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quarta-feira, 31 de março de 2010

Capitu



Roteiro: Euclydes Marinho
Colaboração: Daniel Piza, Luís Alberto de Abreu e Edna Palatnik
Texto final: Luiz Fernando Carvalho
Direção geral e de Núcleo: Luiz Fernando Carvalho
Período de exibição: 09/12/2008 – 13/12/2008
Horário: 23h
Nº de capítulos: 5

Elenco:
Alan Scarpari – Ezequiel Santiago
Alby Ramos – Pai do Manduca
Antônio Karnewale – José Dias
Bellatrix – Sancha
César Cardadeiro – Bento Santiago jovem
Charles Fricks – Pádua
Eduardo Pires – Jovem poeta
Eliane Giardini – Dona Glória
Emílio Pitta – Padre Cabral
Flávia Carrancho
Gabriela Luiz - escrava
Izabela Bicalho - Fortunata
Jacy Marques - escrava
Kallanda Caetana
Juliana Nasciutti
Leo Villas Boas
Letícia Persiles – Capitu jovem
Maria Fernanda Cândido – Capitu adulta
Michel Melamed – Bento Santiago adulto/ Dom Casmurro
Paula Sofia
Paulo José – Vigário da paróquia
Pierre Baitelli – Escobar
Renata Nascimento
Rita Elmôr – Prima Justina
Sandro Christopher – Tio Cosme
Stella Maria Rodrigues
Thelmo Fernandes – Gurgel
Vitor Ribeiro – Dândi do cavalo-alazão
Wladimir Pinheiro

As crianças
Beatriz Souza – Capituzinha, filha de Sancha e Escobar
Fabrício Reis – Ezequiel Santiago

A Trama:
- Ópera, teatro, cinema mudo e elementos da cultura pop mesclam-se em Capitu, minissérie em cinco capítulos baseada no livro Dom Casmurro, de Machado de Assis, exibida no ano do centenário de morte do escritor. Com roteiro de Euclydes Marinho, texto final e direção geral e de núcleo de Luiz Fernando Carvalho, Capitu é a segunda realização do projeto Quadrante, adaptação de obras literárias escritas por autores de todo o país e encenadas em seus estados de origem por atores locais. O projeto aposta na valorização do imaginário e da cultura como fatores determinantes para o fortalecimento da identidade brasileira.
- Levando em consideração duas ideias de Machado de Assis - a de que “a realidade é boa, mas o realismo não serve para nada”, e a que define a vida como “uma ópera bufa com alguns entremeios de música séria”, Luiz Fernando Carvalho recriou o livro seguindo um formato operístico, moderno e não-realista. Os personagens são apresentados de forma concisa; a ação é dividida em cenas curtas e densas, como em uma ópera; e os capítulos, como no livro, são divididos por títulos curtos, além de anunciados em cartelas, proferidos como nas antigas radionovelas. O texto foi preservado: as palavras e os diálogos são os mesmos do livro, e a cronologia básica é a mesma.
- Os figurinos remetem ao século XIX - época em que se passa o livro -, mas o tempo é tratado como personagem, e não apenas como elemento narrativo. No primeiro capítulo, Dom Casmurro aparece no interior de um trem contemporâneo, devidamente pichado, ao lado de figurantes do século XXI. Em um capítulo posterior, Bentinho aparece em uma rua do centro do Rio, também com figurantes atuais. Várias frases do livro são escritas a bico de pena na tela. A minissérie também aproveita imagens de arquivo do século XIX.
- Ao lançar mão de elementos modernos como os aparelhos de mp3 usados pelos dançarinos para ouvir a valsa na cena do baile, assumir a tatuagem no braço da protagonista Letícia Persiles (Capitu jovem) e adotar uma trilha musical composta por músicas clássicas, samba, rock e músicas de bandas internacionais e nacionais, a direção quis reforçar o caráter atemporal e universal da obra de Machado de Assis, reafirmando sua modernidade. Também foi uma tentativa de investir no público jovem, desfazendo o preconceito que muitos têm sobre o escritor.
- A estrutura narrativa em que Dom Casmurro conta sua história também foi mantida. A minissérie mostra as duas fases do romance: o amor adolescente de Capitolina, a Capitu (Letícia Persiles), e Bento Santiago, o Bentinho (César Cardadeiro), que fazem um juramento de amor antes da ida do menino para o seminário; e o ciúme que Bento (interpretado pelo autor, diretor, ator, poeta e apresentador Michel Melamed), já formado em Direito e casado com Capitu (Maria Fernanda Cândido), passa a ter de sua esposa e de seu melhor amigo Escobar (Pierre Baitelli).
- A história se concentra, assim como no livro, nos dilemas morais e afetivos de Bentinho na adolescência, e trata de questões atemporais, como relações míticas, afetos familiares, amor, desejo, religião, tragédia e comédia. É também uma crítica dos costumes da elite branca do final do século 19.
- A trama apresenta ao público um melancólico Dom Casmurro, que escreve um livro para contar a versão de sua própria história e também restaurar, na velhice, os momentos vividos na adolescência ao lado do grande amor de sua vida, Capitu, menina que seduzia com seus “olhos de ressaca”.
- Filho da elite brasileira do século XIX, Bentinho perdeu o pai na primeira idade e foi criado na casa de sua mãe, Dona Glória (Eliane Giardini), cercado de mimos. Na casa da família Santiago também moram o agregado José Dias, Prima Justina e Tio Cosme (Sandro Christopher), ambos viúvos como Dona Glória. José Dias é agregado da família de Dona Glória há muitos anos, desde que Bentinho tinha acabado de nascer, e zela pela educação do menino. Padre Cabral (Emílio Pitta), velho amigo de Tio Cosme, ensina latim e a doutrina sagrada da Igreja Católica para Bentinho, e costuma frequentar a residência.
- Nos fundos da casa, numa área do quintal separada por um portão, mora Capitu, a vizinha pobre com quem Bentinho se acostumou a brincar. Ela é filha de Fortunata (Izabela Bicalho) e Pádua (Charles Fricks), empregado de uma repartição que comprou a casa em que mora com um bilhete de loteria de dez contos de réis. As relações entre as duas famílias datam de quando a família de Pádua perdeu tudo em uma enchente e foi ajudada por Dona Glória. Capitu é livre como uma cigana, alegre, maliciosa e dissimulada. Aos 14 anos, parece ter 17. Além da mistura de menina e de mulher, ela traz nos olhos grandes e claros um fluido misterioso e energético que deixa Bentinho completamente seduzido.
- Bentinho nasceu por um milagre. Sua mãe, temendo a morte da criança, fez uma promessa de que ele seria padre. E ele cresceu debaixo das asas de Dona Glória, predestinado ao sacerdócio. O menino, ingênuo, leva uma vida confortável, própria de sua abastada classe social, e não aprendeu a lutar por seus desejos. Tem ideias, mas falta-lhe a coragem para realizá-las. Não quer contrariar a mãe. O amor por Capitu muda os rumos de sua vida. Incentivado e orientado pela menina, que quer tê-lo como marido e, portanto, não quer vê-lo transformado em padre, Bentinho busca a ajuda do interesseiro José Dias para escapar da promessa da mãe.
- No seminário, Bentinho conhece Escobar, rapaz inteligente, bonito e sedutor, que se torna seu melhor amigo. Escobar é um pouco fugidio, mas tem o vigor dos que correm atrás de seus sonhos. Ele também ajuda Bentinho a se livrar do destino urdido por sua mãe. Dona Glória, convencida e devidamente respaldada pelo padre Cabral, aceita que o filho siga outro caminho. Ao sair do seminário, Bentinho vai para São Paulo, de onde volta cinco anos depois, formado em Direito, um verdadeiro dândi. O agora Doutor Bento Santiago (Michel Melamed) casa-se com o grande amor de sua infância, Capitu (Maria Fernanda Cândido), que se transformou em uma bela mulher.
- Escobar, que também não tinha planos de ser padre, sai do seminário e se torna comerciante, casando-se com Sancha (Bellatrix), amiga de infância de Capitu e filha de Gurgel (Thelmo Fernandes). Os dois casais mantêm fortes laços de amizade, mas Bento, atormentado pelo ciúme que sente da esposa, passa a desconfiar do relacionamento entre ela e seu melhor amigo. Ciúme que se instaura após a morte de Escobar - ele morre afogado no mar de ressaca da praia do Flamengo. Durante o velório, Bento flagra um olhar de Capitu para o morto e dali tira suas conclusões. Cada vez mais angustiado pela dúvida, ele vê no próprio filho, Ezequiel (Fabrício Reis/ Alan Scarpari), semelhanças com Escobar, e imagina que o menino é filho do amigo.
- A desconfiança acaba por destruir o casamento com Capitu. Os dois se separam e Capitu vai embora para a Europa, onde vive com o filho até morrer. Após sua morte, Ezequiel volta para a casa do pai: aos olhos de Bento, mais parecido ainda com Escobar. O jovem passa algum tempo na casa paterna até ir embora para empreender uma viagem científica. Morre de febre tifóide 11 meses depois, em Jerusalém.
- O grande mistério do livro - se Capitu traiu ou não Bentinho - foi mantido na minissérie. Luiz Fernando Carvalho quis fazer o que chamou de “um ensaio sobre a dúvida”, apresentando como narrador um velho Dom Casmurro (Michel Melamed) caracterizado como clown. É ele quem narra sua própria história. História essa que, ao emergir da sua memória, é mostrada a partir da maneira como ele a enxerga. Ele também aparece como um espectador de suas lembranças. “Busquei a tragicomédia de uma dúvida, do que ela provoca em termos de imaginação”, afirmou Carvalho. Na recriação do diretor, Dom Casmurro contracena com os acontecimentos de sua memória como se entrasse no cenário de seu passado. Para Carvalho, seu relato procura dar conta de como lidar com as fantasmagorias, memórias, emoções e dúvidas que carrega. Dom Casmurro é o narrador inconfiável definido por Machado de Assis, que tem o olhar transfigurado por não conseguir juntar as duas pontas de sua vida.
- Todos os personagens são vistos sob a ótica da memória do narrador. Seus familiares, por exemplo, aparecem como caricaturas, exagerados nos traços que mais se destacavam aos olhos de Bentinho. Escobar, em sua juventude, é visto dançando ousadas coreografias, até em cima da mesa do refeitório do seminário, ao som de Iron Man, da banda de heavy metal Black Sabbath.
- Capitu foi toda filmada em um único espaço - um grande salão na sede do Automóvel Club do Brasil, no centro do Rio de Janeiro -, transformado para representar os diferentes cantos da memória de Dom Casmurro. Os ambientes se multiplicaram através da cenografia, da luz e do olhar da câmera. No cenário minimalista não há paredes, as portas (que variam em beleza e tamanho de acordo com a posição social do personagem) são móveis e carregadas pelos atores e poucos são os objetos de cena, adquiridos de antiquários e acervo e criados ou restaurados pela equipe de direção de arte de Raimundo Rodriguez. O mar de ressaca em que Escobar se afoga é feito pelo movimento de um plástico. O espaço evoca a casa de Matacavalos, mostrando a sala de estar da família Santiago e os fundos da casa onde Bentinho e Capitu namoravam; e também o seminário e a casa de Escobar. Diferentemente da linguagem naturalista, é um cenário aberto à imaginação dos espectadores. O prédio em ruínas foi apontado pelo diretor como o lugar perfeito para contar a história de um homem em ruínas, que não consegue resgatar o que perdeu. Bentinho se transforma em um prisioneiro patológico de sua própria imaginação e memória, um "doente imaginário", como frisou Luiz Fernando Carvalho, parodiando Molière.
- A opção pelo título Capitu e não Dom Casmurro, como no livro de Machado de Assis, partiu da ideia de buscar um diálogo com a obra original e com a própria personagem Capitu. Além disso, segundo a direção, foi uma forma de deixar claro que a minissérie vai além de uma simples transposição de um suporte para outro.

Produção:
- O elenco de Capitu teve cerca de três meses de exercícios diários para ensaiar e compor os personagens, através de muitas improvisações, além de participar de oficinas teóricas com psicanalistas, historiadores e comunicadores sobre a obra de Machado de Assis.
- Temas como modernidade, costumes, feminilidade, maternidade, amor, ciúme, homoafetividade, crueldade, ambiguidade e dúvida foram discutidos pelos seguintes profissionais: o pesquisador e escritor Antônio Edmilson Martins Rodrigues; os psicanalistas Carlos Byington, Luiz Alberto Pinheiro de Freitas e Maria Rita Kehl; o jornalista e escritor Daniel Piza; e os ensaístas Gustavo Bernardo e Sergio Paulo Rouanet.
- A preparadora de corpo Tiche Vianna, colaboradora de Luiz Fernando Carvalho desde Hoje é Dia de Maria (2005), trabalhou com os atores a partir das máscaras da commedia dell’arte. Ela fez com que Letícia Persiles e Maria Fernanda Cândido imaginassem atitudes felinas para compor a protagonista. Os olhos da personagem ganharam atenção especial. Segundo Tiche Viana, o eixo das atrizes deveria estar no olhar: o corpo não poderia fazer movimento sem que os olhos reagissem primeiro.
- A coreógrafa Denise Stutz, uma das fundadoras do grupo Corpo, deu aulas de movimento ao elenco. Lúcia Cordeiro aplicou técnicas de sensibilização e respiração. E Agnes Moço fez a preparação vocal e ministrou práticas de musicalização aos atores.
- Para viver Dom Casmurro, Michel Melamed teve exercícios de clown com Rodolfo Vaz, do grupo teatral de pesquisa Galpão, companhia com origem no teatro popular e de rua e que desenvolve pesquisas com vários elementos cênicos, principalmente linguagens do circo e da música.
- A direção de arte da minissérie ficou por conta do artista plástico Raimundo Rodriguez, que assumiu a mesma função nas duas jornadas de Hoje É Dia de Maria e em A Pedra do Reino (2007). Sua equipe revestiu as paredes e colunas do salão do Automóvel Club com camadas de papel para dar a aparência de ruínas e encobrir as cores da última pintura do local. Os tetos de cores neutras e descascadas e os antigos espelhos manchados pelo tempo foram mantidos. O chão do salão foi pintado de preto, como uma lousa das salas de aula das escolas. O quintal e o muro que separa as casas dos dois vizinhos foram desenhados no chão, em giz. Um recurso metafórico para mostrar que Capitu é capaz de imaginar e sonhar seu próprio mundo.
- As camas de Dona Glória e Dom Casmurro, assim como várias cortinas e o trem que leva Bentinho ao seminário são feitos de jornal, uma forma de homenagear o cronista Machado de Assis e o próprio ato de escrever. Os cavalos, como o do Tio Cosme, são feitos de uma estrutura de metal similar a um quadriciclo com uma cabeça de cavalo esculpida. O mar de ressaca em que Escobar se afoga é o movimento de um enorme plástico balançado pelos próprios atores. A rua é representada no mesmo espaço cênico, só que recoberto por afiches (arte de rua que consiste na sobreposição de cartazes com diferentes rasgos, colagens e interferências para criar um painel multifacetado). Os figurantes que aparecem nas “ruas” são desenhados em papelão.
- O figurino simbólico criado por Beth Filipecki, que trabalhou com Luiz Fernando Carvalho em Os Maias (2001) e no filme Lavoura Arcaica (2001), faz o elo dos personagens com o século XIX. Recursos visuais do teatro orientaram o desenho das roupas e a escolha das cores, valorizando elementos que dessem o tom e o ritmo do teatro operístico. A batina de Escobar, por exemplo, tem uma saia com diâmetro propositalmente maior - equivalente a uma saia feminina - para tornar os movimentos do personagem mais sedutores na visão de Bentinho. Para fazer prevalecer a unidade da obra, foi abolido o ângulo reto nas roupas. Segundo a figurinista, a forma mais arredondada facilitou a fusão das diferentes épocas. Não há uma simetria perfeita ou padrões da época inabaláveis. A intenção foi provocar o espectador com vestimentas que ganham diferentes formas pelo movimento dos atores e da câmera.
- As roupas de Capitu foram cortadas obliquamente, tal como seu olhar enviesado de cigana. O volume de seus vestidos se expande em novas cores através de efeitos especiais. A saia tem quatro metros de diâmetro. Na juventude, ela veste roupas claras, com colagens de folhas, flores e coisas que encontra no chão. As espumas das ondas do mar de seu olhar de ressaca estão representadas na anágua da saia, que tem várias camadas de tecidos luminosos e transparentes. A tatuagem no braço da atriz Letícia Persiles representa mais uma flor do quintal da menina.
- Quando vira mulher e casa com Bentinho, Capitu ganha cores quentes, típicas de uma cigana. Beth Filipecki frisou que suas roupas nunca são simétricas: “Para cada ângulo que o telespectador olhar, terá uma visão diferente”. A personagem aparece em vestidos de seda pura, organza e em bordados luxuosos. Em apenas uma saia, foram usados 20 metros de organza. Os cabelos, antes cacheados e revoltos, ganham penteados elegantes e exuberantes que se harmonizam com as roupas. As flores de seu jardim, que se prendiam na barra de seu vestido em sua fase de menina, estão presentes nos arranjos de seus cabelos.
- A equipe de figurino trabalhou com o reaproveitamento de peças. Adereços de Dona Glória estão presentes nos trajes volumosos de Capitu. O vestido de casamento de Capitu, por exemplo, é uma recriação a partir de um vestido da matriarca, antes de ela enviuvar. O figurino também foi composto com sobreposição de diversos tecidos e elementos. Segundo Beth Filipecki, uma forma de propor leituras inacabadas que necessitam ser constantemente lidas e reescritas, possibilitando a comunicação com a grafia de cada cena. “É no registro da fragmentação que o figurino compõe sua unidade visual, pelo olhar do narrador”, definiu a figurinista.
- A direção de fotografia de Adrian Teijido, que trabalhou com o diretor em A Pedra do Reino, respeitou a improvisação do processo criativo da minissérie. Elementos como projeções, sombras, texturas e gelatinas ajudaram a contar a história, que é constituída de lembranças. Como a arte e o figurino, a luz também acompanhou o tom operístico da série. Equipamentos como canhão de luz e refletores móveis foram essenciais na dramaturgia de várias cenas. As duas fases do romance estão bem marcadas pela iluminação: a infância é mais luminosa, de cor branca, sem muita interferência de gelatinas artificiais; a maturidade ganha cores mais intensas, como o vermelho, e as imagens são mais densas e contrastadas, com áreas claras e escuras compondo o quadro.
- As projeções de sombras também ganharam relevância na história. Quando Dom Casmurro está em sua casa - uma reprodução da antiga casa de Matacavalos de sua infância –, sua família, Capitu e todos os personagens que povoam sua memória aparecem como sombras projetadas em seu refúgio.
- Capitu conta com uma novidade: a criação de uma retina de cerca de 30 cm de diâmetro, cheia de água, para criar dimensão ótica a partir da refração da água. Apelidada de “lente-Dom Casmurro” por seu criador, o diretor Luiz Fernando Carvalho, ela foi usada nas cenas de Dom Casmurro e nas que representam o seu ponto de vista observando determinada situação, ou seja, suas memórias e fantasias. A lente foi encaixada à frente da câmera para dar à imagem uma textura aquosa, como o mar de ressaca dos olhos de Capitu, e também simbolizar o estado psicológico de Dom Casmurro, personagem que flutua ou é arrastado pelas águas do tempo.

Curiosidades:
- A carioca Letícia Persiles é vocalista do grupo Manacá, banda formada em 2005, que mistura rock com ritmos extraídos de manifestações culturais brasileiras. Filha de pianista, nascida e criada na Ilha do Governador, a cantora estuda interpretação desde os 11 anos, fez aulas de dança cigana, compõe e toca pandeiro e castanhola. Letícia contou com o suporte de Agnes Moço e Lúcia Cordeiro três meses antes do restante do elenco. Na casa de Agnes, além do treinamento de voz e piano, aprendeu a bordar. A atriz tem um pássaro e uma bromélia tatuados no braço. A planta foi reproduzida em Maria Fernanda Cândido com uma pintura especial.
- Beth Filipecki teve que adaptar o figurino de Capitu madura à gravidez de Maria Fernanda Cândido. Para esconder a barriga, a figurinista reconstruiu o corpo da atriz com uma armação de quatro metros de diâmetro.
- Ações interativas marcaram o lançamento de Capitu em cinco capitais e na internet. Para estimular a interatividade, a TV Globo realizou pela primeira vez o 'DVDcrossing'. Com imagens da série, cerca de dois mil DVDs com um clipe com imagens inéditas da minissérie foram deixados em diferentes locais públicos de cinco cidades brasileiras – São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Brasília. Quem achou os DVDs recebeu instruções para assistir, dar a sua opinião sobre a obra no site e repassar o material para outra pessoa a fim de criar uma corrente cultural. Para a publicação destas opiniões foi criado o site www.passeadiantecapitu.com.br. O espaço virtual foi pensado para que anônimos se encontrassem para contar o que acharam da nova produção da TV Globo e também da experiência interativa.
- A TV Globo também promoveu na internet a maior leitura coletiva já realizada de Machado de Assis. O livro Dom Casmurro foi divido em mil trechos, disponibilizados no site www.milcasmurros.com.br, para que internautas de todo o país pudessem ler e gravar os trechos no site. Ao final da ação, haveria no site o registro em áudio e vídeo da íntegra do livro Dom Casmurro lido por mil pessoas diferentes. Para dar o pontapé inicial, personalidades como Fernanda Montenegro, Romário, Camila Pitanga, Maurren Maggi, Regina Duarte, André Abujamra, Fernanda Lima, Elke Maravilha, Roberto Farias e Ferreira Gullar gravaram suas colaborações para o site.
- O ator César Cardadeiro viveu o Pedrinho do programa Sítio do Picapau Amarelo durante três anos e meio, e também já atuou no seriado Malhação.
- Maria Fernanda Cândido já interpretou Capitu no filme Dom (2003), de Moacyr Góes, uma versão contemporânea da obra de Machado de Assis.
- Casseta & Planeta, Urgente! fez uma sátira da minissérie na qual, cansado de ser traído por Capitu (Cláudia Rodrigues), Bentinho (Reinaldo) declara que dará a volta por cima e vai para outra minissérie, a Capeituda, estrelada por Maria Paula.

Trilha sonora:
- A trilha de Capitu conta com músicas originais de Tim Rescala, músicas clássicas, rock de cantores e grupos internacionais, canções brasileiras e músicas da banda nacional Manacá, que tem como vocalista Letícia Persiles, a intérprete de Capitu jovem. A minissérie é embalada, entre diversas outras músicas, pelos sons de Jimi Hendrix e Janis Joplin; pelos acordes metálicos de Iron man, de Black Sabbath; por Cheek to Cheek, cantada por Fred Astaire; pela canção Juízo Final, de Nelson Cavaquinho e Elcio Soares; e por Elephant Gun, da banda Beirut, de Zach Condon, rapaz nascido no Novo México que toca trompete e ukulele (instrumento semelhante a um violão, mas menor), misturando sons do Leste Europeu
com o folk americano. Tema de Bentinho e Capitu, esta canção foi um dos grandes sucessos da trilha.
- A banda Manacá fez, especialmente para a série, uma releitura da música Quem sabe, de Carlos Gomes. A versão roqueira da canção foi produzida por Chico Neves (produtor do grupo Los Hermanos). Também consta da trilha a canção Diabo, hit da banda.


Fonte: Memória Globo

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