasil é uma paródia que tem como fio condutor a trajetória de Diogo Álvares Corrêa (Selton Mello), um degredado português que viveu no Brasil no século XVI, e Paraguaçu (Camila Pitanga), uma índia por quem ele se apaixona. Marco Nanini é o narrador da minissérie, que apresenta fatos históricos ligando a vida do jovem Diogo à realidade sócio-cultural nos idos de 1500, durante o período das grandes navegações, além de retratar sua chegada ao Brasil.
- A trama tem início quatro meses antes da chegada de Diogo, quando ele ainda era um pintor de retratos da corte portuguesa. Em seu ateliê, o jovem recebe a visita do comandante Dom Vasco de Athayde (Luís Melo), um traficante de escravos, que o obriga a deixar sua profissão. Dom Vasco sentiu-se lesado pelo artista ao receber a pintura da condessa de Cintra, por quem se apaixonou e a quem pediu em casamento diante do retrato feito pelo pintor. Ao conhecê-la, porém, ele percebe que ela não era nada do que esperava e acaba obrigando Diogo a queimar todos os seus quadros. Diogo se defende dizendo que a arte tem por missão embelezar a realidade, mas acaba acatando as ordens furiosas do comandante.
- À procura de um novo trabalho, Diogo segue até o Ofício de Cartografia Real, onde recebe a função de ilustrador, sob a chefia de Dom Jaime (Pedro Paulo Rangel), um funcionário da corte responsável pelos maiores tesouros da época: os mapas. Por conterem informações imprescindíveis como rotas e acessos, os mapas eram muito disputados e, também, alvo de espionagem.
- Apesar da responsabilidade que a sua atividade na Cartografia Real pressupõe, Diogo continua a “embelezar” a realidade e passa a inserir nos mapas ilustrações com figuras míticas, como sereias e monstros marinhos.
- Com a intenção de obter o mapa com a rota secreta que auxiliara a travessia de Vasco da Gama até as Índias, Vasco de Athayde contrata a marquesa francesa de Sevigny, chamada Isabelle D’Avezac (Débora Bloch), para roubá-lo. Sabendo que Diogo era funcionário da cartografia real, Isabelle vai até a casa dele e lhe encomenda um retrato. Para seduzi-lo, a mulher propõe posar completamente nua. Além disso, sugere que o pintor a desenhe em algo de maior valor histórico que uma simples tela. Ele, então, concorda em desenhá-la no mapa em que trabalhava, nomeando o que considerava ser sua mais importante obra: A Vênus do Descobrimento.
- É a própria Isabelle, porém, quem envia uma carta denunciando a Dom Jaime que seu funcionário guarda em casa mapas secretos. Durante a pintura, Diogo é surpreendido pela chegada da guarda real, e, na confusão, Isabelle foge com o mapa.
- Aliada a Dom Vasco, a marquesa sugere um novo estratagema: entregar-lhe uma cópia falsa da rota para Índias, com a curva bem mais alongada, que seria dada a Pedro Álvares Cabral, eleito pelo rei para comandar a expedição das caravelas. Dom Vasco, que ficara a cargo do navio dos degredados, por sua vez, receberia a cópia verdadeira no dia de sua partida. Isso deveria ser suficiente para garantir que ele chegasse ao destino dois meses antes de Cabral, o que lhe daria primazia na exploração das riquezas orientais.
- O plano de Isabelle a leva a visitar Diogo – condenado ao degredo – na prisão e jurar-lhe amor eterno. Como prova disso, a marquesa devolve ao jovem pintor o mapa original, e Diogo é embarcado no navio de Dom Vasco. Na hora da partida, então, Isabelle aponta ao comandante com quem está a verdadeira rota.
- O plano parece funcionar, e Dom Vasco toma o caminho correto. Entretanto, uma ilustração feita por Diogo impede a visualização de rochas, que acabam provocando o naufrágio. É boiando sobre o que sobrou da embarcação que Vasco e Diogo chegam à costa brasileira, mesmo assim, antes de Cabral. No Brasil, Diogo conhece Paraguaçu, por quem se apaixona e com quem vive um encontro repleto de desejos e descobertas. Integrante da tribo Tupinambá, Paraguaçu apresenta ao estrangeiro uma cultura diferente da que ele conhecia até então.
- Seminus, os tupinambá praticam o canibalismo e vivem a liberdade sexual, e Paraguaçu não vê problema algum no envolvimento de Diogo com sua irmã Moema (Deborah Secco). O pai delas, o cacique Itaparica (Tonico Pereira), apresenta-se ao jovem e fala de sua intenção de devorá-lo. Diogo foge. Na fuga, ao usar uma arma de fogo, recebe o nome de Caramuru, ou “o filho do trovão”. Assim, passa a ser muito bem recebido pela tribo e desfrutar dos favores de Moema e Paraguaçu.
- Ao tomar conhecimento da influência de Diogo sobre os tupinambá, Dom Vasco – que conseguira retornar à Europa e aliara-se aos franceses – apresenta-se como emissário do rei da França no Novo Mundo. Secretamente, ele propõe a Caramuru sociedade no escambo com os índios, vislumbrando altos lucros, ainda, na extração de pau-brasil. Além disso, Dom Vasco traz um bilhete da marquesa de Sevigny, que ainda o espera para os dois se casarem.
- Apesar da dúvida, e da noite que passara em companhia das irmãs índias, Diogo acorda bem cedo disposto a embarcar de volta para a Europa com Dom Vasco. Paraguaçu e Moema acordam e vão até a praia, de onde avistam a partida de Diogo. As duas se jogam ao mar, mas só Paraguaçu alcança o barco e segue viagem.
- Na chegada de Paraguaçu à Europa, cenas da atriz descobrindo a metrópole atual procuravam reconstituir com humor o estranhamento sentido pela personagem histórica desembarcando em um local absolutamente diferente. A jovem fica encantada por novidades como portas, escadas e, principalmente, livros. Já em Portugal, Diogo propõe à Paraguaçu que ela seja sua amante, dizendo que este era o melhor posto que ele podia lhe dar. Já tendo aprendido a ler e a escrever, Paraguaçu, por sua vez, tenta convencer Isabelle a ser a amante de Diogo, e deixá-la casar-se com ele. Para tanto, promete revelar à marquesa a localização do Eldorado brasileiro.
- O acordo com Isabelle revela-se um ardil de Paraguaçu, e a marquesa acaba sendo presa por Dom Vasco. O casamento entre Diogo e Paraguaçu é celebrado em Paris, e ela adota o nome cristão de Catarina. A história do casal é contada em um livro escrito por Paraguaçu, com ilustrações de Diogo, durante sua viagem de volta ao Brasil. Aqui, ela conta sua condição de casada à Moema e vive a fidelidade conjugal.
- No encerramento da trama, o narrador afirma que a história de Diogo é em parte verídica, tendo sido comprovado por documentos seu casamento na França com a índia brasileira, assim como sua importância, ao lado de Tomé de Souza, na fundação de Salvador, primeira capital do Brasil. Paraguaçu acaba escrevendo a última cena da série, como a parte final do seu livro, que termina com um beijo.

Produção:
- Brasil e Portugal serviram como locações para as filmagens de A invenção do Brasil. No Brasil, a minissérie foi gravada no Rio de Janeiro, em Picinguaba – uma praia deserta próxima a Parati – e no litoral paulista. Em Portugal, as gravações realizaram-se no Palácio de Queluz, em Lisboa; no centro histórico da cidade de Leiria; e no Mosteiro da Batalha, monumento gótico do século XIV. O áudio de algumas cenas nos jardins do Palácio de Queluz teve que ser modificado em estúdio através da dublagem, devido aos gritos de crianças que estavam no local em visita escolar.
- A narrativa é permeada por uma série de colagens de cenas documentais, o que garante a ironia e a auto-reflexão inerentes à paródia, marcas no trabalho do diretor Jorge Furtado. Aclamado por crítica e público desde o lançamento de seu premiado curta-metragem Ilha das Flores (1989), o diretor assinou o texto de adaptações importantes na teledramaturgia da TV Globo, como Agosto (1993), Memorial de Maria Moura (1994), Luna Caliente (1999) e, mais recentemente, Antônia (2006).
- A equipe de produção de A invenção do Brasil que viajou para Portugal era composta por 13 pessoas. Somente a bagagem do figurinista Cao Albuquerque pesava mais de 880 quilos. Inovador, o figurino recebeu elogios ao utilizar em suas peças materiais como folhas secas, cascas de coco, palha, cordas, escamas de peixes e penas, estas usadas para vestir cerca de 150 índios. Paraguaçu e Moema, inclusive, usavam brincos confeccionados com besouros secos. Lia Renha, diretora de arte, por sua vez, transportou para Portugal cerca de 230 quilos de materiais cenográficos. Muitas cenas foram gravadas em externas, e os cenários ficaram a cargo de Fábio Rangel.
- Para a animação das anedotas contadas na trama, algumas vinhetas foram produzidas pelos desenhistas Allan Sieber, Fabio Zimbres e por Fiapo Barth.

Curiosidades:
- A minissérie foi produzida pela TV Globo como parte dos eventos comemorativos dos 500 anos do Descobrimento do Brasil. Já trabalhando juntos há dez anos, os autores tomaram como base para o roteiro as obras de José de Alencar e Mário de Andrade, além do poema épico de Santa Rita Durão, Caramuru. O título da minissérie teve como inspiração o prefácio do livro A fundação do Brasil, de Darcy Ribeiro.
- A intenção da emissora de integrar cinema e televisão, iniciada com O auto da compadecida (1999), teve continuidade com a minissérie que, em 2001, passou às telas de cinema sob o título Caramuru, a invenção do Brasil. Como minissérie, a obra também foi exibida em Portugal.
- Já tendo sido utilizada nos dois últimos capítulos do seriado Mulher, exibido em 1998, a tecnologia HDTV (televisão de alta definição) foi testada também A invenção do Brasil. No Brasil, a Globo foi a primeira a utilizar essa tecnologia, que garante melhor resolução na transmissão e recepção de imagens.

Trilha sonora:
- A concepção musical da minissérie ficou a cargo de Lenine, que também assinou algumas músicas na trilha, como O último pôr do sol, que compôs com Lula Queiroga, Tubi tupy, composta em parceria com Carlos Rennó, e Miragem do porto, que compôs junto a Bráulio Tavares. Além destas canções, integravam a trilha Manguetown, de Chico Science, Lucio Maia e Dengue, cantada por Chico Science & Nação Zumbi; Exasperada, de Guinga e Aldir Blanc, cantada por Carlos Malta; e Sanfonema, de Toninho Ferragutti.

Fonte: Memoria Globo

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