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sábado, 27 de março de 2010

O Pagador de Promessas



Autoria: Dias Gomes
Direção: Tizuka Yamasaki
Direção de executiva I: Paulo Afonso Grisolli
Supervisão: Daniel Filho
Período de exibição: 05/04/1988 – 15/04/1988
Horário: 22h30
Nº de capítulos: 8

Elenco:
Aída Leiner
Ana Beatriz Nogueira
Ângela Figueiredo – Alice
Antonio Grassi – Pedro Santana
Carlos Eduardo Dolabella – Dr. Tião Gadelha
Chica Xavier
Chico Tenreiro – matador
Denise Milfont – Rosa
Diogo Vilela – Lula
Emiliano Queiroz – Zarolho
Ênio Santos – Rupió
Ernesto Picollo
Felipe Pinheiro – padre Mário
Gilberto Martinho
Guilherme Fontes – Aderbal
Harildo Deda – Romualdo
Joana Fomm – Marli
Joel Barcelos – Caveira
Jofre Soares – oficial de Caveira
Jorge Cherques – Dom Romário
José Mayer – Zé do Burro
Lúcio Mauro – Dr. Quindim
Maria Silva – dona Coló
Mário Lago – dom Germano
Nelson Xavier – Bonitão
Osmar Prado – padre Eloy
Paulo Barbosa – Felício
Pedro Cardoso – sacristão
Regina Dourado – Branca
Stênio Garcia – seu Dedé
Vicente Barcellos – padre Cipriano
Walmor Chagas – padre Olavo
Yara Cortes – Dagmar
Yara Lins – Dona Teca
Zeny Pereira – mãe Maria de Iansã

A Trama:
- Dias Gomes adaptou a peça teatral homônima de sua autoria para a televisão, em formato de minissérie. A peça já havia sido apresentada anteriormente pela Rede Globo como teleteatro, em 1974, no programa Fantástico.
- O tema central da história é a sobrevivência do homem e sua luta por aquilo em que acredita. O personagem condutor da narrativa é o humilde Zé do Burro (José Mayer), que, inconsolável, assiste ao padecimento de Nicolau, seu burro, vítima de um acidente.
- O ingênuo Zé do Burro é de uma família de posseiros, que luta contra latifundiários, cujo principal representante é Tião Gadelha (Carlos Eduardo Dolabella). Porém, Zé é alheio a esses conflitos e vive num mundo à parte com seu fiel companheiro Nicolau. Ao ver o animal em estado grave e sem responder a nenhum medicamento, Zé decide fazer uma promessa a Iansã, Santa Bárbara, na religião católica: caso o burro sobreviva, ele carregará uma cruz de madeira desde a sua roça, em Monte Santo, no interior da Bahia, até a igreja de Santa Bárbara, em Salvador.
- Após alguns dias de agonia, Nicolau finalmente se recupera. Zé, então, vai pagar a promessa. Ele inicia sua trajetória até Salvador, enfrentando muitas dificuldades pelo caminho. A partir daí desenrola-se a trama da minissérie.
- Zé vive em uma região de grandes conflitos sociais. Em meio a problemas de acesso à terra, vigora uma intensa religiosidade. Aos poucos, a promessa de Zé do Burro acaba sendo vista como panfleto para outras questões. Acompanhado da mulher, Rosa (Denise Milfont), ele chega a Salvador, depois de ter percorrido 350km a pé. Exausto, mas esperançoso, Zé do Burro aproxima-se da porta da Igreja de Santa Bárbara. O que ele não contava é que enfrentaria a oposição do padre Olavo (Walmor Chagas), ligado à ala conservadora da Igreja. Padre Olavo proíbe que o sertanejo entre no templo com sua cruz, porque a promessa havia sido feita a Iansã, num centro de candomblé. Inconformado, Zé do Burro se recusa a aceitar a proibição, afinal, ele é um homem íntegro, trabalhador e fiel a Deus. Obstinado em sua fé, Zé do Burro decide acampar em frente à igreja e diz que só sairá dali após cumprir sua promessa.
- A notícia se espalha. Em pouco tempo, o povo adere à causa do peregrino, e Zé do Burro começa a ganhar destaque. Além disso, o jornalista Aderbal (Guilherme Fontes) se interessa pela história e dá à promessa de Zé do Burro uma conotação política. Com o passar dos dias, no entanto, ele entende melhor a ingenuidade daquele homem e continua a lhe apoiar. O que deveria ser um simples ato de fé toma proporções gigantescas. De um dia para o outro, Zé do Burro é visto como santo e mártir. Cada segmento da sociedade passa a ver o simples homem da maneira como lhe é conveniente. Ele conta com o apoio popular, especialmente dos simpatizantes do candomblé.
- Em meio à enorme decepção e à dificuldade em compreender os motivos de tanto conflito, Zé do Burro ainda vê Rosa ser seduzida pelo gigolô Bonitão (Nelson Xavier). Para piorar a situação, a prostituta Marli (Joana Fomm), com ciúme de Bonitão, provoca uma briga com Rosa, e as duas se tornam inimigas.
- A situação faz com que o presbitério se reúna, sob a liderança de dom Germano (Mário Lago). De um lado, alguns padres defendem que Zé do Burro é apenas um homem do povo que quer cumprir uma promessa. De outro, muitos vêem naquela atitude uma conotação política, além de criticarem o sincretismo religioso do peregrino. O último capítulo da minissérie se passa no dia de Santa Bárbara, quando fiéis iniciam uma procissão por Salvador, comandada por Padre Olavo. Ao ver a multidão caminhando em direção à igreja, Zé decide se misturar a eles para tentar entrar no templo e, finalmente, cumprir sua promessa. Mas a tentativa é em vão, pois Padre Olavo fechas as portas para ele novamente.
- A polícia cerca a igreja, e inicia-se um grande tumulto. O inescrupuloso policial Zarolho (Emiliano Queiroz) agita a multidão e insiste em prender Zé do Burro, que não se deixa levar. Em meio a uma briga em plena escadaria da Igreja de Santa Bárbara, ouve-se um tiro. Zé do Burro fora atingido, para desespero de Rosa. Enquanto a polícia e o padre Olavo desaparecem, ela chora sobre o corpo de Zé, que morre sem conseguir cumprir sua promessa.
- Destaque também para Padre Eloy (Osmar Prado), de Monte Santo, adorado pela comunidade, que apóia os trabalhadores e sofre duras represálias das autoridades locais. Ao longo da trama, ele morre assassinado. O vendedor ambulante Seu Dedé (Stênio Garcia) também é um personagem forte na trama. Ele fica ao lado de Zé do Burro até o final de sua triste saga.

Produção:
- As gravações da série foram realizadas ao longo de dois meses, em Monte Santo e Salvador, na Bahia, onde a equipe de produção instalou-se durante o período.
- Para compor o personagem Zé do Burro, o ator José Mayer passou um mês em Monte Santo, morando numa casa simples, convivendo e cuidando do burro com o qual contracenava. José Mayer incorporou o personagem de tal forma que as pessoas da cidade chamavam-no de Zé do Burro.

Curiosidades:
- A história de Dias Gomes já havia sido adaptada para o cinema em 1962, pelo diretor Anselmo Duarte, com grande sucesso. O filme, que tinha no elenco Leonardo Villar (Zé do Burro), Glória Menezes (Rosa) e Dionísio Azevedo (padre Olavo), é até hoje a única produção brasileira a ser premiada com a Palma de Ouro no Festival de Cannes. O pagador de promessas também recebeu uma indicação para o Oscar, na categoria de melhor filme estrangeiro. Antes de ter feito sucesso no cinema, porém, o texto de Dias Gomes causou grande impacto em 1960, no Teatro Brasileiro de Comédia, em São Paulo, quando foi levado aos palcos, com direção de Flávio Rangel.
- A minissérie sofreu cortes da Censura Federal. Por isso, embora concebida em 12 capítulos, ficou com apenas oito. O maior problema com a censura foi a abordagem política. As referências à luta contra os grandes proprietários de terra tiveram que ser suprimidas. A minissérie foi levada ao ar durante a Constituinte, instaurada em 1986, e uma das questões mais delicadas em discussão no Congresso era a reforma agrária. Outro tema polêmico era o conflito entre os padres progressistas e os padres conservadores, representados respectivamente por padre Mário (Felipe Pinheiro) e padre Olavo.
- Com essa minissérie a diretora de cinema Tizuka Yamasaki estreava na televisão.
- O ator José Mayer considera a minissérie um dos seus melhores trabalhos na TV. Ele conta que estava passando pelos corredores da emissora, quando ouviu alguém conversando com Dias Gomes pelo telefone. José Mayer sabia que o projeto de O pagador de promessas estava em andamento e ele tinha enorme vontade de estrelar a minissérie. Num ímpeto, decidiu interromper o telefonema e pediu para falar com Dias Gomes. Apresentou-se ao dramaturgo e pediu o papel. Dias Gomes titubeou, mas depois da insistência do ator, pediu ao diretor Paulo José que fizesse um teste com ele. Ninguém o via escalado para o papel, mas José Mayer não desistiu. Depois do teste com Paulo José, o ator conquistou o personagem protagonista da história.
- Para a caracterização de seu personagem, José Mayer trocou roupas e adereços novos por peças e objetos pessoais dos moradores de Monte Santo, na Bahia.
- A minissérie foi reapresentada entre maio e junho de 1991, no Vale a pena ver de novo, e em 1999, em homenagem a Dias Gomes, que falecera naquele ano.
- O pagador de promessas foi vendido para diversos países, entre eles Angola, Austrália, Cuba, Eslovênia, Finlândia, Hungria, Nicarágua e Portugal.

Trilha sonora:
- A trilha sonora de O pagador de promessas merece destaque. Especialmente compostas por Egberto Gismonti, as músicas eram interpretadas pela Orquestra Transarmônica D’Amla de Omrac. O tema de abertura era Iluminada.

Fonte: Memória Globo

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