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terça-feira, 30 de março de 2010

Luna Caliente



Autoria: Jorge Furtado, Giba Assis Brasil e Carlos Gerbase
Direção geral: Jorge Furtado
Direção de núcleo: Guel Arraes
Período de exibição: 15/12/1999 - 17/12/1999
Horário: 21h30
Nº de capítulos: 3


Elenco:
Ana Paula Tabalipa - Elisa
Bruno Garcia - Braulito
Chico Diaz - Gomulka
Fernanda Torres - Dora
Julio Andrade - Tenente
Laverdógil de Freitas - Motorista de caminhão
Lisa Becker
Nelson Diniz - Detetive Gamboa
Nestor Monastério
Paulo Betti - Ramiro
Paulo José - Inspetor Monteiro
Sergio Lulkin - Preso
Tiago Real - Policial Oliveira
Tonico Pereira - Bráulio Tennembaum
Vanda Lacerda - Maria
Walderez de Barros - Carmen
Zé Adão Barbosa - Homem do guincho
Zé Victor Castiel - Homem do guincho

A Trama:
- Adaptada do romance homônimo do argentino Mempo Giardinelli, a microssérie Luna caliente conta a história dos desdobramentos trágicos que se sucedem a partir do envolvimento de Ramiro (Paulo Betti), de 40 anos, com Elisa (Ana Paula Tabalipa), de 18 anos. Tendo como pano de fundo uma pacata cidade do interior do Rio Grande do Sul, em janeiro de 1970, a trama tem início com o retorno de Ramiro ao Brasil após oito anos de exílio na França.
- Ao chegar, Ramiro revê o amigo Gomulka (Chico Diaz) e lhe pede emprestado seu precioso veículo, um Ford mercury modelo 1946. Ramiro pretende visitar um casal de amigos de longa data, Bráulio (Tonico Pereira) e Carmen Tennembaum (Walderez de Barros), que não via desde que se mudara para a França. Na casa dos Tennembaum, numa noite quente de lua cheia, ele reencontra a filha do casal, a jovem Elisa, que se insinua para o visitante. A moça se mostra particularmente curiosa em relação a sua ex-mulher Dora (Fernanda Torres), que Ramiro deixou na França.
- Apesar de ser convidado a passar a noite na casa de Bráulio e Carmem, Ramiro decide seguir viagem e volta para o carro. Elisa o observa o tempo todo da janela, e ele – alegando que o carro está afogado – aceita pernoitar na casa dos amigos.
- Ramiro fica completamente seduzido pela jovem de ar angelical. Enquanto todos dormem, ele vai ao quarto da moça e a vê seminua. Ela o encara, ele segue até sua cama e, em seguida, estupra-a. Ela ameaça gritar, mas ele a sufoca. Ao vê-la sem vida, Ramiro foge. No entanto, é surpreendido pelo pai da jovem, que, completamente embriagado, pede carona ao amigo até um lugar onde possa beber sem a esposa por perto. O local fica próximo de uma ponte.
- Eles seguem viagem, e Ramiro sente-se ameaçado pelo pai de Elisa, que alega tê-lo visto no quarto da filha. Ramiro, então, agride o amigo, que desmaia. Com a intenção de apagar as provas de seu crime, ele joga o carro da ponte com o outro dentro.
- Na volta para casa, Ramiro pede carona a um motorista de caminhão (Laverdógil de Freitas). Após o acontecido, uma sucessão de erros impede que o protagonista retome sua vida normal. Ele acaba embrenhando-se em caminhos cada vez mais difíceis e incontornáveis, sem nenhuma saída aparente.
- Para surpresa de Ramiro, ele encontra Elisa logo pela manhã em sua casa. Ele pede desculpas, e ela acaba dizendo que havia gostado do que se passou entre eles e que queria repetir. Diz que estava na cidade, junto com sua mãe, apenas para procurar o pai, desaparecido desde a noite anterior. Após insinuar que a bebida era a grande responsável pelo sumiço de Bráulio, Ramiro diz que lhe emprestara o carro em função da insistência.
- Nesse período, Dora chega à cidade para tentar convencer Ramiro a retornar para Paris. Ele não aceita, pois acha que o casamento deles não tem mais volta.
- A investigação do sumiço de Bráulio fica a cargo do inspetor Monteiro (Paulo José), que busca a verdade do seu jeito: colocando Ramiro como principal suspeito e investigando as provas de forma a conseguir evidências de seu envolvimento no desaparecimento da vítima. Sua aparência desgastada e cansada denota a pouca confiança na Justiça da época, durante a ditadura militar. O processo criminal contra Ramiro prossegue, e seu amigo Gomulka assume o papel de advogado de defesa.
- Elisa possui também um irmão, que estuda medicina na capital e só vem em casa nos fins de semana. É o Braulito (Bruno Garcia), a quem conta do assédio de Ramiro. Braulito fica extremamente enciumado pelo relacionamento dos dois, que continua mesmo durante as investigações do assassinato. Descobre-se, também, que Elisa já havia tido relações sexuais com o próprio pai. A moça costuma seduzir todos à sua volta. E é sempre ela, inclusive, quem toma a iniciativa quando encontra Ramiro, deixando-o desconcertado. Eles fazem amor em locais inusitados ou mesmo públicos.
- Durante os depoimentos ao inspetor, provas inquestionáveis da culpa de Ramiro são levantadas. A sua fisionomia, por exemplo, é reconhecida pelo caminhoneiro que lhe deu carona.
- Ramiro acaba sendo preso e é interrogado por Gamboa (Nelson Diniz). O policial se compromete a arquivar o processo, caso Ramiro colabore com a repressão, identificando nas universidades do país os focos de “subversão”.
- Ramiro não aceita a proposta, ao perceber que se tornaria alguém constantemente chantageado pelo Estado em função de seus antecedentes, e prefere ficar preso. Nesse período, Elisa presta depoimento e afirma que Ramiro esteve com ela durante toda a noite do crime. Ele é solto e, viajando de carro com ela para fora do país, pára o veículo no acostamento a fim de satisfazer o voraz apetite sexual da jovem. Elisa, então, morde-o com força repetidas vezes, e acaba sendo enforcada e morta por Ramiro, que enterra seu corpo na estrada.
- No hotel, no dia seguinte, Ramiro é acordado pela recepcionista, que lhe avisa que há alguém a sua procura na recepção. Já certo de que é a polícia que veio prendê-lo, ele desce resignado. Surpreende-se, porém, ao encontrar novamente a imortal e apaixonada Elisa a sua espera.

Produção:
- Com um orçamento de R$ 2 milhões, a série foi realizada em película de 35 mm, sendo exibida somente um ano após sua finalização. O atraso se deu por conta de questões estratégicas da emissora e, também, por problemas em função das fortes cenas de sexo. A microssérie levou 40 dias para ser filmada, entre agosto e outubro de 1998. Foi produzida pela empresa de Jorge Furtado, a Casa de Cinema, com filmagens no Sul do Brasil, nas cidades de Rio Pardo e São Lourenço, próximas a Porto Alegre. Também foram utilizadas como locações estradas e plantações perto de Santa Cruz do Sul.
- Fiapo Barth, que esteve à frente da direção de arte e da cenografia, transformou um antigo engenho de açúcar desativado, construído no século XIX, em base para a construção do segundo pavimento da casa de Bráulio Tennembaum, onde Ramiro se encontra com Elisa. No total, foram 16 locações externas e uma interna, sendo que as cenas externas constituíam mais de 70% da história. Nas cenas da morte de Bráulio, mais de 143 profissionais estiveram presentes, entre equipes de resgate, dublês e efeitos especiais. Já o figurino, também a cargo de Fiapo, propositalmente beirava o mau gosto, vestindo os personagens de forma a revelar a história pessoal de cada um, já que vivem em uma época desatualizada, no interior do país e sem qualquer glamour. A única personagem a destoar desta linha é Dora, que vem de Paris.
- Um importante personagem na série é a própria Lua, que aparece em cena garantindo nuances de realismo fantástico à trama. Para isso, a produção fez uso de três “luas” distintas ao longo do processo de filmagens. A primeira tem aspecto de queijo suíço, sempre bem iluminada e servindo de fundo para algumas cenas, como nas seqüências em que Ramiro dirige seu carro. A segunda “lua” é feita em computação gráfica, que reproduz com exatidão a original. A terceira foi a verdadeira, que participou ativamente das cenas brilhando nos céus gaúchos durante as gravações.
- A fotografia de José Tadeu Ribeiro procurou trazer um clima sombrio às imagens. Através da técnica conhecida como “noite americana”, com a utilização de filtros especiais, foi possível filmar cenas noturnas mesmo durante o dia.

Curiosidades:
- No romance original, escrito em 1983, a trama é ambientada na Argentina de 1974, e a protagonista tem somente 13 anos.
- A escolha da atriz que faria o papel principal se deu após mais de 50 testes. O diretor declarou, em seguida, que a atriz Ana Paula Tabalipa – vivendo seu primeiro papel protagonista – iluminava a tela ao aparecer em cena.
- Luna caliente uniu pela primeira vez os autores Jorge Furtado, Giba Assis Brasil e Carlos Gerbase.
- A produção foi incluída no pacote de títulos vendidos pela TV Globo à Rede Telemundo, tornando-se a segunda maior em audiência entre a população de origem hispânica dos Estados Unidos em março de 2000. Foi também exibida em Portugal e no Uruguai. No Brasil, foi reapresentada em outubro de 2003, durante o Festival Nacional.

Trilha sonora:
- O ritmo intenso das músicas incidentais, compostas pelo produtor musical Roger Henri, são inspiradas em trilhas de espetáculos do Cirque du Soleil.

Fonte: Memória Globo

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