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sexta-feira, 26 de março de 2010

Tenda dos Milagres



Autoria: Aguinaldo Silva
Escrita por: Aguinaldo Silva e Regina Braga
Direção geral: Paulo Afonso Grisolli
Direção: Paulo Afonso Grisolli, Maurício Farias e Ignácio Coqueiro
Direção de núcleo: Ary Grandinetti Nogueira.
Supervisão: Daniel Filho
Período de exibição: 29/07/1985 – 06/09/1985
Horário: 22h
Nº de capítulos: 30

Elenco:
Anna Iwanow – Kirsi
Ângela Leal – Cesarina
Antônio Pitanga – Exu
Antônio Pompeo – Budião
Chica Xavier – Magé Bassã
Cláudio Mamberti – Pedrito Gordo
Cláudio Marzo – Jerônimo
Daniel Dantas – Astério
Dil Costa – Miquelina
Dudu Moraes – Rosa de Oxalá
Edyr de Castro – Sinhá Terência
Emiliano Queiroz – professor Fontes
Francisco Milani – Francisco Mata Negros
Gabriela Storace – Ester (menina)
Gilles Gwizdek – Frei Jacques
Gracindo Júnior – Professor Fraga Neto
Iléia Ferraz – Ivone
Ivan Cândido – Sarmento
João Acaiabe – Benedito
Joel Silva – Damião
Jorge Coutinho – Zé da Inácia
Josias Amon – Tadeu
Julia Lemmertz – Luísa
Lima Duarte – contador de milagres
Louise Cardoso – Augusto
Luiz Carlos Arutin – Bonfanti
Marcelo dos Santos – Damião (menino)
Maria Isabel de Lizandra – Maria Amélia
Mário Lago – juiz João Reis
Milton Gonçalves – Mestre Lídio Corró
Myrian Pires – Carlota
Nicette Bruno – Joana
Nelson Xavier – Pedro Arcanjo
Oswaldo Loureiro – professor Chico Argolo
Othon Bastos – dono do bar
Rodrigo Santiago – Ruy Passarinho
Solange Couto – Sabina de Iansã
Solange Theodoro – Dalvina
Tânia Alves – Ana Mercedes
Tânia Bôscoli – Ester
Thaís de Campos – Marieta
Tony Tornado – Zé Alma Grande
Yara Cortes – Zabela
Zenaide Pereira – Iaba (Dorotéia)

A Trama:
- Baseada na obra homônima de Jorge Amado, a minissérie, ambientada na Bahia, fala sobre preconceito racial e amor. Dividida em duas épocas distintas, 1910 e 1930, o fio condutor da história é a missão de Pedro Arcanjo (Nelson Xavier) em defender a cultura africana e integrá-la à sociedade.
- A trama começa em 1930, quando o velho ogã Pedro Arcanjo passa mal enquanto toma sua cachaça num bar. Nesse momento, as rádios transmitem a iminente derrota do III Reich. Desmaiado, Pedro Arcanjo é levado às pressas para a casa de Cesarina (Ângela Leal), onde, à beira da morte, relembra aventuras, festas, amores e, principalmente, sua missão de manter vivas na Bahia as culturas negra e mestiça. A caminhada é penosa, e Pedro Arcanjo, com fortes dores no peito, tem visões dos orixás – Oxalá, Xangô, Oxóssi, Ogum, Iansã e Omulu.
- A trama volta, então, para 1913. A narrativa se desenrola a partir dessas lembranças de Pedro Arcanjo. Nessa época, os negros na Bahia, discriminados e perseguidos, se organizavam para defender seus direitos e preservar sua cultura. Acompanhamos as relações do protagonista com as mães e os pais-de-santo, com as prostitutas da cidade, com os mestres de capoeira, com negros, negras e mestiços que vivem em Salvador. Entre os personagens importantes na narrativa está Magé Bassã (Chica Xavier), a mãe-de-santo que revela a Pedro Arcanjo sua missão de ser “a luz de seu povo”, aquele que irá preservar e difundir a cultura negra. Junto com seu pai, Xangô, Magé Bassã guia o protagonista em sua missão.
- O principal antagonista de Pedro Arcanjo é Nilo Argolo (Oswaldo Loureiro), um influente médico legista, racista, que tenta comprovar através de pesquisas científicas a superioridade da raça branca. Ardiloso e cruel, Nilo ofende e maltrata todos os negros que cruzam seu caminho. Com a ajuda do também inescrupuloso delegado Francisco Mata Negros (Francisco Milani), como é conhecido, ele arma as maiores confusões pela cidade, impedindo de todas as formas que os negros usufruam de seus direitos e vivam em paz como qualquer cidadão. Até as manifestações de rua no Carnaval são mal vistas pelo delegado, que faz o possível para proibi-las.
- Depois de 14 capítulos, a história volta para 1930, onde se desenrola até o final. Outro personagem importante na trajetória de Pedro Arcanjo é seu fiel amigo e companheiro Lídio Corró (Milton Gonçalves). A relação entre os dois fica estremecida quando a bela Rosa de Oxalá (Dudu Moraes), esposa de Lídio, se apaixona por Arcanjo, e ele se envolve com ela. Outra mulher que cruza o caminho de Pedro Arcanjo é a bela Ana Mercedes (Tânia Alves), uma jornalista, consciente da discriminação da comunidade negra, que luta para mudar esse quadro. Ela decide fundar um jornal especialmente para difundir suas idéias, o Tenda dos Milagres. Ao longo da história, Pedro Arcanjo acaba se envolvendo também com Ana Mercedes, um grande amor em sua vida.
- O romance proibido de Budião (Antonio Pompeo) e Sabina (Solange Couto) também movimenta a trama da minissérie. Eles não podem ficar juntos pela incompatibilidade entre seus santos. Já Damião (Joel Silva) e Luísa (Julia Lemmertz), a filha de Nilo Argolo, enfrentam os preconceitos da sociedade por ela, branca, ser namorada de um negro. Além da oposição do pai, Luísa é duramente criticada pelo irmão, Astério (Daniel Dantas), um jovem extremamente preconceituoso.
- Ao longo da história, Pedro Arcanjo entra para a faculdade de medicina e acaba descobrindo, ironicamente, que é primo de Nilo Argolo. Este, por sua vez, nega o parentesco de todas as formas e consegue convencer os professores e diretores do curso de medicina a expulsarem Pedro Arcanjo da faculdade. Os alunos se revoltam e uma grande confusão toma conta das ruas próximas ao Pelourinho. Pedro Arcanjo é preso, e Lídio Corró morre, após levar um tiro de um policial. Durante o conflito, Ana Mercedes também é presa. Com as prisões, o mandante da operação, delegado Sarmento (Ivan Candido), pretende enfraquecer o movimento negro, mas a população está mais revoltada do que nunca.
- Com a ajuda de Jerônimo (Cláudio Marzo), João Reis (Mário Lago) e do professor Fraga Neto (Gracindo Junior), homens influentes e simpatizantes ao movimento negro, o delegado Sarmento se convence de que é melhor libertar Pedro e Ana, caso contrário, haverá uma guerra urbana. Pedro Arcanjo sai da prisão e é aclamado pelo povo. Nesse momento, nas cenas finais da minissérie, a história volta para o primeiro capítulo, onde o grande líder agoniza. Ele morre, mas sua missão fora cumprida. A cultura mestiça que ele tanto defendeu acabou prevalecendo não só na Bahia, como em todo o Brasil.
- Seu principal rival, professor Argolo, sofre um derrame cerebral ao saber do casamento da filha com Damião e, com graves seqüelas, acaba inválido, preso a uma cama.

Curiosidades:
- Os 30 capítulos de Tenda dos Milagres foram gravados ao longo de 76 dias, com locações em Salvador e Cachoeira, na Bahia, e cenas em estúdio no Rio de Janeiro. Este era um período de tempo relativamente curto para um projeto que apresentava muitas dificuldades, como grandes movimentações de pessoas, reconstituição do porto da capital baiana e minucioso levantamento arquitetônico em dois períodos (1913 e 1930), além de uma detalhada pesquisa de figurinos, costumes e rituais do candomblé.
- Para gravar as cenas no Pelourinho, em Salvador, foi feito um apurado trabalho de pesquisa, que levantou a arquitetura local das décadas de 1910 e 1930. Para reproduzir com fidelidade, foi preciso pintar as casas com as cores antigas e, em seguida, pintá-las novamente com as cores originais. Além disso, algumas placas modernas das ladeiras foram trocadas por pedras antigas.
- A produção teve assessoria do estudioso e pai de santo Eduardo Adjiberu, responsável pelo levantamento de rituais, vestimentas e costumes do candomblé.

- O livro de Jorge Amado já havia sido adaptado para o cinema, em 1977, com direção de Nelson Pereira dos Santos.
- Embora Jorge Amado fosse um dos autores brasileiros mais vendidos, Tenda dos Milagres era até então uma obra pouco lida. Em agosto de 1985, enquanto a produção da Rede Globo era exibida, a venda do livro aumentou cerca de dez vezes em comparação à média dos meses anteriores.
- Jorge Amado é o autor mais adaptado para a televisão. Na TV Globo, além de Tenda dos Milagres, foram adaptados Gabriela, Terras do Sem Fim, Tieta, Tereza Batista, Dona Flor e seus Dois Maridos, Pastores da Noite, Mar Morto e A Descoberta da América pelos Turcos (os dois últimos na novela Porto dos Milagres).
- A minissérie foi vendida para Angola, Argentina, Bolívia, Colômbia, Cuba, França, Macedônia, Moçambique, Paraguai, Portugal, Uruguai e Venezuela, entre outros.

Trilha sonora:
- A trilha sonora da minissérie, produzida por Guto Graça Mello, incluiu dez canções inéditas de Caetano Veloso, Dorival Caymmi, Walter Queiroz, Moraes Moreira, Jorge Portugal e Naná Vasconcelos, além de cantos próprios dos cultos aos orixás. Milagres do Povo, com letra, música e interpretação de Caetano Veloso, foi o carro-chefe da trilha. As músicas incidentais foram feitas por Dori Caymmi, Sérgio Saraceni e Aluísio Didier.

Fonte: Memória Globo

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