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sexta-feira, 26 de março de 2010

Grande Sertão: Veredas



Autoria: Walter George Durst
Colaboração: José Antonio de Souza
Direção: Walter Avancini
Produção do núcleo: Ary Grandinetti Nogueira
Supervisão: Daniel Filho
Período de exibição: 18/11/1985 – 20/12/1985
Horário: 22h15
Nº de capítulos: 25

Elenco:
Alfredo Murphy – Lacrau
Almir Cabral – Raimundo Lé
Ana Helena Berenguer – Otacília
Arnaldo Weiss – Selorico Mendes
Bentinho – Teofrásio
Bruna Lombardi – Diadorim
Carlos Gregório – Jisé Simplicio
Carlos Lagoeiro – Felisberto
Carlos Walmor – Gavião Cujo
Castro Gonzaga – Marcelino Pampa
Cristina Medeiros – Rosa Uard
Denise Milfont – Nhoriá
Eduardo Abba – João Goanhá
Érico Vidal – Antenor
Geraldo Magela – Dosmo
Idioracy Santos – João Peludo
Ivan Mesquita – Rudgério Freitas
Ivan Setta – Aristides
João Signorelli – Capixum
Jorge Edson – Quipes
José Augusto Branco – Seo Habão
José Dumont – Zé Bebelo
Henrique Lisboa – Mestre Lucas
Lineu Dias – Ornelas
Lutero Luiz – Garanco
Manfredo Bahia – João Vaqueiro
Marcos Macena – Ricardão
Maria Gladys – Maria do Padre
Maria Helena Velasco – Ana Duzuza
Mariana Macniven – Diadorim criança
Mário Alimare – Paspe
Mário Lago – compadre Quelemem (narrador)
Neusa Borges – mãe de Eugrácio
Ney Latorraca – padre Ponte
Paulinho Oliveira – Admeto
Paulo Alencar – Sesfredo
Paulo Vignolo – Riobaldo
Reinaldo Gonzaga – padre missionário
Rogaciano de Freitas – Anselmo
Rogério Márcico – Titão Passos
Rubens de Falco – Joca Ramiro
Sebastião Vasconcelos – Só Candelário
Silvana Lopes – mulher de Hermógenes
Tarcísio Meira – Hermógenes
Taumaturgo Ferreira – Fafafa
Tony Ramos – Riobaldo
Umberto Magnani – Borromeu
Valdir Fernandes – Freitas Filho
Walter Babalu – Jiribide
Walter Santos – Alaripe
Wilson Fragoso – Medeiro Vaz
Yoná Magalhães – Maria Mutema

A Trama:
- Baseada na obra homônima de João Guimarães Rosa, a minissérie teve roteiro final de Walter Avancini.
- A trama tem como eixo central a relação entre Riobaldo (Tony Ramos) e Reinaldo/Diadorim (Bruna Lombardi), tendo a terra como o grande tema da história. O vaqueiro Riobaldo narra sua vida num bando, cheia de combates, vinganças, longas viagens, amores e mortes. A trajetória do protagonista é marcada pela amizade com Reinaldo. Os fortes laços entre os dois perturbam Riobaldo, o que não impede que ele os alimente, estabelecendo com o companheiro uma forte relação, cuja pureza contrasta com a aridez do sertão.
- No sertão de Minas Gerais, nas primeiras décadas do século XX, as tropas federais, representadas por Zé Bebelo (José Dumont), estão em conflito com as forças provinciais, apoiadas por exércitos de jagunços. Jagunços andam e andam, atravessam grandes sertões, guerreando por quilômetros. Zé Bebelo é um homem inteligente e irrequieto, que forma um grupo de quase mil homens armados para liquidar com os jagunços do sertão. Seu desejo é entrar para a política e tornar-se deputado.
- Riobaldo surge como um fator comum que liga os personagens das histórias paralelas da trama. Mira certeira, tiro mais ágil do que o pulo de uma onça e cheio de conflitos interiores, Riobaldo faz um panorama do sertão brasileiro e seus segredos, como se a história se desenvolvesse a partir de suas dúvidas e reflexões. Inteligente, muito ligado à religião, questiona a vida a todo momento. É ele o personagem central da história.
- Quando adolescente, Riobaldo faz amizade com Reinaldo, ou Diadorim, como é chamado. O amigo sempre o impressionara. Com a morte da mãe, Riobaldo vai morar com o padrinho, Selorico Mendes (Arnaldo Weiss) e perde contato com o companheiro. Anos depois, Riobaldo torna-se secretário de Zé Bebelo, que o convoca para acompanhá-lo nos combates contra os jagunços. Um dia, pelo sertão, Riobaldo reencontra Diadorim e decide deixar Zé Bebelo e os bebelistas para seguir viagem com o amigo, por quem continua a sentir uma forte ligação.
- Riobaldo não sabe que Diadorim, na realidade, é mulher e chama-se Maria Deodorina da Fé Bittencourt Marins. Diadorim escondeu sua natureza feminina vestindo-se com roupas de homem e adotando um comportamento masculino. Valente e destemida, ela decidiu se misturar aos jagunços pois não queria viver à margem, infeliz, como vivia a mulher no sertão. Ela muda seu destino ao ingressar no mundo masculino, onde só seus valores têm vez. É extremamente fiel a Joca Ramiro (Rubens de Falco), chefe geral dos jagunços, um líder carismático, querido e respeitado por todos. É ele quem dá o apelido de Taturana à Riobaldo e o convida a integrar-se ao grupo.
- Para surpresa de todos, Joca Ramiro é traído e assassinado por Hermógenes (Tarcísio Meira), um de seus companheiros, também chefe dos jagunços. Casado e com filhos, Hermógenes é um homem feroz e sombrio. Revoltado, Riobaldo jura vingança e persegue Hermógenes e seus homens por toda a região. A crescente raiva do jagunço só é contida pela amizade com Diadorim, que, a cada dia que passa, vai mostrando mais as marcas de amor.
- No combate derradeiro com Hermógenes e seus homens, Riobaldo finalmente consegue se vingar. Mas, para sua tristeza, seu oponente mata Diadorim durante a luta. Ao final, na hora em que lava o corpo de Diadorim, Riobaldo descobre que seu querido companheiro era, na verdade, uma mulher, Deodorina. A cena em que Riobaldo contempla o corpo nu de Diadorim é uma das mais fortes e emocionantes da minissérie.

Curiosidades:
- Os 25 capítulos de Grande sertão: veredas foram gravados ao longo de 90 dias, durante os quais até duas mil pessoas embrenharam-se no sertão, num grande esforço para traduzir a obra de Guimarães Rosa para a linguagem televisiva. A equipe de produção, formada por cerca de 300 profissionais, mudou-se para um lugarejo no distrito de Buritizeiro, em Minas Gerais, chamado Paredão de Minas, onde foi construída toda a infra-estrutura necessária para as gravações e a hospedagem de todos.
- A minissérie foi gravada totalmente na locação, tanto nas cenas externas quanto nas internas, e o diretor fez questão de que todos os integrantes da produção visitassem o sertão. Até mesmo o maestro Júlio Medaglia, encarregado da trilha sonora, passou uma semana em Paredão de Minas.
- Os figurinos foram criados pelo próprio diretor da minissérie, Walter Avancini.
- A primeira idéia para o figurino dos personagens era trabalhar com o couro. Mas Walter Avancini queria algum elemento que desse um ar ainda mais primitivo às roupas. Partindo dessa concepção, além do couro, a equipe de figurino recorreu ao tecido, para que os atores pudessem ter maior movimentação em cena, alcançando o resultado esperado.
- Para a composição de seu personagem, o ator Tony Ramos fez aulas de equitação, rastejamento militar, música, tiro, entre outras atividades. Além disso, emagreceu oito quilos antes de entrar em cena.
- Em média, enquanto estava no sertão, a equipe consumiu uma tonelada de frutas por semana, um boi por refeição, 13 mil copos de água por jornada de trabalho, oito dúzias de base para maquiagem em uma semana, 50 litros de sangue cenográfico, entre outros números dessa grandeza.

- O ótimo desempenho de Bruna Lombardi levou a atriz a ser escalda para protagonizar a minissérie Memórias de um gigolô (1986) e, em seguida, a novela Roda de fogo (1987).
- O livro de Guimarães Rosa havia sido adaptado para o cinema, em 1964, dirigido por Renato Geraldo Santos Pereira. Sônia Clara viveu Diadorim, e Maurício do Valle, Riboaldo.
- A minissérie foi vendida para diversos países, como Bolívia, Estados Unidos, França, Paraguai, Peru, Polônia, Portugal e Venezuela.

Fonte: Memória Globo

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