domingo, 28 de março de 2010
Anos Rebeldes
Autoria: Gilberto Braga
Escrita por: Gilberto Braga e Sérgio Marques
Colaboração: Ricardo Linhares e Ângela Carneiro
Direção: Denis Carvalho, Silvio Tendler e Ivan Zettel
Direção geral: Dennis Carvalho
Período de exibição: 14/07/1992 - 14/08/1992
Horário: 22h30
Nº de capítulos: 20
Elenco:
Adriana de Brooks - repórter
André Barros - Bernardo
André Pimentel - Valdir
Benvindo Siqueira - Xavier
Bernardo Jablonski - Prof. Juarez
Bete Mendes - Carmem
Betty Lago - Natália
Carla Jardim - Jacqueline
Carlos Gregório - Alberto
Carlos Zara - Queiróz
Cássio Gabus Mendes - João Alfredo Galvão
Castro Gonzaga - Teobaldo
Cininha de Paula - D. Mariléia (censora)
Clara Cresta - Leila
Cláudia Abreu - Heloísa
Denise Del Vecchio - Dolores
Debora Evelyn - Sandra
Edyr de Castro - Zulmira
Elida L'Astorina - Angela
Emiliano Queiroz - Dr. Alcir
Emilio de Mello - Toledo
Enrique Diaz - Pedro
Eva Wilma - Joana (atriz)
Fatima Freire - Idalina
Fausto Galvão - Michel
Francisco Milani - Inspetor Camargo
Georgia Gomide - Zuleica
Geraldo Del Rey - Orlando Damasceno
Gianfrancesco Guarnieri - Salviano
Helio Zacchi - Fausto
Herson Capri - juiz
Ivan Cândido - Aberlardo
Jonathan Nogueira - Guilherme
Jorge Coutinho - Pai Betão
José Wilker - Fábio Brito
Joyce de Oliveira - D. Marli
Kadu Moliterno - Professor Inácio Avelar
Lenadro Figueiredo - José Rodolfo
Lourdes Mayer - Marta
Malu Mader - Maria Lúcia Damasceno
Malu Valle - D. Celia
Marcelo Novaes - Olavo
Marcelo Serrado - Edgard Ribeiro
Maria Lucia Dahl - Yone
Maria Luiza Galli - Jurema
Maria Padilha - Maria
Maria Rita - Zilá
Mario Cardoso - Junqueira
Marjorie Andrade - Maria Isabel Soares
Mauricio Ferraza - Gustavo
Mila Moreira - Regina
Moacyr Deriquém - diretor de teatro
Nelson Motta - repórter no Festival da Canção
Nildo Parente - Pedro Paulo
Norma Blum - Valquíria
Odilon Wagner - Ralf Haguenauer
Pamela Orlando e Sousa - Maria Clara
Patrícia Novaes - Vera
Paula Newlands - Lavínia
Paulo Carvalho - Sergio
Paulo Figueiredo - Beloti
Paulo Mendes - Madureira
Pedro Cardoso - Galeno Quintanilha
Roberto Pirillo - Capitão Rangel
Rubens Caribé - Marcelo
Silvia Salgado - Solange
Simon Khoury - Antunes
Sonia Clara- Glória
Stela Freitas - Dagmar
Stepan Nercessian - Caramuru
Suzana Vieira - Mariana
Teresinha Sodré - Adelaide
Thales Pan Chacon - Nelson
Tuca Andrada - Ubaldo
Yaçanã Martins - Kira
Zeni Pereira - Zilá
A Trama:
- A partir da referência de livros como 1968, o ano que não terminou, de Zuenir Ventura, e Os carbonários, de Alfredo Sirkis, a minissérie Anos rebeldes tem como pano de fundo o Rio de Janeiro no conturbado período de 1964 a 1979, quando o país vivia sob ditadura militar. Nesse contexto, o estudante João Alfredo (Cássio Gabus Mendes), idealista e militante estudantil, vive uma história de amor com Maria Lúcia (Malu Mader), uma jovem individualista, que pensa em ter uma vida tranqüila e estabelecida, longe dos riscos do enfrentamento político.
- Ambos são estudantes do Colégio Pedro II, porém João Alfredo e Maria Lúcia possuem projetos de vida diversos. Ela vem de uma história familiar na qual o pai, Orlando Damasceno (Geraldo Del Rey), um jornalista do renomado Correio carioca e conhecido membro do Partido Comunista, sempre optou pela militância política em detrimento de suas ambições pessoais. Ao conhecer João Alfredo, Maria teme se entregar à paixão por alguém com um perfil tão semelhante ao de seu pai. João Alfredo é filho de um comerciante com uma dona de casa, integrante de uma família tipicamente udenista da Ipanema (bairro da zona sul do Rio) da época, mas é profundamente atento à idéia da consciência de classe e preocupado com as questões sociais do país.
- Compondo um triângulo amoroso com Maria Lúcia e João Alfredo, está Edgar (Marcelo Serrado), também estudante do Colégio Pedro II e melhor amigo de João Alfredo. Edgar é um rapaz inteligente, ambicioso e de bom caráter, que nunca age com deslealdade com o amigo na disputa pelo amor de Maria Lúcia. Dividido entre a questão afetiva e a militância política, João abre espaço para seu rival que, distante de projetos políticos, apaixona-se perdidamente por Maria Lúcia, com quem pretende se casar e ter filhos.
- A relação entre João e Maria Lúcia, apesar de se basear em um grande amor recíproco, não suporta as divergências e os desafios advindos de projetos de vida tão diferentes. O namoro fica ainda mais desgastado quando João decide entrar na luta armada. Após alguns desencontros, acontece a separação definitiva do casal.
- Maria Lúcia casa-se com Edgar, e João sai do país exilado em função de sua militância. O rapaz participara, inclusive, do seqüestro de um diplomata: o embaixador da Suíça, Ralf Haguenauer (Odilon Wagner).
- Anos depois, João volta do exílio e reencontra Maria Lúcia divorciada de Edgar. Há uma tentativa de resgatar o amor que sentiam um pelo outro, mas Maria Lúcia vê João novamente envolvido em questões políticas, dessa vez, a luta dos camponeses sem-terra no Rio Grande do Sul. Assim, ela entende que o engajamento político sempre será um obstáculo entre o casal, que se separa mais uma vez.
- Em paralelo à história de amor de Maria Lúcia e João Alfredo, outros personagens se destacam na trama. É o caso de Heloísa (Cláudia Abreu), que é filha de Natália (Betty Lago) e do poderoso banqueiro Fábio (José Wilker), um dos financiadores do golpe militar. Heloísa conhece Maria Lúcia no curso de francês, e as duas acabam tornando-se grandes amigas. Inicialmente, Heloisa é uma jovem mimada e fútil, mas, ao longo da história, ela rompe com os padrões tradicionais de sua família e desperta sua consciência política. A moça transforma completamente o seu visual e engaja-se na luta armada. Quando a repressão se torna mais dura, ela tenta fugir do país com os companheiros João Alfredo e Marcelo (Rubens Caribé), mas é morta a tiros, numa das cenas mais fortes de Anos rebeldes.
- Galeno (Pedro Cardoso) também pertence ao grupo do Pedro II. É amigo de João, Edgar, Maria Lúcia e Heloísa, mas seu objetivo de vida é fazer da arte sua subsistência e, por isso, ele não se esmera nos estudos e dedica-se muito mais ao cinema e ao teatro do que à política. Por fim, ele se torna escritor de telenovelas. Mas a trama que ele escreve, A escrava, sofre censura, e a novela quase é tirada do ar.
- A passagem de tempo na minissérie é mostrada através de manchetes de jornais e cenas documentais, que terminam por situar o espectador no ano de 1979, quando é decretada a Lei da Anistia e os personagens João Alfredo e Marcelo voltam do exílio. Separada, Natália, mãe de Heloísa, vai para Paris onde vive um romance com o professor Inácio Avelar (Kadu Moliterno). Maria Lúcia assume a guarda da filha de Heloísa, atendendo ao pedido que a amiga havia feito antes de morrer.
Produção:
- A maior parte das cenas da minissérie foi filmada em estúdio. Foram feitas reconstituições de época do Teatro Opinião e da porta do cinema Paissandu, que ficaram a cargo do cenógrafo Mário Monteiro, com ajuda da produtora de arte Cristina Medicis, que assinou os objetos em cena.
- Os painéis documentais em preto e branco exibidos ao longo de Anos rebeldes foram feitos pelo cineasta Silvio Tendler, constituídos por uma extensa pesquisa em imagens de época, fotografias e recortes de jornais.
Curiosidades:
- Com a exibição da minissérie, pela primeira vez uma emissora de TV se dispôs a levar ao ar, através da teledramaturgia, o conturbado período político vivido pelo Brasil durante a ditadura militar.
- Para escrever Anos rebeldes, Gilberto Braga acatou uma sugestão dada pelo próprio público, que queria a continuação da série Anos dourados (1986), sugerindo inclusive o nome da série.
- Grande parte dos atores presentes na minissérie desenvolveu, durante o período da ditadura, algum tipo de militância política, como foi o caso de Gianfrancesco Guarnieri, Francisco Milani, Stepan Nercessian e Bete Mendes. Na trama, Guarnieri interpretou dr. Salviano, um comunista militante; Francisco Milani representou Camargo, um funcionário dos órgãos de repressão; Stepan Nercessian viveu Caramuru, um motorista particular capaz de dar a vida pelos amigos; e Bete Mendes era Carmem, mulher de Damasceno e mãe de Maria Lúcia.
- A exibição de Anos rebeldes coincidiu com a mobilização nacional ocorrida em função dos escândalos de corrupção que envolviam o então presidente da República Fernando Collor. Houve, na ocasião, um movimento popular, com ampla mobilização de diversos setores da sociedade, como artistas, estudantes e intelectuais, que culminou com o impeachment do presidente em 1992. A minissérie foi vista por alguns como inspiradora de protestos da juventude brasileira, que se encontrava unida no propósito de lutar contra a corrupção no cenário político nacional. Os “cara-pintadas”, como ficaram conhecidos pela mídia os estudantes que lutaram contra o presidente, foram embalados em seus protestos por canções como Alegria, alegria, de Caetano Veloso, tema de abertura da minissérie. Os autores constataram ter havido uma sintonia positiva, uma coincidência que fez tudo acontecer ao mesmo tempo. Um dia após o último capítulo de Anos rebeldes, grande parte da população saiu às ruas vestida de preto como forma de protesto contra Collor.
- A cena em que Galeno negocia com a Censura a exibição de sua novela foi vivenciada por Gilberto Braga, em 1976, quando levou ao ar a trama A escrava Isaura. Gilberto reproduziu na cena partes do diálogo que teve com uma censora, que alegava que a palavra “escravo” não deveria ir ao ar “por ser capciosa”. Ela acreditava, ainda, que a escravatura era uma página que deveria ser arrancada da historiografia brasileira, por dar margens a ilações e questionamentos. Na ocasião, a censora também afirmou que não gostava de perguntas, porque perguntas faziam pensar.
- Cláudia Abreu abriu mão do papel de protagonista em uma novela, na época em que a minissérie foi gravada, só para fazer parte do elenco de Anos rebeldes. Assim, comoveu o público com sua personagem Heloísa, feita por Gilberto Braga especialmente para a atriz.
- Durante a exibição da série, no dia 29 de julho de 1992, foi lançado pela Editora Globo o livro Anos rebeldes, adaptado pelo escritor Flávio de Campos.
- Anos rebeldes recebeu duas premiações da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA). A minissérie recebeu o Grande Prêmio da Crítica, e Cláudia Abreu ficou com o prêmio de melhor atriz pela interpretação da personagem Heloísa.
- Em março de 1995, a minissérie foi reapresentada e lançada em DVD em 2003, 11 anos depois de seu lançamento.
Trilha sonora:
- Sob a direção musical de Mariozinho Rocha, produção de Edom Oliveira e coordenação de Gilberto Braga, a trilha sonora da minissérie reuniu sucessos dos anos 1960-1970. A canção Alegria, alegria, de Caetano Veloso, era o tema de abertura de Anos rebeldes, que contou ainda com as músicas Can’t take my eyes off you, de Frankie Valli, com Frankie Valley & The Four Seasons; Baby, de Caetano Veloso, interpretada por Gal Costa; Soy loco por ti América, também de Caetano Veloso, e Carta ao Tom, de Toquinho, Vinícius de Moraes e Tom Jobim.
Fonte: Memória Globo
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