quarta-feira, 31 de março de 2010
Mad Maria
Autoria: Benedito Ruy Barbosa
Direção: Amora Mautner
Direção geral: Ricardo Waddington e José Luiz Villamarim
Direção de núcleo: Ricardo Waddington
Período de exibição: 25/01/2005 – 25/03/2005
Horário: 23h
Nº de capítulos: 35
Elenco:
Ana Paula Arósio - Consuelo
André Bankoff - Operário Alemão
André Frateschi - Enfermeiro Ted
Antonio Fagundes - J. de Castro
Arthur Kohl - King John
Bukassa - Jonatha
Camilo Bevilacqua - Hans
Cássia Kiss - Amália
Cláudia Raia - Tereza
Creo Kellab - Dick
Débora Olivieri - Harriet
Eddie Janssen - Joseph
Edwin Luisi - Mackenzie
Eliana Guttman - Dona Inês
Ester Jablonski - Maria
Evandro Soldatelli - Harold
Fábio Assunção - Richard Finnegan
Felipe Kannenberg - Rapaz Alemão
Fidellis Baniwa - Joe Caripuna
Gabriel Tacco - Alonso
Genézio de Barros - Thomas
Gilbert Stein - Antônio
José Rubens Chacha - Coronel Agostinho
Juca de Oliveira - Stephan Collier
Luciano Chirolli - Adams
Marcelo Serrado - Enfermeiro Jim
Marcos Suchara - Gunter
Milton Andrade - Gustav
Nicolas Rohrig - Operário Alemão
Othon Bastos - Presidente Marechal Hermes da Fonseca
Priscila Fantin - Luiza
Renato Borghi - Rui Barbosa
Tácito Rocha - Vice-Ministro
Tony Ramos - Percival Farquhar
Walmor Chagas - Dr. Lovelace
A Trama:
- Baseada no romance homônimo de Márcio Souza, Mad Maria conta a história da construção da grandiosa ferrovia Madeira-Mamoré, no Norte do Brasil, um dos maiores desafios arquitetônicos do início do século XX. No coração da Floresta Amazônica, foi construída uma estrada de ferro que cortava a selva, modificando a vida daquela região inóspita. A ferrovia atendia a interesses políticos e comerciais de autoridades nacionais e estrangeiras, porém custou a vida de milhares de trabalhadores, que durante anos se dedicaram à construção.
- A narrativa é dividida em dois grandes núcleos principais, separados geograficamente: enquanto uma parte da história se passa no meio da Floresta Amazônica, durante a construção da estrada de ferro, a outra trama tem como pano de fundo o Rio de Janeiro do início do século XX, então capital federal. Através desses dois cenários opostos, Mad Maria mostra o cotidiano dramático dos homens que trabalharam duro para finalizar a ferrovia, contrastando-o com o glamour e efervescência da vida dos políticos e empresários da capital, como o americano Percival Farquhar (Tony Ramos), personagem importante na história.
- O acordo para a construção da ferrovia data de 1903, quando foi assinado o Tratado de Petrópolis, uma vitória diplomática do governo brasileiro para evitar desavenças com o governo boliviano pela disputa do território do Acre. O acordo facilitou o desenvolvimento das relações de comércio e a boa vizinhança. Neste tratado, ficou acertado que o governo brasileiro construiria uma ferrovia em Rondônia, ligando a vila de Santo Amaro à Guajará-Mirim, em troca do estado do Acre.
- Em agosto de 1912, foi concluída a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, com mais de 360 quilômetros de extensão, pela empresa Madeira Mamoré Railway Co., de Percival Farquhar, que comprou de outra empresa a concessão do governo para construí-la. A ferrovia foi criada para transpor as 19 cachoeiras que impediam a navegação no trecho entre os rios Madeira e Mamoré. O objetivo era transportar a borracha produzida na Bolívia até o rio Amazonas e, de lá, ao oceano Atlântico, de onde seria exportada. No entanto, quando a estrada finalmente ficou pronta, a borracha já não dava tanto lucro como antes.
- A história começa em 1911, um ano antes da finalização da estrada de ferro. Na Floresta Amazônica, um triângulo amoroso formado por Consuelo (Ana Paula Arósio), Richard Finnegan (Fábio Assunção) e Joe Caripuna (Fidellis Baniwa) conduz a narrativa. A pianista Consuelo sofre um naufrágio nas corredeiras do rio Madeira junto com o marido, Alonso (Gabriel Tacco), quando tentavam atravessar as perigosas cachoeiras transportando um piano de cauda. Esse era o sonho de Consuelo: levar o piano até Guajará-Mirim, onde ela e o marido tinham uma casa. A travessia era arriscada, mas Alonso queria realizar o sonho de seu grande amor. Com o acidente, Alonso morre, mas Consuelo sobrevive. Desesperada, ela entra no meio da selva e passa a viver dias de angústia e perigo. Fraca, ferida e muito doente, é encontrada pelos operários que trabalham na construção da ferrovia e levada à enfermaria do acampamento. Ali, ela consegue se recuperar do trauma que sofrera e, aos poucos, reinicia sua vida. Inicialmente, Consuelo perde a memória, mas, com o tempo, consegue se lembrar de sua história. Ela conhece Joe Caripuna, um índio que cerca o acampamento de operários, curioso com o movimento em torno da ferrovia. Consuelo aproxima-se de Joe, tornado-se sua grande amiga. Joe se encanta pela bela e doce mulher e passa a adorá-la. No acampamento, Consuelo também conhece o médico americano Richard Finnegan, responsável por salvar sua vida.
- Recém-chegado dos Estados Unidos, Richard Finnegan chega à Floresta Amazônica em 1911 para trabalhar como médico da equipe responsável pelo empreendimento. Quem o estimulou a aceitar o desafio foi Dr. Lovelace (Walmor Chagas), médico da Madeira Mamoré Railway Co., responsável pelo hospital em Porto Velho, principal hospital da região onde se constrói a ferrovia. Lovelace conheceu Richard quando esteve nos Estados Unidos, proferindo uma palestra sobre doenças tropicais. O médico veterano impressionou-se com a vocação do jovem profissional.
- Feliz com o novo desafio, Richard aceita o convite de Lovelade e fica deslumbrado com a beleza e força da Floresta Amazônica. No entanto, ao conhecer de perto as condições dos trabalhadores da ferrovia, entra em choque. O jovem médico acreditava que viria ao Brasil para pesquisar sobre doenças tropicais e salvar vidas. Mas Richard se vê às voltas com atestados de óbitos e doenças incuráveis. Quando Consuelo chega ao acampamento, fica sob seus cuidados, despertando a paixão da jovem pianista. Ele também se apaixona por ela, mas tem receio de se declarar.
- O experiente engenheiro inglês Stephan Collier (Juca de Oliveira) é outro personagem central na história. Ele é um experiente profissional, responsável pelo empreendimento, que tem em seu currículo a construção do Canal do Panamá. Collier sabe que a construção da ferrovia brasileira é o maior desafio de sua carreira, pois além das condições precárias do local, do forte calor, do risco de contrair uma doença grave e da falta de medicamentos adequados, o clima prejudica o andamento da empreitada. Chuvas torrenciais são responsáveis pela destruição do trabalho de dias, desestimulando a equipe. Por isso, ele comanda seus operários com mãos de ferro, chegando a tomar atitudes muitas vezes injustas e desumanas. Seu braço direito é Jonathan (Bukassa Kabengele), líder do grupo de operários de Barbados. Para realizar a grande obra da ferrovia em plena selva, homens de diversos países foram recrutados. Esse é outro motivo de tensão em meio ao trabalho na selva: alemães, chineses, italianos, barbados, entre outros, vivem entrando em conflitos que, muitas vezes, acabam em morte.
- Paralelamente aos desdobramentos na selva amazônica, no Rio de Janeiro, a minissérie apresenta a história de Luiza (Priscila Fantin), uma jovem bonita que vê sua vida mudar inteiramente ao conhecer o influente Juvenal de Castro (Antonio Fagundes). Ministro da Viação e Obras Públicas do Governo Hemes da Fonseca (Othon Bastos), J. de Castro é um homem importante, ético e incorruptível, respeitado no meio político, que almeja ser eleito governador da Bahia. Luiza mora com os pais, Maria (Ester Jablonski) e Antônio (Gilbert Stein), em Mata Cavalo, bairro do centro da capital federal, onde trabalha na venda da família. Um contratempo leva Juvenal de Castro a passar por ali e cruzar com a jovem, por quem fica encantado. Alguns dias depois, Luiza recebe um convite do ministro para ir morar em uma casa em São Cristóvão. A jovem avisa aos pais que está indo embora e parte, convicta de que tirara a sorte grande. Com o tempo, Luiza descobre que J. de Castro é um homem importante, casado há muitos anos com Amália (Cássia Kiss), e pressente que ele nunca irá abandonar a mulher para assumi-la. Insatisfeita, Luiza acaba se envolvendo com um dos maiores inimigos do amante, o empresário mais importante do Brasil, Percival Farquhar.
- J. de Castro vive tentando impedir que Farquhar consiga concessões do governo brasileiro para construir suas empresas no país. O ministro também é contra a obra da ferrovia e declara-se publicamente contrário ao empreendimento, despertando ainda mais a ira de Farquhar. Para chantagear o ministro e conseguir a liberação para suas empresas realizarem obras pelo país, Farquhar decide usar Luiza. Através da cabeleireira Tereza (Claudia Raia), apaixonada por Farquhar, ele consegue seduzir a amante do ministro. Por orientação do empresário, Tereza aproxima-se da jovem, com o objetivo de conseguir informações sobre J. de Castro, e acaba envolvendo-a numa perigosa trama que ameaça o futuro político do ministro. Tereza é uma mulher alegre e romântica, capaz de tudo para agradar seu grande amor, Farquhar, mesmo sabendo que ele jamais a assumirá.
- A notícia de que o ministro tem uma amante se espalha e sua reputação começa a ser questionada nos bastidores da política. Acuado, J. de Castro acaba confessando à mulher que mantém um caso com a jovem Luiza, e Amália, surpreendentemente, diz que estará ao lado do marido para o que for preciso. Amália é uma mulher elegante, discreta e fria. Companheira dedicada de J. de Castro, ela não permite que o marido a toque, e os dois dormem em quartos separados. Apesar da falência na vida conjugal, Amália é a maior admiradora e incentivadora do marido. Ao saber dos rumores sobre a vida privada de J. de Castro, ela o aconselha a agir rápido para não prejudicar sua carreira política. Farquhar consegue suas concessões, e Luiza acaba sendo obrigada a partir com seus pais para Portugal, afastando-se definitivamente do convívio de J. de Castro.
- Enquanto isso, na Floresta Amazônica, o jovem e aterrorizado Richard vai ganhando força e torna-se um líder entre os operários. Ele impõe cuidados e prevenções médicas, como obrigar que todos tomem quinino, único remédio que garante a imunidade contra a malária, e se mostra disposto a lutar pela vida daqueles homens. Richard apaixona-se cada vez mais por Consuelo, mas não se sente seguro para se aproximar. Introspectivo e um pouco tímido, Richard não sabe se ela tem algum interesse pelo índio Joe, que vive a seu lado. O carinho que Consuelo tem pelo índio desperta ciúmes e insegurança em Finnegan. Além disso, o engenheiro Collier vive levantando suspeitas a respeito da relação entre os dois, aumentando ainda mais a confusão na cabeça do médico.
- Consuelo se afeiçoara muito a Joe, que, de fato, alimenta uma paixão por ela. No decorrer da história, ela e o índio se aproximam cada vez mais, principalmente depois que ela o ensina a tocar piano com os pés. Por vingança, um grupo de trabalhadores alemães amputaram as duas mãos do índio depois de descobrirem que ele roubara alguns pequenos objetos do acampamento. No final da minissérie, Joe morre, vítima de tuberculose. Mas apesar da grande atenção que Consuelo tem com Joe, ela o vê apenas como um grande amigo. Seu verdadeiro amor é Richard. Depois de muitas dúvidas e desencontros, Richard e Consuelo finalmente ficam juntos, mas a felicidade dos dois não dura muito tempo. Grávida dele, ela decide fugir, pois não quer atrapalhar seus planos profissionais. A única que sabe do segredo de Consuelo é a amiga Harriet (Débora Olivieri), uma enfermeira casada com um dos engenheiros da Madeira Mamoré.
- Ao saber que Consuelo partiu, Richard fica arrasado. Ele pergunta a Harriet sobre as razões que a levaram partir e para onde ela foi, mas a enfermeira diz que Consuelo não deixou pistas de seu paradeiro. Harriet revela a Richard que ela partiu esperando um filho dele, deixando-o ainda mais triste.
- No último capítulo da minissérie, há uma passagem de tempo. Um índio seringueiro aparece no consultório de Richard, em Porto Velho, e lhe conta que conhecera um menino, chamado Joe Richard, que vive com a mãe, uma linda mulher, no meio da floresta, junto com uma tribo indígena. Richard tem certeza de que é Consuelo e seu filho. Há mais uma passagem de tempo, e a narrativa passa para 2005. Em Rondônia, um guia turístico conta a um repórter histórias sobre a construção da ferrovia Madeira-Mamoré. O repórter pergunta sobre o destino do médico americano Richard Finnegan, e o guia lhe diz que, segundo a lenda local, Richard se embrenhou no mato atrás de sua mulher e nunca mais foi visto.
- Após muitos anos e inúmeras mortes, a ferrovia é finalizada em 01 de agosto de 1912, para felicidade de Farquhar. No entanto, Rui Barbosa (Renato Borghi), advogado e conselheiro do empresário, não tem boas notícias para lhe dar: nesse momento, o Brasil havia perdido o monopólio da borracha e, por isso, a Mad Maria corria o risco de ser abandonada. Farquhar, então, decide comunicar ao presidente Hermes da Fonseca que abre mão da concessão da estrada, desde que receba o que gastou para construí-la, mas o presidente informa que o governo não está interessado na proposta. Farquhar sente-se derrotado e vai à falência.
- Outros personagens importantes na história são os enfermeiros Ted (André Frateschi) e Jim (Marcelo Serrado), que trabalham ao lado de Richard; Mackenzie (Edwin Luisi), um dos diretores do Sindicato Farquhar e representante de seus interesses no Brasil; e Inês (Eliana Guttman), antiga empregada da família de J. de Castro, que vai trabalhar na casa de Luiza, de quem se torna confidente.
Produção:
- A equipe da Rede Globo contou com o apoio do governo de Rondônia, que investiu na recuperação de oito quilômetros da ferrovia, no restauro de uma locomotiva e na cessão de operários, médicos e policiais para acompanhar as equipes de gravação. Ao todo, a minissérie mobilizou cerca de 400 profissionais em Rondônia. As gravações na cidade foram um desafio, cumprido com sucesso pela equipe de produção da minissérie, que começou a pesquisar locação em março de 2004. A direção optou por gravar nos mesmos locais onde se passa a trama original, no pequeno vilarejo de Abunã e na cidade de Santo Antônio, em Rondônia. Foram recuperados oito quilômetros de trilhos da ferrovia original, para reconstruir o acampamento, e a frente de trabalho da construção da Madeira-Mamoré do início do século XX. Foi necessário reconstruir seis quilômetros de trilhos, que estavam soterrados por barro e mato, e reformar a Mad Maria, nome da máquina que há um século abria a estrada de ferro.
- O diretor Ricardo Waddington viajou para Rondônia com equipe e elenco. Todos tiveram que tomar vacinas contra sarampo, hepatite A, difteria, tétano, caxumba e rubéola. Era o necessário para passar cerca de 50 dias gravando em plena Floresta Amazônica. A equipe ficou hospedada no município de Guajará-Mirim, a 160 km do local de gravação. Mais de 450 pessoas trabalharam direta e indiretamente no set de Abunã. O local de gravação ficava a quatro quilômetros da base de produção, e somente nos dois quilômetros iniciais era possível circular de carro. Daí em diante, só a pé ou num pequeno vagão usado para transportar equipamento, alimentação, figurino e etc. Em Santo Antônio, cidade a cerca de dez quilômetros de Porto Velho, foram recuperados dois quilômetros de trilhos e reconstituídas com fidelidade as barracas do acampamento dos operários das obras.
- A figuração era composta por 150 pessoas da região. Os figurantes chamavam atenção pela diversidade de suas características físicas, semelhantes às dos operários que chegaram ao Brasil para construir a ferrovia. Alguns eram descendentes de funcionários da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Ao todo, as equipes de produção, direção e elenco ficaram cerca de dois meses em Rondônia. Em média, 350 refeições eram servidas diariamente, além de frutas e picolés, consumidos nos intervalos das gravações. A quantidade de água consumida pela equipe também chamou a atenção: aproximadamente 35.000 litros.
- Outro desafio da equipe de Mad Maria era recriar o Rio de Janeiro de 1910. As equipes de cenografia e computação gráfica trabalharam a partir de fotos da época e maquetes. Através do recurso de animação gráfica, foram inseridas imagens de pessoas em movimento. O Palácio Monroe, ex-sede do Senado Federal, também foi reproduzido na minissérie. O prédio, que foi demolido na década de 1970, era o local de trabalho do ministro Juvenal de Castro. A fachada e a entrada do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, também serviram como locação para a minissérie. A parte interna foi toda recriada em cenários grandiosos. O corredor que ligava o gabinete presidencial aos demais gabinetes de seus assessores tinha mais de 15m de cumprimento. Outros locais no Rio de Janeiro também serviram de locação para Mad Maria, como o prédio do Tribunal Regional Eleitoral e a Confeitaria Colombo, no Centro da Cidade, o parque da Quinta da Boa Vista e a casa da Marquesa de Santos, também na Quinta da Boa Vista.
- A minissérie também teve cenas gravas nos estúdios do Projac, no Rio de Janeiro. Foi construído um set cenográfico de um bairro no subúrbio carioca, onde morava a família de Luiza, e o bairro de São Cristóvão, onde ficava a casa que Juvenal deu à amante. As casas dos dois bairros foram construídas com arquitetura colonial do princípio do século. A cidade cenográfica de Mad Maria que reconstitui a cidade de Porto Velho em 1910 foi montada em Campo Grande, na zona oeste do Rio de Janeiro. No mesmo local foi produzida uma réplica do Hospital da Candelária, o principal da região, que teve parte de seus 17 prédios reproduzidos em computação gráfica.
- Uma das grandes dificuldades da produção de arte foi descobrir uma foto de Percival Farquhar na época em que se passa a minissérie. Após inúmeras pesquisas, a equipe só encontrou fotografias do empresário muito jovem ou muito velho. A solução foi simular, através dessas fotos, como ele seria, para poder realizar a caracterização de Tony Ramos.
- A maquiagem também teve papel fundamental na produção. A equipe se dividiu em duas, sendo uma responsável pela maquiagem de efeitos. Com técnicas específicas, os profissionais reproduziam os ferimentos, as picadas e as reações alérgicas de diversos personagens da história. A maquiagem de Collier, por exemplo, que ficava com os cotovelos deformados por picadas inflamadas, levava uma hora para ser feita. A de Consuelo, que após o naufrágio do início da minissérie fica muito machucada, demorava duas horas para ser finalizada. Contrastando com as condições precárias da selva, o núcleo dos personagens que viviam no Rio de Janeiro exibia maquiagem e penteados exuberantes.
- Para criar os figurinos, a equipe inspirou-se no período final da Belle Époque e na estética de alguns filmes, como Barry Lyndon, de Stanley Kubrick, O leopardo, de Luchino Visconti, Moça com brinco de pérola, de Peter Webber, e Gangues de Nova York, de Martin Scorsese. Para retratar o estilo conservador dos personagens que freqüentavam o governo, a figurinista buscou inspiração em figuras históricas como o Barão do Rio Branco. O figurino da personagem Tereza chamava atenção pela combinação de cores e valorização de detalhes. Apesar de não ser rica, a personagem usava a criatividade para se produzir de forma alegre e elegante. Para criar o visual do núcleo de trabalhadores da Estrada Madeira-Mamoré, a equipe tingiu as roupas até chegar ao aspecto desgastado e sujo. Além disso, os estrangeiros eram diferenciados através das cores de suas roupas. Entre os chineses, por exemplo, a cor predominante era o azul. Outra curiosidade no figurino dos operários era a calça jeans usada pelo enfermeiro Ted. Americano, ele trouxe a novidade para o Brasil. Consuelo era a única figura feminina do núcleo de Rondônia. Ao longo da história, a personagem passa por diversas mudanças. Seu primeiro figurino é romântico. Num segundo momento, após o acidente com o piano no rio Madeira, ela se veste como um homem, pois não há roupas femininas no acampamento. No final da história, quando a personagem se muda para Porto Velho, ela adota um estilo prático, com roupas leves e claras.
- A abertura de Mad Maria foi produzida a partir de fotos do americano Dana Merrill, fotógrafo que acompanhou todas as etapas da construção da ferrovia, de 1907 a 1912. As fotos selecionadas foram sobrepostas com imagens gravadas pela equipe em Rondônia. Um fio vermelho percorria o caminho dos trilhos da estrada de ferro, simbolizando o sangue derramado na construção do empreendimento.
- A minissérie também lançou mão de efeitos especiais em 3D. Os efeitos foram usados nas cenas de brigas entre os diferentes povos que vieram para o Brasil construir a ferrovia. Em uma das seqüências, um dos operários é decaptado, e, em outra, as mãos do índio Joe Caripuna são cortadas.
- Para dar vida à Consuelo, Ana Paula Arósio precisou aprender a tocar piano, especialmente O guarani, de Carlos Gomes. Ela teve aulas de piano durante dois meses antes do início das gravações.
Curiosidades:
- Mad Maria era um projeto que a Rede Globo acalentava há duas décadas. Há vinte anos atrás, o autor Benedito Ruy Barbosa adaptou o livro de Márcio Souza para uma minissérie. Mas, por falta de recursos técnicos necessários, o projeto ficou suspenso e só veio a ser realizado quase vinte anos mais tarde, em comemoração aos 40 anos da emissora.
- O título da minissérie Mad Maria é uma junção da palavra inglesa mad, que significa louca, representando o sonho ufanista de construir a ferrovia, e Maria, nome das antigas locomotivas movidas a carvão.
- Pela segunda vez os atores Fábio Assunção e Ana Paula Arósio fizeram par romântico em uma minissérie da Rede Globo. Em 2001, eles deram vida a Carlos Eduardo e Maria Eduarda, em Os Maias, minissérie de Maria Adelaide Amaral, baseada na obra de Eça de Queiroz, com direção de Luiz Fernando Carvalho.
- O ator Fidelis Baniwa, que deu vida ao índio Joe Caripuna na história, é da tribo Baniwa – os Baniwa vivem na fronteira do Brasil com a Colômbia e a Venezuela. O ator, nascido em Santa Isabel do Rio Negro, em Igarapé, Amazonas, mudou-se para Manaus para estudar teatro. Mad Maria foi seu primeiro trabalho em televisão.
- O ator Fábio Assunção lembra de um fato curioso sobre as gravações de Mad Maria. Segundo ele, o mosquito transmissor da malária acabou regendo os horários de trabalho da equipe. Como o inseto costuma atacar ao amanhecer e ao anoitecer, a equipe procurava gravar a partir das 8h e nunca passar das 17h.
- Durante a exibição da minissérie, três livros sobre a estrada Madeira-Mamoré foram relançados: Mad Maria, de Márcio Souza, Trem-Fantasma, de Francisco Foot Hardman, e A ferrovia do diabo, de Manoel Rodrigues Ferreira. O livro de Márcio de Souza, sucesso editorial nos anos de 1980, chegou a vender 17.000 exemplares em apenas um mês.
- Em 2005, a Editora Globo lançou o livro Uma saga amazônica através da minissérie Mad Maria, que contava a história da construção da ferrovia e falava sobre os bastidores e produção da minissérie da TV Globo.
Trilha sonora:
- A trilha sonora da minissérie foi orquestrada e dirigida por Alberto Rosenblit. O tema de abertura foi feito por Marcelo Barbosa. Para as seqüências que retratavam a construção da estrada de ferro, Paulinho Santos, do grupo mineiro Uakiti, criou uma trilha especial, assim como para as cenas do Rio de Janeiro, pontuadas por canções de Alberto Rosenblit.
Fonte: Memória Globo
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